Carous 26/06/2017Boatos de que esta é a melhor sequência do ano. Eu discordoQuando terminei de ler A rebelde do deserto, não via a hora de ter A traidora do trono nas mãos - até porque o primeiro livro acaba abruptamente - para avaliar se valia a pena eu comprar os livros físicos. Contava que sim, mas agora fico feliz de ter conseguido ler ambos na internet sem gastar um tostão senão essas leituras iriam entrar para minha lista de gastos literários que me impediram de comprar livros que eu gostarei de ler.
Uma situação ocorreu no meio pro final de A rebelde do deserto entre Jin e Amani que me fez perder um pouco de respeito pelo personagem. Mas confiava que a Amani estaria tão (puta) magoada com ele que se vingaria. Nada. Afinal, ele é o macho que ela não pode viver sem, né? Então ela o perdoou sem que ele tenha pedido desculpas e os dois seguiram o romance que, a meu ver, se tornava mais insuportável a cada página. Ironicamente pois Amani passa mais da metade do livro separada do seu "true love", mas não deixa de menciona-lo o tempo todo até que o leitor não aguente mais.
Nesta sequência, Jin novamente pisa na bola quando Amani mais precisa - ela se fere em uma batalha e é todo o spoiler que darei -, mas Amani DE NOVO aceita numa boa as desculpas esfarrapadas que ele dá. Ali eu tive certeza de como a personagem tinha mudado para manter esse namorico insosso dela. E fiquei decepcionada com o que a escritora transformou a personagem por causa de um par romântico.
E não nego meu constrangimento ao saber que a relação entre Jin e Amani é daquelas cheia de brigas - que ninguém se mete porque é comum entre os dois - por causa da teimosia de ambos (ou de Jin irritado que a Amani não segue suas ordens sem contestar,pronto, falei)
Quanto à sinopse deste livro, confesso que tenho minhas dúvidas se a traidora do trono se refere à Amani; porque, olha!! Teve tanta traição no livro que me peguei questionando o título. Rs Mas foi bom. A escritora soube manter o leitor interessado e surpreende-lo com as reviravoltas.
Mesmo que alguns tenham se revelado uns fdp na história, eu gostei da adição dos novos personagens, e não poderia ter me apegado mais a relação de Shira e Amani. Pena que deu no que deu, mas aqui pudemos compreender mais as motivações de Shira e que no fundo, ela e a Amani são muito parecidas, só que uma tem uma ética que é facilmente dispensada quando convém.
Outro spoiler: Tamid está vivo, e eu cheguei a dar um berro de felicidade quando ele dá as caras. Mas não gostei nada do comportamento da Amani em relação a ele. Não sei porque ela acha que todos têm que entende-la ou ajudá-la. Principalmente quando ela promete retribuir o favor, mas não o faz. Aconteceu com Tamid e Noorsham e ainda tivemos que atura-la puta com eles se voltarem contra ela. Miga, coloca a mão na consciência e saiba que você não é mais especial que ninguém não. E que todos fazem o possível para sobreviver.
Tamid, coitado, se deu mal porque se importava com a amiga e ficou no caminho de Shiva, mas ainda é o mesmo garoto bom de A rebelde do deserto que neste livro foi injustiçado pelos aliados do príncipe rebelde e não teve Amani para defendê-lo.
Vi muita gente comentando sobre a forte amizade entre Shazad e Amani, e é verdade como as duas são como irmãs e uma protege a outra. Mas ciente do histórico de Amani de largar amigos e pessoas a quem ela fez promessas para trás, me pergunto se ela não age assim por causa das vantagens com a amizade de Shazad e até onde vai toda essa sintonia e esse zelo pela saúde da amiga. Além do mais, não perdoo a Amani por permitir que Shazad prendesse Tamid só porque ele não apoia a revolução - mas ele não é nenhum mau caráter e jamais trairia a Amani como ela já o fez. Sim, sempre vou apontar essa falha dela que todos parecem ignorar.
Espero que apesar do foco ser em Amani, no romance sem sal e sem graça dela com o Jin - eu shippava os dois em A rebelde do deserto, mas lendo a evolução disso tudo tenho até vergonha disso -, a autora não se esqueça de citar os novos aliados. E não deixe de lembrar do príncipe rebelde que mal deu as caras no livro todo e, bom, se o circo está pegando fogo é por causa do seu desejo de assumir o trono, não é?
Apesar dos problemas, a leitura e a vontade de ter este livro na sua versão física continuaram até que morre um personagem. Meu Deus! Tanta gente mais insuportável do bando para morrer e o escolhido é justo quem mais ajuda nas missões. Isso para mim foi imperdoável e é bom Alwyn se redimir no último livro (e matar quem eu quero)
O maior problema que encontrei foi Alwyn jogar a carta do "melhor amigo apaixonado" e a heteronormatividade. Incrível, a história se passa em um lugar fictício, temos seres com poderes, mágicos que não existem no mundo real, e ainda assim nenhum personagem é LGBT. São todos heteros que se não arrumaram um par neste livro vão encontrar no próximo pq Deus nos livre alguém terminar sozinho. Isso seria uma tragédia --'
E quanto ao plot do BFF apaixonado pela Amani, quis vomitar de nojo. Existem tantos motivos pro Tamid ser leal a ela que não envolvem amor. Não se de onde a escritora tirou essa ideia de jerico.
Recomendaria o primeiro livro sem pestanejar, mas este eu diria para as pessoas passarem longe. Talvez quando o terceiro for lançado, dependendo do conteúdo, eu repense minha opinião. Fiquei chateada com os sucessivos erros que Alwyn escreveu neste livro. Será que ela não teve um editor ou amigo para aconselha-la melhor?
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