aninha 14/01/2022
Ainda não acredito que isso é uma ficção.
UAU. Temo não ter um coração e uma mente que sejam dignos de exprimir o quão cativante esse livro é. Ainda que lendo "ficção literatura inglesa", não consigo crer que todos esses eventos, todas essas pessoas e todas essas paisagens sejam fictícias. O mais próximo ao contentamento que consigo chegar é a crença de que essa "enemies to lovers" trope tenha ocorrido com alguma moça espertinha do século XIX e um aristocrata orgulhoso, que perdeu toda a sua compostura com a impertinência (ou melhor, "vivacidade da inteligência") da mesma.
Não li a sinopse antes de comprá-lo e não podia ter tomado decisão mais sábia. Não lembro o que me levou a adquiri-lo em primeiro lugar, mas descobrir que era um "Enemies to lovers" na cena em que Darcy se encontra admirado por Elizabeth foi maravilhoso. Admito ter criado um considerável *preconceito* (hahshahjs) com a primeira parte do livro, que considerei um pouco rebuscada, sendo completamente ignorante ao fato de ser um clássico.
Não sei se é impressão minha ou fluidez por parte da história, mas o enredo se tornou muito mais limpo e entendível em transição com a centésima página, precisamente.
É incrível como "Orgulho e Preconceito" não é previsível, mas atende a todas as nossas expectativas; é como se tudo que precisasse acontecer acontecesse!
Alguns consideram uma falha, já eu, encho minha boca para enaltecer a ausência de descrição da fisionomia dos personagens. Há muitas presenças a todo tempo da história. Acredito que se tornaria tanto quanto maçante a descrição dos pormenores de cada (nível Sr. Collins). Além disso, esse fator dá a liberdade ao leitor de imaginar a figura com base, apenas, na redação dos sentimentos da aparência e personalidade em passagens que denotam "Não haver jovem mais bonita que Jane", "Os olhos negros de Elizabeth", "Charlotte não ser tão bonita", "A saúde de Srta. De Bourgh", "A beleza e altura do Sr. Darcy", etc.
Ah, Jane! Austen e Bennet. Tão delicadas e singelas. Escrita de uma louvável romancista com pinceladas de realismo. Como é delicioso passear pelas colinas coroadas de bosques e imergir nas danças dos saraus, a ponto de ouvir suas peças e as desastrosas, porém amáveis, melodias da Mary, com a escrita de Jane Austen.
De primeira mão, senti falta do romance ao final do livro, mas compreendi que nele se encontram de forma ainda mais presente aquelas marcas realistas. Para um relacionamento de época, os dois personagens tiveram um engajamento digno de apreciação. É importante levar em conta a passagem do tempo e as circunstâncias que levaram Darcy se tornar mais gentil, resultando no perdão de Lizzy, que é muito bem explicado, por sinal! Acompanhar o desenrolar do relacionamento e o desmentir dos conflitos foi deveras instigante.
Darcy era um admirador de Elizabeth, o que não era de se admirar, pela frequência com quem se encontravam. É engraçado como a timidez dele é retratada, dá vontade de dar um cascudo nessa cabeça oca: mesmo que ficasse perto de Elizabeth, não conseguia trocar uma palavra sem se sentir constrangido.
Não cometam o mesmo erro que eu ao ler com pressa. Desfrutem de cada palavra e valorizem cada linha ou capítulo, vai fazer muita diferença no decorrer da história, para que você chegue no final com a esperança de que não torne a se cegar pelo preconceito.
? Mas, se não captar o seu aspecto agora, talvez nunca mais apareça outra oportunidade.
? Eu jamais me oporia a qualquer prazer de sua parte ? respondeu ele com frieza.