Natália Tomazeli 16/02/2019Vida longa aos que leem esse livro!"Não há nenhum segredo. O truque é simplesmente viver."
"Ele se deu conta de que uma pessoa sábia não deve ignorar os prazeres. Pode viver com eles, mas deve se manter o tempo inteiro consciente de quanto é fácil ser escravizado por eles."
Eu tive uma experiência bem pessoal com essa leitura, bem pessoal mesmo! Pra mim, mais do que um livro sobre como ter uma vida longa e feliz, foi um livro sobre como praticar hábitos de autocuidado e saúde mental. Com certeza, em relação aos conteúdos e informações, esse é um livro que pode não ser novidade para muita gente que já está habituada ao gênero, mas para mim, livros de "autoajuda" são novidade e tudo o que eu acabo lendo agora de início, é meio deslumbrante demais. Eu me descobri uma leitora que curte demais os livros do gênero e considero que "Ikigai" é um livro base (ou básico) para iniciar a leitura de livros de auto-ajuda, pois tem uma linguagem simples e uma dinâmica de narrativa muito envolvente. Eu acho que o livro não quis dar as respostas para tudo também, eles acabam dando uma pincelada mais no geralzão e se aprofundam nas temáticas chave, sem ficar massante, e também para que você possa usar o cérebro um pouco e tirar suas próprias conclusões, achar seus próprios caminhos.
Aqui na nossa cultura da América (inteira) temos uma relação muito conturbada com o envelhecimento. Achamos que é uma das piores coisas que poderia acontecer com a gente. Temos uma visão da velhice como sendo um período de impotência e incapacidade, onde o ser humano vira uma ameba sem função aparente. Invisibilizamos os idosos e colocamos eles numa caixinha onde eles não podem fazer muitas coisas só porque agora estão "velhos demais". Só que isso tudo diz muito mais sobre a gente do que sobre "ser velho" em si, e gosto muito sobre como esse livro vem para quebrar essas idéias consagradas na nossa cabeça, ao mesmo tempo que questiona nosso rumo ao mesmo caminho fadado ao caos e sofrimento da velhice americana.
Será que é necessário passar por isso mesmo ou isso foi construído socialmente aliado a vários vícios comportamentais que nos levarão a ruína, tanto novos quanto velhos? Será que é tudo "coisa de velho" mesmo, ou é nosso estilo de vida quando jovens que nos leva a esse destino? Será que estamos construindo uma velhice boa, ou estamos presos em um sistema onde somos guiados apenas por vontades alheias a nós? Estamos vivos para fazer o que nos faz sentir bem e em paz, ou para ficar reproduzindo hábitos porque "sempre foi assim mesmo"? Hábitos são necessidades ou é eu que tô achando necessário criar esse conceito para não ter que sair da minha "zona de conforto" que nem é tão confortável assim? São muitas perguntas bacanas que dá pra extrair dessa leitura, real!
E é claro que outro aspecto que eu amei muito nesse livro, foi a inserção da cultura japonesa de alguma maneira no enredo. Adoro quase tudo o que tem relação com o Japão, então gostei muito de ler sobre, apesar de ser uma visão de pessoas daqui do ocidente. Uma das melhores partes é quando eles estão em Ogimi, foi uma das que eu mais gostei, com certeza! As entrevistas, ahhhh!! (sem spoiler rsrs).
Não posso esquecer de falar sobre a parte da alimentação, que é um tiro na cara de todo mundo que mora aqui na América e acha que tá abalando, comendo essas porcarias de comidas industrializadas em TODA REFEIÇÃO! Eu adoro essa massagenzinha no ego de ler nos lugares e de "fontes confiáveis" algo que eu vivo jogado na cara de todo mundo, mais ninguém dá importância porque "ah eu não vivo sem meu queijinho" aham, tá... rsrsrsrs
"Em termos diários, descobriu-se que fazia parte da dieta dos centenários uma média de dezoito alimentos diferentes por dia, o que contrasta com a pobreza da nossa cultura do fast-food."
"Os nativos comem uma variedade de alimentos muito grande, sobre tudo de origem vegetal. A variedade parece ser bastante importante nesse ponto. Um estudo realizado com centenários de Okinawa revelou que eles consomem 206 alimentos diferentes de forma regular, incluindo especiarias."
As reflexões que esse livro traz de como a vida pode ser uma merda e de como ela pode ser tranquila e pacifica, somente mudando simples hábitos e evitando outros, foi o que mais mexeu comigo. Quero por em prática vários dos ensinamentos do livro, principalmente no que diz respeito ao "estado de fluir" e sobre como focar mais em uma atividade ao invés de fazer várias (mal feitas) ao mesmo tempo ou de maneira alternada. Enfim, acho que não vou ficar falando tanto, é um livro para se ler e ter uma experiência de aprendizado, ainda mais se você é super leigo no assunto, como eu!
"Ler é uma das atividades humanas durante a qual mais pessoas entram no estado de fluir todos os dias."