A balada de Adam Henry

A balada de Adam Henry Ian McEwan




Resenhas - A Balada de Adam Henry


112 encontrados | exibindo 91 a 106
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 7 | 8


Sandra 17/04/2016

11 medio
Historia de um juiz, 60 anos, sem filhos, crise casamento, sobre seys casos. Um rapaz testemunha de jeova com leucemia, nao pode fazer transfusai. Detalhista, confuso, fim pessimo.
comentários(0)comente



José Eduardo 09/01/2016

A JUIZA DO TRIBUNAL DE RECURSOS
A protagonista é uma juíza do Tribunal de Recursos de Londres. O livro mescla o cotidiano da protagonista com os casos que ela tem que decidir no Tribunal. Em cada decisão o autor demonstra o raciocínio que a julgadora desenvolveu para chegar ao veredito. O texto é excelente.
comentários(0)comente



Pat 14/12/2015

A Balada de Adam Henry foi um livro que me tirou da minha zona de conforto e é provavelmente por isso que mesmo sendo tão curto(200 pags) demorei mais de um mês pra terminar.

A ética é o ponto principal da história. Fiona é uma juíza da vara familiar e atualmente está passando por um momento delicado no casamento quando chega em suas mãos o caso de Adam.
Adam Henry tem leucemia e no momento a única forma de salvá-lo é através de uma transfusão de sangue. No entanto, sua religião é contra tal medida e por ser menor de idade fica a cabo de Fiona decidir o que é melhor para ele.

A história é bem escrita e dinâmica, embora não tenha conseguido me apegar a nenhum dos personagens provavelmente por suas vidas e personalidades serem distantes da minha.
Foi interessante acompanhar a relação(se podemos chamar assim) de Fiona x Adam, e como ambos acabam influenciando e afetando o outro.
Confesso que o final me surpreendeu até porque nem passou pela minha cabeça tal situação realista.
Enfim, impossível não terminar a leitura e se colocar no lugar dos personagens e parar pra pensar se faria algo diferente.
comentários(0)comente



Nanda 11/11/2015

Impactos ao leitor
Ao fim da leitura me deparei com repúdio e um certo preconceito(meus 1? sentimentos pelo livro). Li em uma noite, bem rápido. Um amigo me indicou e queria comentar logo, além da linguagem ser bem leve, para todo tipo de leitor, flui rápido. Raramente leio romances atuais, talvez pela minha precariedade em conhecimento dos autores contemporâneos, e por minha preferência aos clássicos. O romance, senão interesse da juíza pelo jovem Adam me soou desconfortavel até o momento em que me deparo com sua sensatez, e ao conversar com meu amigo, sua vulnerabilidade. Gostei bastante, mas confesso que não esperava por um final, que me dividisse entre a decepção e a frustração de uma história.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Aryane 06/09/2015

Então...
O livro traz a história de Fiona, uma juíza da Vara de Família que aos 59 anos, vê seu casamento com Jack, acabar aos poucos. A questão central: a falta de sexo entre eles. Ela, uma juíza afundada no trabalho e amante da música clássica. Ele, um professor de universidade. Ele, querendo se aproximar. Ela, se afastando cada vez mais.

Dentre os casos mais prosaicos e rotineiros que precisa julgar, ela se depara com um que tem um pano de fundo religioso. Adam Henry, adolescente de 17 anos, portador de um tipo raro de leucemia e membro da "seita" Testemunhas de Jeová, que, seguindo os preceitos de sua religião, não aceita receber uma transfusão de sangue, capaz de salvar sua vida. O destino dessa questão fica nas mãos de Fiona que, extrajudicialmente - e ainda não convencida se deve proferir a favor ou contra - decide ir ao hospital visitar Adam. Ela não sabia, mas aquele garoto mudaria seus conceitos.

Não posso mais contar sobre o livro, pois soltaria spoiler, muito menos ressaltar os pontos positivos e negativos, porque a história é bem óbvia em alguns momentos.

Mas eu esperava mais do livro. E também não gostei da forma como trabalham essa religião, chamando-a de seita. Soou meio desrespeitoso, ao meu ver, mesmo eu não sendo membro dela.

Leia e tire suas conclusões.

Duas estrelas.

site: amoremletras.wordpress.com
comentários(0)comente



Thainá Almeida 06/09/2015

A Balada de Adam Henry: choque entre mundos
"A balada de Adam Henry" possui como figura central Fiona Maye. Fiona é uma juíza de Tribunal Superior, na área do Direito de Família. Bem-sucedida profissionalmente, Fiona é conhecida pelos colegas de trabalho por uma excelente inteligência e famosa pelo "caso dos gêmeos", que é descrito no próprio livro (assim como vários outros). Na vida pessoal entretanto Fiona vive uma crise: arrepende-se de não ter tido filhos e o marido a coloca numa posição de escolha entre uma posição passiva sobre um caso extra-conjugal e o fim do casamento de anos. No meio desse furacão, vai parar em sua mesa o caso de um garoto, cujo os pais são Testemunhas de Jeová, que precisa de transfusão de sangue para tratamento de leucemia. Esse é Adam Henry, que está disposto a abrir mão de sua vida para "morrer como mártir" por sua religião.
Um livro excelente, principalmente para aqueles que, como eu, pretendem seguir a carreira jurídica. O confronto não só da vida pessoal versus a profissional, mas da razão científica versus o fundamentalismo religioso. As descrições dos casos, os questionamentos, as descobertas de alguém que viveu num só mundo e se depara com outro que desafia suas crenças e até o triste desfecho: todos eles mostram as dificuldades daqueles que tem que decidir sobre a vida de outrém, sobre o bem-estar de um outro ser humano.
comentários(0)comente



Sara 24/08/2015

Belíssima narrativa que faz contrapontos entre o fundamentalismo religioso e o racionalismo científico com temas difíceis. Quem leu e gostou do livro do Michael J. Sandel, Justiça: o que é fazer a coisa certa, com certeza vai apreciar a leitura. Depois dessa leitura, pensei sobre quando se uma forma ou de outra influenciamos a vida de alguém... se damos um pouco de sentido à vida de alguém, será que temos responsabilidade na medida da influência? A fé fortalece ou vulnerabiliza o ser? Quanto de fé cega? Quanto de pé atrás?
comentários(0)comente



Vanessa Vieira 12/08/2015

A Balada de Adam Henry - Ian McEwan
O livro A Balada de Adam Henry, do aclamado escritor inglês Ian McEwan, nos traz um romance muito bem desenvolvido, envolvendo crise conjugal e um tema extremamente polêmico nos dias de hoje: o embate entre ciência e religião. Com uma escrita notável e, em muitos momentos, até mesmo tangível, a obra de McEwan é profunda e envolvente, além de ser permeada pela ambiguidade moral.

Conhecemos a história da juíza Fiona Maye, especializada em direito de família. Ela é uma profissional voraz, inteligente e extremamente imparcial em seus veredictos, mas na vida pessoal se mostra uma mulher totalmente diferente. Prestes a completar sessenta anos, Fiona se ressente por não ter tido filhos e acompanha, dia após dia, o desmoronamento de seu casamento.

Em meio a sua crise conjugal, Fiona tem que lidar com o polêmico caso de Adam Henry, um adolescente de dezessete anos. O jovem sofre de leucemia e necessita de uma transfusão de sangue para sobreviver. Contudo, seus familiares são testemunhas de Jeová e se opõe piamente a este tratamento. Fiona defende com ímpeto o bem-estar de Adam e repele as crenças de sua família com brilhantismo. Porém, o jovem acaba exercendo forte influência na vida da juíza e se revela um garoto inteligente, culto e sensível que, inclusive, lhe compõe um poema que dá nome ao livro, "A Balada de Adam Henry".

Os sentimentos despertados por Adam acabam por desestabilizar Fiona. O jovem a persegue de modo invasivo, fazendo com que ela exponha sua intimidade e até mesmo quebre alguns dos protocolos jurídicos. Sua trajetória de vida regrada e exemplar acaba saindo fora dos trilhos e Fiona se vê em um emaranhado de fios, tentando recompor sua existência, até então amparada por segurança e solidez.

A Balada de Adam Henry possui um enredo bem contemporâneo, com uma trama intrincada e polêmica que consegue envolver o leitor do início ao fim. A história é densa, possui personagens fortes e intrigantes e um ritmo ágil e coeso, características estas que tornaram a obra primorosa. Narrado em terceira pessoa, de forma contundente e com um desfecho estarrecedor, o livro me surpreendeu positivamente e conseguiu até mesmo me emocionar em algumas de suas passagens.

Fiona, profissionalmente falando, é uma mulher forte, segura de si e com um alto senso de justiça. Conhecida por ser implacável em suas decisões, a juíza não pode relatar o mesmo no que concerne a sua vida familiar. Ela chega aos sessenta anos se culpando por não ter sido mãe e ter dado vazão mais a carreira profissional do que a vida pessoal em si. Em sua zona cinzenta de autopunição, juntam-se ainda a carência afetiva e a traição de seu esposo, Jack. O caso de Adam Henry lhe chega em um momento conturbado de sua existência e consegue desestabilizá-la ainda mais. O jovem garoto acaba por exercer uma influência muito grande na vida de Fiona e lhe desperta sentimentos novos, bem como indagações demasiadamente controversas. Tanto Adam quanto Fiona são personagens bastante intrigantes e que abrilhantam de forma peculiar o enredo de Ian McEwan. Suas ideias, concepções, atitudes e pensamentos enriquecem a trama e lhe trazem uma conotação bastante notável e memorável, por assim dizer.

Em síntese, A Balada de Adam Henry mostra todo o talento de Ian McEwan e se revela um verdadeiro clássico devido ao teor polêmico e ao mesmo tempo refinado de seu enredo. A narrativa é ágil, voraz e envolvente, o que contribuiu de maneira considerável na absorção da história em si, a tornando impactante e inteligente. A capa nos traz a gravura da escadaria de um tribunal, o que retrata bem a essência do livro e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade. Recomendo, com certeza!

site: http://www.newsnessa.com/2015/08/resenha-balada-de-adam-henry-ian-mcewan.html
comentários(0)comente



Valério 31/07/2015

Não julgue um livro pela capa
Quando ouvi falar de "A balada de Adam Henry" pela primeira vez, tive um inicial e natural repúdio.
Prefiro os grandes clássicos e raramente abro exceções para Best Sellers. Contudo, já havia lido Serena, que achei interessante. E Ian McEwvan já é por muitos considerados autor de grandes clássicos, como Amsterdarm.
Ainda assim, não venci meu preconceito. Primeiro, pelo título, que não achei forte. Depois, porque quem primeiro me falou dele, disse que ouviu falar do livro em uma novela (e sou radicalmente avesso à novelas, sequer assisto TV no dia a dia).
Ainda assim, li a sinopse. O desastre se completou. Poucas sinopses são tão infelizes quanto à deste livro.
Ao ler a sinopse, a história que se desenrolou em minha cabeça era o mais puro roteiro novelístico da Rede Globo: Uma mulher (juíza) beirando os sessenta larga sua vida estável e matrimônio saudável para se aventurar em um tórrido romance com um jovem de 17 anos que foi objeto de um processo judicial (ele não poderia receber tratamento para leucemia devido à sua religião e de seus pais. E morreria em breve se não recebesse o tratamento. Assim, o hospital entrou com pedido judicial para poder fazer o tratamento).
Um verdadeiro drama pastelão, certo?
Errado.
Redondamente.
O livro é bem escrito. Não uma obra prima. Mas correto. Sem muita apelação. Ian não se perde no sentimentalismo. Não há o relacionamento como quer fazer crer a sinopse. Há um envolvimento bem sutil, entremeado, duvidoso.
As circunstâncias são totalmente outras.
De quebra, o livro traz temas bem complexos à nossa análise, dignos de livros de filosofia contemporâneos, tal o famoso, mas mal conduzido "Justiça: O que é fazer a coisa certa". Temas ambíguos, difíceis e que nos levam a profunda reflexão.

Por sua vez, o drama vivido pela juíza em sua vida matrimonial é abordado de maneira madura, eficiente, prática e muito real. Acho que a forma que aconteceu o declínio no casamento da juíza é o que de melhor foi feito no livro. Uma análise psicológica perfeita.
O único senão é a forma como Adam Henry foi retratado. Apenas neste personagem, achei que o autor errou a mão, carregando demais na caracterização.

Enfim, um livro que vale a pena ser lido. Ainda mais que Serena. E que me faz agora ser obrigado e me curvar agradecido a quem me instigou a lê-lo.
comentários(0)comente



Jacqueline 25/07/2015

Brincando de ser Deus
O livro gira em torno de dois dilemas éticos. Em um primeiro plano, temos a contraposição entre a racionalidade e a religião: o protagonista Adam Henry, um garoto de 17 anos, influenciado pela família e pela Igreja, se recusa, por motivos religiosos, a receber uma transfusão de sangue que pode lhe salvar. Fiona, especialista em direito de família, é a juíza encarregada de garantir o bem-estar (um conceito pantanoso, diga-se de passagem) do menor: sua missão não era salvá-lo, mas decidir o que seria o razoável e legal.

[Outro caso citado no livro dá mostra dos dilemas enfrentados pela juíza: um judeu ortodoxo
se separa da mulher quando (e porque) essa não pode mais ter filhos e exige a guarda das outras filhas que quer criar dentro do mais alto grau de ortodoxia, o que inclui estudar em escola só de meninas e somente até os 17 anos, ser uma mulher devotada aos lar que não trabalhar fora e é totalmente subserviente ao marido. A ex- mulher requere o direito de criar as filhas dentro de preceitos judaicos menos fechados, que inclui escola mista, acesso a internet, possibilidade de cursar uma Universidade, de ter uma profissão, dentre outros. Frente ao impulso inevitável que qualquer ser humano defensor do Estado de direitos e capaz de exercício mínimo de racionalidade teria - dar o ganho de causa para a mãe – é preciso colocar uma pergunta: quem pode dizer que não se pode ser mais feliz no seio de uma comunidade ortodoxa? A questão, portanto, deve ser guiada por outra lógica: pai e mãe têm direito: dar a guarda para a mãe tem mais chance de possibilitar a convivência com ambos, enquanto o contrário parece menos provável. Ufa!]

No caso de Adam estavam, então, de um lado, “aqueles não apenas convencidos da existência de Deus, mas de conhecerem sua vontade” (seres muito especiais, com certeza!) e, de outro, médicos empenhados em salvar um paciente. No meio, uma juíza que decide quem vai viver. Não é muita gente se outorgando o lugar de Deus?
O outro dilema ético vivido relaciona-se com a própria vida pessoal da juíza. O pano de fundo da história é dado pela crise conjugal vivida pela juíza: no início da história, seu marido anuncia um caso extraconjugal com uma mulher mais jovem e sai de casa, trazendo à tona, para além da raiva habitual, uma sensação de fracasso frente às escolhas feitas, dentre essas a de não ter filhos (o que confere outros sentidos à sua escolha de área dentro do Direito), de ter se dedicado demais ao trabalho e talvez menos do que deveria ao casamento. Demonstrando uma dose extra de dificuldade de lidar com suas emoções, a juíza, aos 60 anos, se afunda no trabalho, enquanto tenta lidar com sua iminente separação e com as agruras (que é só o que consegue enxergar dada a situação) de envelhecer. A fragilidade emocional da juíza ajuda a fazer com que o caso de Adam saia da esfera profissional e invada sua vida pessoal.
O livro vale pelas instigantes reflexões que propicia distinguindo lei, moral e ética e pelo jogo complementar da maturidade contraposto com a juventude tratado por uma ótica nem sempre habitual: mais do que a busca pelo elixir da juventude ou de poder viver o que não foi possível viver, se coloca a sedutora armadilha narcísica de nos colocarmos como a possibilidade de redenção do outro ou no mínimo sua melhor opção (o que não quer dizer que relações amorosas entre pessoas com grande diferença de idade sejam fadadas ao fracasso, mas somente que precisam se livrar desse jogo de projeções e medo de frustrar o outro, sob o risco de uma alteridade mínima desejável não poder vir a ter lugar).
comentários(0)comente



Alexandre Kovacs / Mundo de K 09/07/2015

Ian McEwan - A Balada de Adam Henry
Editora Companhia das Letras - 200 páginas - Tradução de Jorio Dauster - Lançamento 14/11/2014.

Neste seu último romance, Ian McEwan utiliza como pano de fundo o sistema judiciário inglês e uma conceituada juíza do Supremo Tribunal como protagonista. Fiona Maye, cinquenta e nove anos, atua na área de direito de família, e segundo definição de seus próprios colegas, é dona de uma "imparcialidade divina e inteligência diabólica". Ela é, portanto, uma profissional que lida diariamente com a razão em detrimento da emoção, decidindo conflitos e dilemas morais através de suas sentenças, seja no caso de separações litigiosas ou decisões sobre a guarda dos filhos. Na verdade, McEwan faz muito bem, como sempre, o seu dever de casa e traz para a ficção algumas sentenças, inspiradas em casos reais, de difícil análise, seja pelo enfoque religioso ou moral. É o caso, por exemplo, da aprovação para a intervenção cirúrgica que irá separar irmãos siameses, provocando o sacrifício de um deles em nome da sobrevivência do mais forte. Em uma das melhores passagens do romance, através da digressão de sua protagonista no trecho abaixo sobre este processo, o autor coloca a sua visão nada religiosa do mundo e do que costumamos chamar de destino:

"Nas fotografias relembradas de Matthew e Mark via uma nulidade cega e sem propósito. Um ovo microscópico deixara de se dividir no momento certo devido a um defeito em certo ponto de uma cadeia de eventos químicos, uma minúscula perturbação na cascata de reações proteicas. Um evento molecular se inflacionara como um universo em expansão para ocupar uma larga região da miséria humana. Nenhuma crueldade, nenhuma vingança, nenhum fantasma se movendo de modo misterioso. Nada mais que um gene transcrito erroneamente, uma receita de enzimas defeituosa, um elo químico rompido. Um processo de perda natural tão indiferente quanto sem sentido. Que apenas punha em relevo a vida saudável e formada com perfeição, mas também aleatória, igualmente sem propósito. Pura sorte, chegar ao mundo com seu corpo devidamente formado e com tudo nos lugares certos, ter pais amorosos e não cruéis, escapar à guerra e à pobreza por um acidente geográfico ou social. E, por isso, descobrir que é muito mais fácil ser virtuoso." (pág. 34)

Apesar do desgaste emocional de seu trabalho e a proximidade da terceira idade, a juíza Fiona parece estar levando a sua vida muito bem, mas todo o seu mundo está para desmoronar quando ela é surpreendida pela declaração do próprio marido de que deseja levar adiante um caso com uma mulher mais jovem, segundo ele, devido à necessidade de viver uma grande paixão e, de forma mais pragmática, devido às suas necessidades sexuais não atendidas nos últimos tempos por Fiona, obcecada pelo trabalho. Ela se recusa a aceitar os argumentos do marido e, repentinamente, se vê envolvida em um conflito matrimonial como tantos outros que ela acompanha diariamente na Vara de Família.

"Num impulso furioso, pegou o celular, encontrou o número do chaveiro da Gray's Inn Road, forneceu-lhe o PIN de quato dígitos e instruções para que a fechadura fosse trocada (...) Foi má, e sentiu-se bem em ser má. Ele devia pagar um preço por abandoná-la, e ali estava, ser exilado, pedir licença para ter acesso à sua vida anterior. Ela não lhe permitiria o luxo de possuir dois endereços (...) Voltando pelo corredor com seu copo, já refletia sobre sua ridícula transgressão, impedir ao marido o acesso a que ele tinha direito, uma das atitudes-chavão das crises conjugais que qualquer advogado aconselharia seu cliente — geralmente a mulher — a não adotar sem a devida autorização judicial" (pág. 51)

Uma nova e difícil disputa demanda a atenção da juíza em meio à sua crise particular, o caso de Adam Henry, um rapaz de dezessete anos que precisa receber transfusões de sangue devido ao tratamento de leucemia. Seus pais são testemunhas de Jeová e enfrentam o hospital em um processo para ter o direito de não seguir as recomendações médicas. O momento difícil pelo qual Fiona Maye está passando em sua vida doméstica faz com que ela ignore a necessidade de afastamento emocional na batalha jurídica que chamará a atenção da sociedade para um debate sobre o bem-estar do adolescente em confronto com os dogmas religiosos de sua família.

Adam Henry tem uma compreensão parcial da situação precária de sua saúde e dos riscos associados e, ao mesmo tempo, uma visão romântica da fatalidade dos efeitos decorrentes de sua orientação religiosa. Ele escreve poesias que encantam a equipe médica e despertam na experiente juíza um sentimento ambíguo de compaixão maternal (ela fez a opção de não ter filhos devido à carreira) e carência sentimental. Será que ela conseguirá manter a racionalidade e imparcialidade que a sentença para este caso requer?

A música erudita, como na maioria dos romances de McEwan, tem lugar de destaque na trama, sendo uma válvula de escape para Fiona Maye, uma exímia pianista de peças clássicas de Berlioz e Mahler, e também um ponto de aproximação entre ela e o sensível Adam Henry. Apesar do argumento se basear em alguns clichês, a prosa habilidosa de McEwan está sempre presente, como podemos comprovar nos trechos acima. De qualquer forma ficamos com a impressão de que a história poderia ter sido mais aprofundada. Se você ainda não leu nada deste autor recomendo começar com Amsterdam, Reparação e Sábado. De preferência nesta sequência.
Daniel 04/08/2015minha estante
Achei o livro superficial. Não houve empatia com nenhum dos personagens, achei o enredo muito simples, nada surpreendente... Nem de longe lembra o vigor de Reparação, este sim uma obra prima.




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Luara Calvi Anic 17/03/2015

Uma juíza de 60 anos topa com um caso que talvez seja o mais importante de sua carreira. Um jovem menor de idade se recusa a fazer uma transfusão de sangue por motivos religiosos. O tratamento, no entanto, é essencial para que ele continue vivo. Na vida privada, ela vive um casamento em crise.
comentários(0)comente



Lina DC 23/02/2015

Sutil e impactante!
Conforme a sinopse explica, o livro tem foco em dois personagens completamente diferentes: a juíza Fiona Maye, uma mulher de quase 60 anos de idade que está passando por um momento difícil em sua vida pessoal e Adam Henry, um jovem de 17 anos que encontra-se muito doente e irá falecer se não receber uma transfusão sanguínea.
Fiona recebe uma notícia inesperada de seu marido: ele está atraído por outra mulher e quer ter um caso com ela, mas ao mesmo tempo quer permanecer casado. Segundo Jack (seu marido há mais de três décadas), ele quer explorar a paixão, inexistente a anos no casamento. Chocada com a proposta, Fiona apresenta seus pensamentos divididos entre o bem-estar das crianças que aparecem em seu tribunal e seus sentimentos sobre o seu marido e casamento.
O autor mescla muito bem esses dois polos da vida de Fiona. Narrado em terceira pessoa, os parágrafos intercalam os pensamentos pessoais e os relatos de casos terríveis e tristes que ela enfrenta diariamente. A composição de Fiona é tocante e ao mesmo tempo muito real. Ela representa diversas mulheres que possuem um casamento duradouro, mas não necessariamente feliz. Sim, existem bons momentos, companheirismo e até mesmo afeição entre eles, mas isso é suficiente?
Um dos casos acaba se destacando: Adam, um jovem criativo, sensível, carismático e extremamente inteligente. Por questões religiosas, seus pais recusam a transfusão de sangue que pode salvar a vida de Adam.
Fiona decide conhecê-lo no hospital para decidir o seu destino. E um único encontro é capaz de marcar os dois.
A interação é singela e ao mesmo tempo impactante. Adam consegue trazer um pouco de luz na vida de Fiona e os dois começam a influenciar a vida um do outro sem ao mesmo perceber.
Uma das qualidades do livro é a sutileza para discutir assuntos tão polêmicos como religião e casamento. São assuntos cotidianos que permitem a todos uma identificação imediata e até mesmo uma conexão com os personagens.
Adam é jovem e de certa forma inocente, pois não conhece muito além do que foi apresentado a ele. Fiona é uma mulher mais madura, mas ao mesmo tempo inocente. Acredita de coração nas escolhas decentes, que visam o melhor para as crianças. Sua preocupação é o bem-estar dos jovens que passam por seu tribunal. Sua inocência transfere-se também para a vida pessoal, a confiança plena no marido até o momento de sua revelação. É a partir desse momento que ocorre o questionamento do seu casamento.
Não há um ataque as escolhas religiosas ou pessoais. São fornecidas informações para que o leitor tenha capacidade de realizar suas próprias conclusões.
A escrita é dinâmica e fluida, mas seu conteúdo é arrebatador.
"Ergui minha cruz de madeira e a arrastei junto ao rio.
Eu era jovem e tolo, e perturbado pela ideia
De que a penitência era uma asneira e os encargos coisa de idiota.
Mas aos domingos me diziam para seguir todas as regras..." (p. 164)

site: http://www.viajenaleitura.com.br/
comentários(0)comente



112 encontrados | exibindo 91 a 106
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 7 | 8


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR