Queria Estar Lendo 24/04/2017
Resenha: Caraval
Bem-vindos, bem-vindos ao Caraval! A história complexa e deslumbrante que fala de um jogo, ou talvez de muito mais do que isso. Da estreante Stephanie Garber, esse é um livro fantástico do início ao fim. Sombrio e audacioso, mescla loucura e magia com uma narrativa impactante e cheia de emoções.
Scarlett sonha em conhecer o Caraval. É uma atração fantástica que arrebata apreciadores todos os anos, e ela envia cartas desde pequena para que o Mestre Lenda traga Caraval para sua morada. Ele nunca respondeu, e a atração nunca apareceu ali. Até que uma carta chega para ela junto a três convites, e, nessa carta, Lenda a convoca como sua convidada especial. Scarlett acaba embarcando para Caraval por causa da irmã, que anseia por fugir do controle aterrorizante que o pai tem sobre elas. Ao chegar na ilha misteriosa, nada é como Scarlett imaginava; Caraval é um jogo e um enigma, e ela precisará desvendá-lo para salvar a vida da audaciosa irmã.
"Os portões fecham à meia-noite. Qualquer pessoa que chegue depois disso não será capaz de participar do jogo, nem de conquistar o prêmio deste ano, que é de um desejo."
A editora Novo Conceito cedeu o e-book do seu próximo lançamento para que os blogs parceiros pudessem conhecer e falar sobre a história antes que ela chegue às livrarias, e que os deuses os abençoem por isso!
Caraval é uma história sombria, tempestuosa e cheia de pequenos segredos criados para te enganar. A narrativa se desenvolve através de Scarlett, de sua ingenuidade e seus sonhos contidos, da ideia de aceitação e submissão à qual foi forçada para impedir que coisas ruins acontecessem à ela e a à sua irmã. Scarlett é uma personagem bem interessante exatamente pela jornada de redescobrimento, quando ela começa a se encontrar nos sonhos que esqueceu e nos que escondeu. Criada por um pai cruel, abandonada pela mãe e forçada a baixar a cabeça diante dos horrores para que mais horrores não se abatessem sobre sua irmã Donatella, uma vez em Caraval, Scarlett é forçada a confrontar coisas longe da sua zona de conforto. A menina amedrontada com os próprios terrores, que vê cores nas emoções e espera por um futuro menos sombrio, vivencia a magia em todas as suas nuances.
"O que quer que tenha ouvido sobre Caraval não se compara à realidade. É mais do que só um jogo ou apresentação. É a coisa mais parecida com magia que você verá neste mundo."
Adorei como a autora criou essa fragilidade sobre a protagonista. Fraca e facilmente domável pelo medo, ela escapa dessas correntes conforme entra mais e mais fundo no jogo sombrio ao qual foi convidada. Scarlett está ali para salvar a irmã impetuosa, sim, mas também está ali por ela mesma - e é descobrindo isso que sua personalidade se torna evidente. Ao confrontar a ideia de que a liberdade é mais do que apenas o que ela espera, que pode desejar e lutar por coisas melhores, que Scarlett se torna uma personagem tão autêntica. Todo o crescimento dela na narrativa foi bem trabalhado.
"Os sentimentos de Scarlett vieram em cores mais vívidas que o normal. O vermelho urgente do carvão em brasa. O verde ávido dos novos brotos de grama. O amarelo frenético das penas dos pássaros em movimento."
Inclusive, a maneira com que a Scarlett sente as coisas através de cores é fantasticamente bem descrita. O tipo de coisa que marca uma narrativa e uma autora. Eu me apaixonei por ver seus sentimentos conforme cores diversas apareciam nos parágrafos, um artifício peculiar e único.
Seu relacionamento com a irmã foi um dos pilares para o drama da história. Onde Scarlett era cautela e medo, Donatella era rebeldia e coragem. Com o anseio de encontrar liberdade para as duas, Donatella aceita riscos maiores do que se pode imaginar, e acaba colocando ambas em meio ao perigoso jogo de Caraval. Uma vez desaparecida, a garota se torna um espectro das lembranças de Scarlett, a ideia de desfecho. Para terminar o Caraval, ela deve ser encontrada - e, para encontrá-la, tudo o que Scarlett teme e evita deve ser vivenciado.
"- Se quiser vencer, terá que ser um pouco impiedosa. O Caraval não é uma lição sobre gentileza."
Como espírito impetuoso, a Donatella acabou fazendo muitas burrices em seu tempo na história. O tipo que te faz querer sacudi-la e gritar para que pare e ouça a voz da razão!
Mas o legal é como suas atitudes são compreensíveis, especialmente em relação ao crescimento e à criação em meio ao abuso do pai medonho. Tella, como Scarlett a chama, é um espírito indomável que, por muito tempo, sofreu terrores dos quais não conseguia se libertar. Com a chance para isso em meio a magia e ao desconhecido, ela aceita todo tipo de risco.
Agora vamos falar sobre meu favorito: Julian. Um marinheiro misterioso e bem humorado com interesse sutil no Caraval acaba por ser o companheiro da aventura de Scarlett. Quando ela se separa da irmã e a perde em meio ao jogo, Julian é a única figura familiar e "confiável" ali dentro. Sua aproximação é em meio às investigações do desaparecimento de Donatella e provocações sarcásticas e divertidas, e de repente Julian é tudo de novo e emocionante que a protagonista jamais esperou desejar. Ele é instável e sedutor, firme e melancólico. Julian é um rapaz sombrio em muitos momentos, mas está sempre disposto a ajudar Scarlett e levá-la a provações em busca da própria coragem. Eu amei profundamente como a autora deixou pistas dos mistérios envolvendo Julian em todo o livro, e também como o final com ele foi surpreendente.
O romance entre os dois também me pegou de jeito. É forte e inesperado, o tipo de sentimento que aparece e se torna uma base para sustentar os personagens, ajudá-los a superar as coisas medonhas e perigosas que vêm pela frente. Julian e Scarlett dividiram tantas cenas boas que foi impossível não rolar no chão e querer que encontrassem felicidade, ainda que não parecesse possível diante do perigo em que se encontravam e do que encontrariam fora de Caraval.
"Imaginou que amá-lo seria como se apaixonar pela escuridão, assustadora e voraz, mas absolutamente linda quando as estrelas surgiam."
Afinal de contas, o pai das garotas é tão monstruoso quanto as partes mais escuras da magia daquele jogo. Ele negociou o casamento da filha com um conde misterioso e é o tipo de homem capaz de atravessar céus e terras para tê-la sob seu controle. Longe do pai, Scarlett vivencia a liberdade, mas ela está sempre sombreada pelo medo do que o homem pode fazer caso descubra sobre sua aventura.
Esse não é um livro sobre grandes reviravoltas, mas elas existem e são bem encaixadas na trama. A magia está ali, mesclada à loucura, medo e perigos. Caraval é um jogo de escuridão e de bravura, o tipo de atração que leva as pessoas aos seus limites. É um mistério e uma revelação, o começo de uma aventura e o final dela.
"- Também avisou que todo desejo tem um preço, e, quanto mais ele se apresentasse, mais se transformaria nos papéis que desempenhava. Se fizesse o papel de vilão, Lenda se tornaria um na vida real."
É comandado pela figura enigmática do Mestre Lenda, que permanece em anonimato durante boa parte da trama, mas também se faz muito presente nela - uma vez que ele e Caraval são quase a mesma coisa, enigmas a serem desvendados. Quando você acha que está entendendo alguma coisa na história, ela se revira em uma revelação inesperada e chocante e tudo o que faz com seu emocional é deixá-lo no chão.
Me perdi em Caraval e seus segredos tenebrosos. Na história que cerca a magia sombria daquele jogo. As páginas passaram em um piscar de olhos, e o final prometeu respostas para as coisas que ficaram em aberto. Caraval é um jogo e é muito mais do que isso. É uma leitura enérgica, perturbadora e altamente recomendada para quem quer viver grandes mistérios.
O livro está em pré-venda e será lançado em Junho. Então aproveita pra reservar teu exemplar porque esse é o tipo de história que precisa estar na sua vida!