Vanessa1409 05/10/2023
Um Mundo Surreal em meio às Batalhas
Com um vocabulário rico, elegante e inteligente, usando linguagem coloquial de fácil entendimento ? tendo uma ou outra palavra insólita que, aos novatos da literatura, clama por um dicionário ?, o texto de J. R. Ward é fascinante. Os jogos de palavras nos conduzem ao mundo de sonhos criado pela autora de forma sedutora, tornando quase que impossível desviar os olhos das letras no livro estampadas. Descrições sucintas, rápidas e precisas, suficientes para a imaginação projetar cada cena. O número de páginas é grande, mas a leitura flui prazerosamente, é o tipo de escrita que nos prende. Notei a discrepância da autora ao narrar com ênfase extasiante o enredo dos vampiros, enquanto a Sociedade Redutora ganhava um ar carregado, quase arrastado. Se esse era o ponto, acertou no alvo! Na primeira vez que li, odiei o Sr. X, e todas as cenas com ele me pareciam enfadonhas. Agora, talvez com a maturidade literária, passei a gostar. É um inimigo digno da Irmandade. Tudo seria fácil demais sem ele. Os personagens foram bem construídos, todos com suas idiossincrasias que os tornam únicos, fortes. Até mesmo o detetive humano, Butch ? Brian O?Neal ?, deixou sua presença altamente marcante nas páginas do mundo vampiresco de J. R. Ward. Wrath, o rei cego, o vampiro de sangue mais puro, seduz com sua fúria perigosa e altamente nociva. Contudo, no desenrolar da trama, seu amor por Beth lhe quebranta o coração, rendendo-se à sua leelan ? termo carinhoso do antigo idioma vampiresco usado pelos guerreiros em determinadas cenas, algo que, traduzindo, aproxima-se por ?muito amada?, conforme explicação no glossário inicial do livro. ? Beth é diferente das mocinhas dos textos sobrenaturais. Ela não é a frágil menina inocente encantada pelo mundo dos bebedores de sangue. Pelo contrário, Beth é forte, corajosa e determinada. Sua única fragilidade é o corpo meio humano, que está prestes a passar pela transição que a transformará na criatura da sociedade que os guerreiros tanto defendem: uma vampira. As descrições das armas (adagas e hira shuriken), dos carros e de todo o ambiente que ronda a Irmandade são sucintamente bem detalhadas (discrepantes, porém, coerente, porque a autora fez uma rápida explanação com diversas e importantes informações, sem se estender além do necessário), mostrando a elegância de um mundo surreal em meio as batalhas.