Kennia Santos | @LendoDePijamas 30/07/2017"Morro de saudade, mas não me arrependo e jamais abriria mão dos momentos que passei ao seu lado."Anna Walsh só pode ser definida como uma coisa: um desastre ambulante. Agora, porém, as coisas estão "um pouquinho" mais difíceis do que o de costume. Ela está em Dublin, mofando no sofá da casa de seus pais, pois algumas... coisas que aconteceram de forma um tanto repentina a deixaram ferida físicas e emocionais que ela teme serem eternas.
Apesar de tudo, Anna possui um foco: voltar para Nova York, onde está sua casa, seus melhores amigos e o 'melhor emprego do mundo' que dá acesso LIVRE a quantidades inimagináveis de cosméticos da mais alta qualidade. Nova York também representa Aidan, seu marido. Como nada pode ser simples na vida de uma Walsh, seu retorno à Manhattan se complica não somente por seus problemas íntimos, mas também porque Aidan parece ter desaparecido. Aidan, seu marido. Aidan, seu Aidan.
"Consegui ver milhões e milhões de pessoas, todas com suas vidas encaminhadas; então me vi na multidão; perdera meu lugar no universo. Os espaços haviam sido preenchidos e eu ficara de fora, sem lugar onde pudesse me encaixar." (p.188)
Será que chegou a hora de Anna seguir em frente? Se sim, a questão é: como? Ela ainda vê Aidan em todos os lugares, sente sua presença, seu cheiro, seus vestígios... MAS, ONDE ESTÁ AIDAN? É como se ele tivesse sido abduzido por uma nave extraterrestre, pois Anna não consegue localizá-lo em nenhuma tentativa (e ela tentou, como tentou).
"Eu me arrastava ao longo de cada dia e a única coisa que me mantinha viva era a esperança de que o dia seguinte seria mais fácil. Só que não era. Todos os dias eram exatamente iguais. Inacreditavelmente horríveis." (p.224)
Ela volta ao emprego na Candy Grrrl de onde esteva afastada há dois meses depois de 'ir para o Arizona' (é como a equipe define um suposto sumiço repentino de alguém), volta a ver sua melhor amiga Jacqui (a loira vareta porralouca que você respeita), e sua irmã Rachel e seu noivo Luke (com o traseiro tão espetacular que deixa até a mamãe Walsh babando) lhe dão todo o apoio necessário. Mas como seguir em frente se te falta um pedaço seu?
"Eu me sentia pior, e não melhor, quando estava em companhia de outras pessoas. O mais desafiador era meu rosto. Manter uma expressão 'normal' era desgastante ao extremo." (p.246)
Desencontros, revelações, várias propostas.. talvez essas coisas ajudem Anna a encontrar respostas que podem mudar drasticamente sua vida.
Com um casamento que deixa todos da família Walsh 'panquecas' da cabeça, um caso de detetive um tanto alucinado acompanhado de uma senhora de idade que enlouquece a mamãe Walsh com tamanha falta de etiqueta, "Tem alguém aí?" é um livro que proporciona ao leitor risadas e indagações.
Foi minha primeira experiência com Marian Keyes, e por mais que eu tenha demorado mais do que o normal pra ler, definitivamente não me arrependo. A Marian tem... algo que não sei bem descrever. Ela tem uma forma totalmente diferente de alcançar a nós, leitores. Ela pega uma situação geralmente considerada uma tragédia total e transforma em algo.. suscetível.
P.S.: sabe você, que não costuma ter paciência para chick-lit alegando que os personagens são infantis e histéricos além da conta? Vem ler Marian Keyes, vem ;)
É como se você estivesse na pior fase da sua vida, e vem a Marian Keyes e diz "calma, não tá tudo bem, você não tá legal, mas respira que a vida segue, e por mais que não pareça, as coisas vão sim, melhorar". ACOLHIDA. Achei a palavra. É assim que me senti ao terminar a leitura.
"Desmanche o problema em pedaços pequenos e pode ser que você descubra que consegue enfrentar um dia de cada vez, mesmo que pareça intolerável fazer isso pelo resto da vida." (p.128)