spoiler visualizarEmmilyvaladarescabral 21/12/2022
Comovente. Sensível. Sucessão de abandono e exílio. Onírico.
Que livro, meus amigos!! Que livro... E aquela capivara?!!
Com armas sonolentas de Carola Saavedra tocou a minha alma, mexeu com o meu ser e elevou meu espírito para outra dimensão (é sério!!). Que baita surpresa.
Quando recebi esse livro da Tag Curadoria, não dava nada pra ele, não esperava muita coisa, na realidade, achava que era ?mais do mesmo?. E eu estava completa e totalmente errada. Ainda bem.
O livro, dividido entre o ?o lado de dentro? e o ?lado de fora?, aborda acerca da história de três mulheres, Anna (aspirante a atriz), Maike (jovem alemã) e a avó (sem nome, sem identidade). Embora pareça, inicialmente, que não há nenhuma relação entre as personagens, elas possuem relação sim, são parentes: mãe, filha e avó. Suas histórias são tristes, fortes, todas tiveram que passar por tantas situações angustiantes, conflitantes, pesadas (principalmente a avó), havendo uma sucessão de abandono e exílio ? tudo isso com uma densa carga de realismo onírico.
Além disso, também há o enfoque para diversos temas que acho muito interessantes: como as questões de gênero, classe e raça determinam o rumo da vida da pessoa; maternidade indesejada e a pressão exercida pela sociedade patriarcal e ainda muito machista; a violência de gênero e a violência contra os pobres; a persistência da escravidão ainda nos dias atuais, entre outros.
O desfecho, pra mim, foi um choque, mas foi sensacional. Eu chorei horrores, me envolvi demais e quando percebi que muita coisa não tinha acontecido, que não passava de um sonho ? do realismo onírico da autora, eu fiquei ao mesmo tempo feliz e frustrada. Um misto de sentimentos.
Enfim, tornou-se um dos livros favoritos da minha vida e eu recomendo fortemente a leitura!!
? Citações:
?Gostamos de imaginar que somos livres, completamente livres, mas isso não passa de ilusão, somos a nossa herança, uma herança gravada nas palavras de nossos ancestrais."
"(...) e veio-lhe então um pensamento mais esquisito ainda, e se o início era só uma palavra, o que garantia que ela não perderia, de um momento para outro, o seu significado? quando aqueles que a compreendiam deixassem de existir (...) Afinal, o que a diferenciava da avó, que certeza ela tinha da própria existência?"