Resenhas - Reparação

Gabriela Gonçalves 25/11/2023

Que leitura incrível! Eu não consigo traduzir em palavras o quanto esse livro é maravilhoso. É um trabalho sensacional de domínio sobre a escrita, a narrativa e todos os elementos literários. Uma verdadeira aula de literatura para todos que gostam de ler e escrever. A história é tão bonita e triste ao mesmo tempo. E esse título (fica muito mais poético e emocionante no português do que no inglês, "atonement") é exatamente tudo o que o livro e a literatura significam. Não sei mais o que dizer sem dar spoiler '-' Apenas leiam e vocês não irão se arrepender! Prestem atenção em cada escolha de palavras, como cada coisa é dita, as escolhas narrativas de quem escreve... Deliciem-se com a escrita potente do Ian, que consegue desatar sentimentos emaranhados e colocá-los em ordem com as palavras. LEIAM!!!

bwinstonn 25/10/2023

"VOU ESPERAR POR VOCÊ. VOLTE."
Terminei essa leitura sem palavras.

Esse livro é o exemplo de como mentiras, fantasias e suposições destroem a vida de alguém - como a reparação é muitas vezes impossível de ser alcançada e sem ela restam apenas arrependimento e culpa. Finais felizes as vezes são apenas obras de ficção, a realidade é bem mais triste, bem mais difícil de ser engolida.

Já conhecia muito bem o enredo da história porque muitos anos atrás havia assistido ao filme "Desejo e Reparação", no qual o livro foi adaptado. O filme já nos causa aquela sensação de destruição interna conforme nos damos conta do que realmente aconteceu, e posso afirmar que o livro torna isso ainda mais intenso.

No início, achei tudo muito arrastado, com narrações sobre clima, ambientações e muitas outras coisas que eu achei que não eram relevantes, pensei até em deixar a leitura de lado. Mas insisti e foi a melhor decisão que tomei, porque cada detalhe compõe cenários tão realistas que é como estar realmente vivendo os acontecimentos.

Cada detalhe desperta sentimentos diversos. Vale muito a pena.

Rogers.Silva 23/10/2023

Uma preciosidade...
O dia mais quente de 1933, uma mansão em decadência, uma família decadente e uma nova guerra iminente, esse é o cenário inicial de Reparação.

A jovem Briony é uma criança criativa, solitária e ciente do quão talentosa é em criar histórias e narrativas. Após um momento de frustração acaba presenciando uma cena estranha envolvendo sua irmã mais velha, Cecília, e o filho da arrumadeira da casa, Robbie, provocando nela uma série de conclusões precipitadas. As conclusões de Briony a levarão a cometer um crime ao acusar Robbie de uma violência que ele não cometeu, mudando assim a vida de todos a sua volta.

Anos depois, Briony busca reparar seu erro e de alguma forma consertar o que talvez não tenha mais conserto.

Livraço! Terminei a história tão chocado e melancólico, que ainda sinto que não superei o que acabei de ler. Precisarei de um bom tempo ainda, mas é inegável a capacidade impressionante de Ian McEwan de contar uma boa história com inteligência, sensibilidade e muita poesia nas construções de suas personagens tão complexas.

Dani (@danimoura1) 21/10/2023

Genial
"... deixo os jovens apaixonados viver e ficar juntos no final".

A construção dessa história é de uma genialidade absurda. Estou completamente obcecada por esse livro e quanto mais penso nele, mas ele cresce... são tantas camadas! É definitivamente uma obra prima.

jamilidepaula 20/10/2023

A história de um vaso histórico, visto (ou não) de vários pontos de vistas e que, num acidente, se quebra. então ele é reparado com uma cola qualquer que até engana, mas se olhar bem de perto saberá que ele pode desabar do nada e deixar de existir como tesouro e ser só um amontoado de cacos.

Lai ( : 19/10/2023

O vaso... o vaso...
Assim como aconteceu com o vaso logo no início do livro, não há reparação que dê conta de juntar os cacos, de amenizar os estragos. Não consigo não julgar a Bryoni, nem consigo sentir dó, embora tenha entendido que ela carregou algum peso pelo que fez.
A escrita é maravilhosa. Nunca tinha lido Ian McEwan. Gostei bastante, a Parte II parecia um filme enquanto eu lia de tão vívidas as imagens que as palavras desenharam em minha mente..

Bruna.Bandeira 17/10/2023

Que escrita!
Texto impressionante, narrativa magistral! Os personagens são bem construídos e a história é simplesmente maravilhosa. Nos lembra de pensar sempre na consequência de nossos atos.

Kami 17/10/2023

Tenho muitos sentimentos ambíguos sobre a narrativa e modo de escrita do livro. Estava com receio de começar por medo de ser uma história densa (que é) e difícil de ler, mas me surpreendeu bastante porque superou totalmente minhas expectativas. O que eu acho mais incrível é a falta de confiança que se deve ter com os pontos de vista, já que são bem subjetivos, não tendo como verdade muito dos relatos de cada um. Em comparação com o filme, fiquei com muito mais raiva da Brionny, já que se vê muito mais os sentimentos dos personagens. É preciso muita cautela com a história e, por isso, a torna tão incrível.

nadia 15/10/2023

Expiação
É realmente surpreendente, e relembrar o livro já sabendo o final é melhor ainda. Acho muito interessante para se pensar a escrita não apenas de forma técnica, mas como método de elaboração. Conseguir finalmente falar sobre algo difícil através da escrita, expor o que se sente, o que se fez.

No mais, estou devastada.

Aline 15/10/2023

Reparação
História dividida em três partes, mais uma para concluir. Forte presença de fantasia infanto-juvenil, com características da fase como traquinagens, descobertas e curiosidades sobre a vida, porém ao mesmo tempo muitas vezes imaturos, irreverentes e impróprios. A segunda parte, é marcada pelas consequências, dos atos e decisões erradas, irreparáveis, que podem levar a dores e sofrimentos, sem volta. Atos inconsequentes, irresponsáveis e anti-éticos. A terceira parte, mostra como o tempo não perdoa as más escolhas, o quão a culpa, o remorso são duradouros, assim como as marcas são para todo o sempre. A última parte acrescida, leva ao desfecho explicativo e descritivo de uma vida que se foi... Enfim, refletimos o quão responsável somos por nós mesmos e pelos outros, o quanto podemos transformar histórias para o bem e para o mal, o quão a falta de certeza, a imparcialidade é perigosa. Pontos de vistas, devem ser considerados ao mesmo tempo que, tratados como um ponto de vista entre muitos outros existentes, dependendo do lugar que se fala, do lugar que se vê, do lugar que se ouve, do lugar que se vive.

Karla Nascimento 13/10/2023

Repare meu psicológico, Ian McEwan
Demorei o máximo que pude nessa leitura, sobretudo porque sabia o soco no estômago que inevitavelmente alcançaria-me ao fim, mas também porque gostaria de viver para sempre numa casa de campo de Surrey no verão de 1935. Com uma prosa belíssima, nos é permitido dissecar essa cena, bem como sua inevitável consequência, de três ângulos diferentes, que contrastam a inocência e a urgência que move as personagens. Simplesmente não sei fazer resenhas que não sejam impressionistas, portanto vou parando por aqui.

Ludmilla 13/10/2023

Um dos livros que mais gostei esse ano. Quando você mergulha no enredo, não dá vontade de parar. Um drama psicológico muito bom.

skuser02844 08/10/2023

Um livro sobre julgamentos precipitados? Sobre certezas injustificadas? Pode uma menina de 13 anos ter tanta credibilidade assim? pode se for conveniente? Um livro sobre os horrores da guerra, sobre machismo, sobre preconceitos sociais. E sobre culpa. Sobretudo sobre culpa. Como viver com a culpa? Seria possível reparar um mal que causou tão profundos e dolorosos prejuízos? Na vida real provavelmente não, impossível apagar o que se viveu. Mas na literatura tudo é possível. O que fazem os romancistas senão brincarem de deuses e deusas e darem aos seus personagens o sopro da vida através de suas histórias. Um livro belíssimo, triste, envolvente, com um final que explodiu minha cabeça. Cinco estrelas e um dos favoritos da vida.

Pugli_ 08/10/2023

O livro é um dos melhores que já li, não tem como não ficar imaginado o que possa acontecer, nem torcendo pra que tudo se resolva... Mas admito que a segunda parte foi um pouco difícil de vencer. O final, realista como não estamos acostumados, mas valeu a leitura

Diego Rodrigues 29/09/2023

"Não há reparação possível para Deus nem para os romancistas [...] desde o início a tarefa era inviável, e era justamente essa a questão. A tentativa era tudo."
Inglaterra, anos 30. Em meio às tensões da iminente guerra, uma família tradicional inglesa se reúne em sua casa de campo. O encontro é marcado por um calor escaldante, drinques refrescantes, jantares suntuosos, e claro, relações complexas, afinal, toda família tem as suas rachaduras e nem mesmo os Tallis escapam a isso. Caçula da família, Briony encontra-se naquela estranha fase, perdida em algum ponto entre a infância e a adolescência. Incapaz de compreender os meandros da vida adulta e dotada de um egocentrismo exacerbado, busca resposta para tudo em sua fértil imaginação e isso leva a uma série de interpretações equivocadas que desembocam em um trágico desfecho. A partir desse ponto, Briony passará o resto de sua vida tentando reparar o dano que causou. Mas será isso possível?

Publicado originalmente em 2001, "Reparação" é um drama psicológico que tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. McEwan constrói aqui uma intrincada narrativa na qual os personagens são ricamente trabalhados no campo psicológico, onde muitas vezes teremos um mesmo acontecimento sendo narrado através de diferentes pontos de vista, evidenciando o quanto somos complexos e distintos enquanto humanos. Mas o primor narrativo não fica só por conta disso, é também um livro repleto de ambiguidades e que irá suscitar dúvidas na cabeça do leitor em diversos momentos, sem nunca deixar de prendê-lo. Não sou adepto do "zero spoilers" - acredito que, se um livro é bom, sobreviverá a eles -, mas, neste caso em específico, quanto menos sabemos, mais intrigante se torna a leitura. Por isso, não vou me ater muito a trama aqui.

O desfecho de "Reparação" é simplesmente arrebatador! Difícil falar sobre, pois é um final que muda completamente a perspectiva sobre TUDO o que foi lido e que nos convida a uma reflexão sobre o poder da literatura e também as suas limitações. Esteticamente, é um livro impecável e um belo exercício de metaficção, ideal pra quem gosta de pensar literatura. A obra angariou inúmeras nomeações para importantes prêmios literários e recorrentemente aparece em listas especializadas de melhores romances do século XXI. Em 2007, ganhou uma aclamada adaptação cinematográfica pelas mãos do diretor britânico Joe Wright, concorrendo a nada menos que sete categorias no Oscar do ano seguinte, das quais infelizmente só levou uma.

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