PorEssasPáginas 27/06/2016
Resenha: A Garota Perfeita - Por Essas Páginas
Fazia algum tempo que eu não lia algo da nossa parceria com a Planeta de Livros Brasil. Talvez porque fizesse também um bom tempo que a editora não lançasse livros de thriller e suspense, portanto, quando vi A Garota Perdida nos lançamentos desse mês, não tive dúvidas (bem, tive um pouquinho – há muitos lançamentos ótimos esse mês na editora!). Mas, como sempre, o suspense me fisgou. A Garota Perfeita não decepcionou; apesar de ser lento em alguns momentos, o livro consegue deixar o leitor suspenso em seus mistérios terríveis e tem um final dos mais surpreendentes que já li.
Se você lê a sinopse e pensa que A Garota Perfeita é apenas mais um thriller sobre sequestro, está muito enganado. Ele vai bem além. A violência aqui não está restrita somente ao sequestro; nós temos o ponto de vista da mãe de Mia, Eve, e é através dela que sentimos que às vezes a maior violência acontece dentro de casa. Mia veio de um lar com pouco afeto; seu pai, um juiz cego pelo poder e dinheiro, despreza tanto a ela quanto a esposa, por não serem o que ele deseja das duas. Mia é a típica “ovelha negra da família”, apenas por querer ser ela mesma; ela desiste da carreira de direito e vira professora de artes, afastando-se cada vez mais da família, o que complica o trabalho da polícia e deixa tudo mais confuso: afinal, Mia foi mesmo sequestrada ou apenas sumiu sem dar notícias?
Além da mãe de Mia, temos a narração do detetive no caso, Gabe, e também do próprio carrasco, Colin, o homem que sequestrou Mia. Mas as várias narrações apenas dão a falsa impressão de que você possui várias perspectivas da história. A autora finge que dá informações ao leitor, mas na verdade está ocultando o mais importante (e não vou contar o que é, claro). Além disso, as narrações alternam-se entre “antes” e “depois”, tornando tudo mais angustiante; você sabe o tempo todo que Mia foi resgatada e está “bem”, mas o trauma e a perda de memória que ela tem tornam tudo mais complicado e deixam o leitor roendo as unhas para descobrir o que realmente aconteceu na cabana onde ela esteve aprisionada por tanto tempo.
Gostei de como a autora conduziu a história e, apesar de tentar juntar as peças, acabei surpreendida no final, que é como gosto de terminar um livro. Fiquei incomodada em várias situações, o que é um ponto extremamente positivo, afinal, um bom livro é aquele que desperta sensações. O tema Síndrome de Estocolmo veio à tona; achei que isso poderia me incomodar, mas a maneira como Mary Kubica conduz o texto envolve o leitor até o ponto no qual você não consegue ter certeza de nada, nem mesmo se o que está acontecendo é real. Pode ser, pode não ser, e a dúvida é cativante, acrescenta à leitura. Ainda mais porque, apesar de termos tantos pontos de vista e de certa maneira sabermos o que acontece no “depois”, ainda há muitos pontos a desvendar na trama e muitos segredos de todos os personagens – não tão cativantes, a meu ver, mas bem construídos.
Mas foi o final que me conquistou. A obra teria sido morna não fosse por ele. Quando imaginei que a história estava terminada, veio o melhor epílogo que já li. Um verdadeiro chute no estômago, que me fez fechar o livro boquiaberta e pensando na história por horas. Fantástico!
Por fim, a edição está bem caprichada. Gostei da capa, apesar de só tê-la compreendido no final. A diagramação e o papel são muito confortáveis e a revisão está impecável. Fica o pedido: Planeta, traga mais suspenses tão bons pra gente! Recomendado para quem curte o gênero.
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