May Nascimento 01/01/2016
Ah, o amor... Dizem que o amor é capaz de salvar vidas, de alimentar a alma, de nos encher de esperanças. Sabemos que existem vários tipos de amor e várias formas de amar. Embora o importante no meio dos tipos e formas seja a existência desse sentimento, que para muitos é complexo, mas para Pedro Chagas Freitas é algo simples, complexo é não vivê-lo.
Em Prometo Falhar, Pedro coloca a leveza dos sentimentos em cada crônica que escreveu, por que:
“A vida é pequena demais para perdemos tempo gastando energia em algo que não envolva amor”.
Concordo com Pedro, sem amor não dá! Mas além de amor precisamos sonhar, precisamos de ânimo, precisamos dar sentido às nossas ações diárias. E quem disse que ele esqueceu esses detalhes?
“[...] Não quero trajetos sem pedras, pessoas sem problemas, muito menos glórias sem lágrimas. Não quero o tédio de só continuar, a obrigação de suportar, andar na rotina só por andar. Não quero o vai-andando, o é a vida, o tem de ser [...]”.
Além de tudo isso, o autor nos diz explicitamente que precisamos abrir mão de muita coisa, principalmente da nossa mania de achar que as nossas relações podem atingir o nível da perfeição, podem chegar a um estado pleno em que não haverá obstáculos, apenas felicidade. E não é bem assim, talvez amor e perfeição estejam em lados opostos no jogo da vida. É preciso prometer falhar para garantir que a relação será real, e deixar a perfeição para os sonhos (os que temos enquanto dormimos).
“O amor não existe – e é por isso, só por isso, que é a coisa mais real que podemos ter na vida”.
O gênero literário crônica é um dos meus favoritos, independente da mensagem que o autor deseja transmitir. A leitura de um livro de crônica é dinâmica, rápida, descomprometida, pois o formato do texto, curto e direto, faz com que o leitor conclua o livro num piscar de olhos. Por essas e outras razões foi difícil eleger uma crônica favorita, pois quase todas me proporcionaram emoções. Entretanto, vale destacar um trechinho de uma das mais lindas e tocantes, daquelas que fazem o olho brilhar, contando a história de um garotinho que inventou o caderno dos sonhos:
“[...] – era uma vez
começou assim porque lhe pareceu que era assim que começavam todos os sonhos, e foi escrevendo, frase a frase, invenção a invenção, e aos poucos foi percebendo que aquele seu caderno era mais mágico ainda do que aquilo que ele tinha inventado, afinal nem precisava de arrancar a folha para existir, ele ia escrevendo e à medida em que ia escrevendo sentia tudo a acontecer, o príncipe que queria voar, a princesa que queria ser salva, o menino foi escrevendo e aquilo tudo foi acontecendo, ele via-o ali, à sua frente, dentro de si, mesmo dentro de si, todas as emoções, ria, sorria, até chorava [...]”
O que dizer depois de tudo isso? A escrita deste gajo em Prometo Falhar é maravilhosa! O texto precisou de algumas adaptações na sua edição aqui do Brasil, devido às variações existentes entre o português daqui e o de Portugal, algumas expressões não sofreram adaptação, mas ganharam uma nota de rodapé, logo, não houve nenhuma dificuldade para entender cada palavra, cada frase e cada crônica. Um livro lindo, dedicado àqueles que AMAM o pai, a mãe, os irmãos, o marido, a esposa, o namorado, a namorada, a vida...