Aione 28/08/2016Com a promessa de conquistar os fãs de thrillers psicológicos, A Garota Perfeita, de Mary Kubica, foi uma das apostas da editora Planeta em 2016 e chamou minha atenção desde as primeiras notícias sobre seu lançamento.
Mia é professora de Artes em uma escola infantil, e desaparece misteriosamente da noite para o dia. Inicialmente, por conta de suas transgressões na adolescência, seus pais acreditam ser só mais um de seus episódios para chamar a atenção deles. Contudo, conforme o tempo passa, torna-se cada vez mais evidente que algo aconteceu a ela. Meses após seu sequestro, quando é encontrada em uma cabana, ela não se lembra de nada do que aconteceu em seu cativeiro.
Em primeira pessoa, a narrativa de A Garota Perfeita se alterna de acordo com as perspectivas da mãe de Mia, de seu sequestrador e do investigador responsável pelo caso. Assim, de acordo com saltos cronológicos que alternam os meses em que Mia esteve desaparecida com os subsequentes ao seu retorno, pouco a pouco vamos compreendendo sua história.
O que primeiramente chamou minha atenção em A Garota Perfeita foi o fato de não termos a voz de Mia na narrativa, e sim das pessoas que a rodeiam. Diferentemente do esperado no gênero, são as outras personagens que contam sua história e é o psicológico delas o explorado pelo leitor. Dessa maneira, aos poucos compreendemos as relações familiares entre Mia e seus pais, as motivações e a vida do sequestrador, e a própria conduta do investigador do caso. E conhecemos Mia apenas pela visão dessas personagens.
Assim, passei quase que toda a leitura de A Garota Perfeita tentando entender o porquê da classificação do livro como “thriller psicológico”, bem como o alvoroço em cima dele. Não que a trama não estivesse interessante ou convidativa; afinal, adorei conhecer melhor todas as personagens e fiquei curiosa pela resolução do mistério. Mas algo parecia faltar. Até que eu cheguei no último capítulo, e a reviravolta final fez com que eu visse o livro com outros olhos, e compreendesse todas as artimanhas de Mary Kubica. Fui surpreendida como poucas vezes fui, em termos de mistérios em um livro.
No geral, A Garota Perfeita foi uma leitura que me prendeu e me cativou, e conseguiu me surpreender por completo ao seu final, fazendo com que tudo antes dele tenha valido ainda mais a pena. Misturando suspense ao mergulho da psiqué humana, o livro faz com que reflitamos sobre bem, mal e loucura, além de nos fazer olhar para as decisões de cada personagem sem chegarmos, ao certo, a uma opinião final sobre elas. Recomendo aos fãs do gênero sem pensar duas vezes!
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