Lethycia Dias 30/01/2022Reflexões de medo e afetoNão me lembro de como conheci esta graphic novel, mas o tema me interessou, e por causa disso, ela passou algum tempo na minha estante esperando ser lida. Em "Pílulas Azuis", acompanhamos a vida de seu autor junto com Cati, uma mulher por quem ele já se interessava antes de os dois poderem se relacionar e que revela ter HIV, assim como o filho dela.
A narrativa é não linear, e começa com os dois, em algum ponto deste relacionamento, tentando compreender o que significa uma pessoa soropositiva se relacionar com outra que não é. Em um pequeno trecho que me impactou rapidamente, fica implícita a dúvida: é possível isso? Esse casal, essa família, pode existir?
Cenas que fazem parte do relacionamento de Frederik com Cati são alternadas com momentos cotidianos e com reflexões do próprio Frederik, em uma jornada introspectiva, porém repleta de diálogos, questionamentos, medos e afetos. Tudo se faz sombrio quando o medo se faz presente, mas o carinho e a esperança que permeiam os outros momentos são fortes o suficiente para dissipá-lo.
A data em que a maior parte da história se passa não é informada, mas como a graphic novel possui um epílogo em que o filho de Cati (que não é nomeado) já é um adolescente, percebemos que tudo se passou vários anos antes da publicação, e é importante ressaltar que as informações que os personagens têm sobre HIV e AIDS não são as mais recentes disponíveis, e que os tratamentos mencionados podem não ser necessariamente os mesmos de hoje.
É uma coleção de memórias tocante, que questiona o estigma do HIV e as ideias equivocadas a respeito de quem o contrai e de que não é possível manter um relacionamento sendo uma pessoa soropositiva e deixa muitas reflexões mesmo depois de fecharmos o livro.
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