Daniel263 23/02/2020
Uma fábula sobre o pacifismo
"Será que o deboche é uma forma de defesa para quem lança mão dele, pois o protege do perigo da solidão? Pois quem zomba não zomba em grupo, e aquele que desperta a zombaria não fica sempre sozinho?"
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Li esse livro em uma noite. Ele foi um brilho de esperança na humanidade em uma madrugada em que faltou luz... O autor, Amós Oz, é um escritor israelense com umas das vozes mais atuantes no mundo da literatura, e ainda é o co-fundador do movimento pacifista Paz Agora!
O livro, como diz o subtítulo é "uma fábula para todas as idades", e discute de forma leve e inteligente questões sobre o poder do conhecimento, a independência de espírito e a ética pessoal, principalmente contra ideais perpetuam discriminação, intolerância e opressão.
A história se passa em um vila assolada por uma espécie de maldição que, subitamente, deixou os moradores sem a presença de todos os animais de lá - dos insetos aos bichos de estimação. Todas as gerações de habitantes sofrem com essa falta de convívio, porém, existe um grande silêncio sobre esse desaparecimento, especialmente por parte dos adultos.
Duas crianças, Mati e Maia, que, como todas outras crianças, cresceram sem nunca ter visto qualquer animal, procuram desvendar o mistério da maldição e o segredo dessa espécie de conspiração de mudez dos mais velhos. E, após descobrir um segredo, os dois protagonistas abandonam a vila em busca de suas próprias respostas...
O fim do livro faz todo sentido quando você pensa na militância do autor. Mais do que o histórico de conflitos que originaram a questão do desaparecimento dos animais, cresce a importância de sua solução - mas de forma pacífica, de forma a prezar pelo bem-estar de todos, mais até do que pelos princípios que deram origem a confusão.
No diálogo entre a literatura e a realidade, a fábula de Oz traduz sua posição política: mais do que a manutenção de posições defendidas durante um longo tempo, é de interesse de ambas as partes um cessar fogo!
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