Tempos extremos

Tempos extremos Miriam Leitão




Resenhas - Tempos Extremos


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Lara 31/10/2020

Ainda estou amadurencendo e superando esse livro, a Miriam Leitão tem uma sensibilidade admirável e uma narrativa simples e envolvente. O fato de a história, a autora e a ambientação serem brasileiros também me marcaram com uma espécie de familiaridade.
Tem poucos momentos de grande emoção e expectativa, mas não deixa a desejar.
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Claudio 26/04/2024

Duas chagas da história do Brasil
Miriam Leitão aborda nesse livro super envolvente 2 manchas de nossa história: a escravidão e a ditadura militar. Apesar de quase 100 anos entre o fim de uma e o início da outra, com uma boa dose de fantasia, a autora consegue ligar as duas justamente por se tratarem de Tempos Extremos.
À primeira vista, me pareceu que havia histórias pra 2 livros, mas no fim das contas me envolvi e gostei bastante.
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Erlanger 22/06/2014

Liberdade para sonhar
Temas sempre presentes na vida e na profissão de origem da escritora ( democracia, justiça social, igualdade racial e liberdade ) se desprendem da crueza da linguagem jornalística, compondo um romance pungente e instigante - tanto pela curiosidade com os caminhos da trama, quanto pelos sentimentos que as questões, aqui tratadas de maneira sublimada, provocam.
Na sua viagem pela ficção, conduzida pelas apaixonantes Larissa e Paulina e suas sagas, Miriam Leitão rompe com o racional e até com a barreira do tempo, mas, sem resvalar num romance engajado, não deixa de regar sua crença numa sociedade justa e igualitária.
Como disse George Santayna, "quem não recorda o passado está condenado a repeti-lo".
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Aline | @42.books 20/04/2020

Amores extremos em tempos extremos
“Queria que compreendesse minha aflição e meu desterro. A nenhum tempo pertenço'. Transito sonâmbula ou insone por uma enorme casa escura. Nela vejo tudo com visão mais aguda do que jamais tive. Encontro pessoas que não são deste mundo nem desta época, mas elas eu entendo mais do que a minha família.”. | "(...) a solidão de que falo, Larissa, não é a falta de alguém específico. É a falta do mundo inteiro.".

Em seu primeiro livro ficcional, Mírian Leitão destrincha a história brasileira, tecendo por tramas que vêm dos flagelos da escravidão, no século XIX, aos quartéis do regime militar, e encontra, então, seus reflexos nas relações de uma família de classe média dividida por seus credos e segredos. ⠀⠀
Extremo é , com certeza, o adjetivo que melhor define este livro narrado pela protagonista, Larissa, uma mulher que, à mercê de seus delírios, transita entre o passado e presente, ressignificando suas ideias e sua família a partir de uma visita anacrônica à personagens de um Brasil de séculos passados, onde a esperança persiste em meio a incertezas.
Assim, "Tempos Extremos" é um livro que nos mostra um olhar minucioso sobre os bastidores de algumas discussões familiares, destrinchando a nossa herença histórica e o que há de mais cruel e confuso no passado de um povo (e de algumas pessoas). É uma história sobre paixões extremas, em tempos extremos.

site: https://www.instagram.com/p/B7O2eCdlmLk/
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Jackson 12/03/2020

Mirian Leitão para além do jornalismo
Uma história bonita e triste. A autora faz uma ponte interessante entre a primeira década do século XXI e meados do século XIX retratando a escravidão em Minas e no Rio de Janeiro ao passo que os graves problemas familiares da personagem principal têm profunda relação com a ditadura militar de meados do XX. É uma obra maravilhosa, gostosa de ler, emocionante, há presente um misticismo que lembra narrativa de uma novela. Poderia muito bem virar um curta adaptado para a tv. Recomendo demais!
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Milenia 30/12/2020

A história em ciclos
Com uma leitura fluída, ritmada e reflexiva, Tempos Extremos percorre dois períodos marcantes da história brasileira: escravidão e ditadura. Mesmo sendo uma ficção adulta, o texto trata os temas com seriedade e maturidade. Os personagens trazem muita complexidade e pontos de vista desta história que quando não lembrada, segue se repetindo ao longo do tempo.
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Renan 18/09/2021

Impecável
Apaixonado por essa ficção histórica. Genial a forma como a autora explorou duas feridas entreabertas da história do brasil que deixam suas marcas evidentes até os dias atuais.
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Bella :) 29/10/2020

"Um passado intenso não descansa"
"Quantos mistérios uma antiga fazenda perdida entre as serras das Minas Gerais pode guardar?"

Nessa instigante história, observamos bem de perto as dúvidas, pensamentos e vivências de Larissa, que após desistir do jornalismo se descobriu fascinada pelo passado.
" [...] Tinha escolhido História pelo conforto de se abrigar no passado. O tempo velho não cobra, não exige, não tem mais urgência, passou [...]"

Uma confraternização de família, em que Larrisa transita entre os tempos. Revisitando passados deploráveis da história do Brasil, como a escravidão e o regime militar, que acabam se relacionando com feridas abertas dos familiares. Gerando discussões e algumas descobertas.

Um livro completamente reflexivo, que nos faz revisitar junto com ela esses momentos horríveis da nossa história, uma mistura de sentimentos e histórias em tempos extremos. Além disso, a escrita da autora me encantou, uma forma poética e arrasadora.
Completamente favoritado e sem adendos para dar.
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Erika 17/08/2020

Incrivel
Gente. Que livro!
Imagina um livro que mistura escravidão, regime militar e viagem no tempo! Esse livro traz tudo isso, a trama de dois irmãos escravos de uma fazenda em Minas Gerais, misturado com as mágoas incuradas de uma familia causadas pelo regime militar. É simplesmente explendido. De longe uma das leituras obrigatórias por todo brasileiro. Leiam. Serio!
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Laura Finesso 17/06/2020

Sensível e fascinante
A citação acima explicita bem um dos tantos aspectos hipnotizantes desse livro. Em Tempos Extremos, acompanhamos a Larissa, uma mulher de 38 anos deslocada que se encontra com a família para o aniversário da matriarca na fazenda centenária do interior de Minas Gerais, Soledade de Sinhá. Essa fazenda será o cenário de uma jornada em que Larissa desvendará os mistérios do passado escravocrata da fazenda, enquanto tenta lidar com as brigas políticas entre sua mãe Alice, uma ex-presa política da época da ditadura, e seu irmão Hélio, um militar de carreira. 
Com uma alternação entre passado e futuro genial que a autora implanta na narrativa, somos apresentados aos escravos Constantino e seus filhos Bento e Paulina, tais quais procuram uma forma de sair da situação em que se encontram, um por meio de violência e outra por meio de amizade com os brancos. Procurando intermediar o conflito entre os dois e decidir qual forma é a melhor, Constantino pede a ajuda de Larissa, mesmo estando separados por séculos. No intermédio de tudo isso, vamos conhecendo o passado do Constantino e da própria fazenda, além de conhecermos o horror incomensurável que foi a escravidão.
Eu nunca havia ouvido falar desse livro antes, e não faço ideia do motivo; é simplesmente um daqueles livros que você deseja que todos leiam. Por meio da ficção, Míriam Leitão denuncia um passado que o Brasil se recusa a conhecer: o da violência, violência que utilizamos como alicerce para construir a sociedade que conhecemos atualmente. E, curiosamente, o movimento negacionista brasileiro se acentuou nos últimos anos: negam que houve uma ditadura, negam que toda a sociedade tem uma dívida histórica com os negros por conta dos séculos de escravidão que tivemos e suas consequências presentes até hoje na vivência dos negros no país. E por que? Porque é mais fácil negar uma parte da história que mostra como temos sangue nas mãos. Sangue dos milhões de negros escravizados, torturados, vendidos, mortos. Sangue das 1843 vítimas de tortura durante a ditadura militar no Brasil, sendo que 434 morreram ou desapareceram (números identificados pela Comissão Nacional da Verdade, porém se admite que deve haver muito mais entre esses grupos). Citando o próprio livro, ?Eu sou da geração que teve que construir a imagem do pai, do tio, da mãe, a partir dos retalhos que nos ficaram, muitas vezes fantasiando, é verdade. Mas a geração que tem que contar o que houve é a que viveu de frente esse tempo louco. Eu tenho a minha obsessão pelo encontro com os diversos passados mal contados deste país. O que me incomoda é essa atitude de fuga, como se o passado mal resolvido não fosse cobrar sua conta. E essa urgência do resgate ficou aguda na fazenda. Escravidão, ditadura, nada foi encarado com coragem.? 
O fato é que, é mais fácil negar a culpa do que admiti-la e perceber o quão coniventes fomos com a violência pregava e consumada no país, o quanto fechamos os olhos para os traços de repressão que ainda há (e nem sempre tão disfarçados), ou que o racismo ainda é um dos problemas principais que temos na sociedade atualmente. É difícil aceitar tudo isso, eu sei. É difícil carregar consigo a culpa de toda a história de um país. Mas, como disse Edmund Burke, ?Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la?. Um problema só pode ser resolvido quando reconhecermos que ele é um problema. Como a personagem Larissa diz em uma conversa com Constantino, ?Depois da escravidão em si, virão outras formas de negação ao seu povo. A pobreza, o abandono, novas formas de exclusão. A verdade será dissimulada, as explicações, oblíquas. [...] Se pudesse levá-lo comigo a ver as cenas que vejo nas ruas, nas empresas, nos restaurantes dos ricos, eu mostraria os vestígios desse passado que tantos fingem não ver. Nas festas das áreas ricas das cidades, os brancos comemoram e confraternizam, e os negros servem e tocam. E circulam invisíveis entre os convidados. Há cenas do nosso cotidiano tão intensamente arcaicas que eu teria pudor em mostrá-las porque parecem o passado do qual precisamos nos livrar. Não te acalmo, Constantino, eu sei. Mas não minto. A liberdade dos seus é o nosso futuro. O sucesso dos seus será o nosso sucesso. Não haverá esperança para todos nós sem vocês. Porém, em grande parte do caminho as pedras mais pesadas serão carregadas pelos seus. Tem sido assim. Não nego.?
Eu diria que esse livro é sobre o negacionismo histórico no Brasil, resumido e exemplificado de forma majestosa pela Míriam Leitão, utilizando de um enredo que abrange ambas as temáticas (escravidão e ditadura) e as interliga, mesmo que remotamente. Além disso tudo, ela tem uma escrita extremamente sensível e tocante, algo que nunca vi igual antes. Não é atoa que durante a leitura tive que parar para respirar, muitas vezes sentindo uma angústia, e me peguei chorando diversas vezes durante a leitura. A autora não só descreve os sentimentos decorrentes da Larissa, de sua família ou do Constantino e seus filhos, como também os faz atravessar a página e alojar-se em nosso corpo; quando há tristeza, sentimos a tristeza. Quando há agonia, sentimos a agonia. Quando há nem que seja um sentimento de ser deslocado do mundo em que vive, da realidade em que estamos inseridos, nós sentimos. Esse livro não nos passa sentimentos que desconhecemos, ou que nos parecem distantes; muito pelo contrário, os sentimentos dos personagens são tão humanos, palpáveis e comuns, que o ato de reconhecê-los é inconsciente. Descrições como ?Nunca soubera como se encaixar. Era como uma peça errada no quebra-cabeça da vida.? são sucintas e simples, e é justamente isso que me admirou. A simplicidade.
Creio que esse livro seja um complemento fascinante àqueles que gostam de livros baseados em acontecimentos do Brasil ou mundo, pois além da leitura fácil e do enredo envolvente, aborda de forma sensível e humana tais acontecimentos que vemos com tanto distanciamento. Indico a todos.
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Nélio 07/08/2019

Terminada a leitura do livro, fiquei com aquela sensação de “ufa, ainda bem que li!”. Antes, estava com muita resistência em ler o romance, mas “detalhes” atingiram minha curiosidade e embarquei no livro! E que viagem!!! Valeu muito a pena, e sobra aquele desejo bobo de leitor que gosta de boas leituras: mais gente – principalmente os amigos - tinha que lê-lo. Uns para aprender mais, outros porque compartilhamos gostos afins, e muitos porque o livro é bom mesmo e tem cara de alguns aficionados por boas estórias (e histórias!).
A autora tem o dom da escrita, claro! Alguns defeitinhos narrativos para mim, mas que em nada tiram o brilho da obra. Quanta pesquisa, quanta originalidade na construção narrativa – digo por mim, é claro! -, enfim, quanta coisa legal de se ler! É uma daquelas obras que tinham que ser escritas mesmo, que não poderiam passar em branco... a gente merece boas escritas!
Temas fortes, controversos, “diabolicamente” provocativos – ainda mais no momento atual do nosso país – povoam o livro. Ele foi lançado em 2014, e traz muita coisa que poderia ajudar muita gente, hoje, a ver com olhos diferentes a escravidão brasileira até o século XIX e a ditadura militar do século passado.
O livro carrega em si uma carga sentimental que nos abraça à medida que vamos conhecendo a vida das suas personagens. Larissa é alguém que nos dá vontade de conhecer de verdade. Todos ali compartilham conosco suas duras vidas e servem, é claro, como lições para todos nós; além de ofertarem o prazer de ler ligado a um desejo quase que permanente de se ler mais um pouquinho, mais um pouquinho, e assim se vai....
Uma daquelas frases fortes que carregamos para o resto da vida: “A dor anônima é a mais cruel, porque não deixa registro”.
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Lorena 07/10/2019

Tempos Extremos é daqueles livros que confrontam o passado antigo, o passado recente e o presente do Brasil de maneira espetacular numa trama muito bem tecida.

Larissa, a personagem principal, é filha de Alice, militante na época da Ditadura Militar e Carlos, também militante e desaparecido político. Não chegou a conhecer o pai. Formada em jornalismo e após certa desilusão com a profissão, resolve cursar História e se identifica na essência com o curso.

O enredo se passa principalmente na fazenda Soledade de Sinhá, localizada no interior de Minas Gerais. A família, incluindo primos e tios, se reúne afim de celebrar o aniversário da matriarca, Maria José. Mas muito além da celebração e o sonho de unir a família, fatos históricos irão vir à tona e mudar o rumo da vida de Larissa e de seus familiares.

Como que escolhida a dedo pelo Universo, Larissa recebe na primeira noite da estadia na fazenda, a visita de uma mulher negra (que em nada se parece com um fantasma) e que a convida para conhecer uma parte esquecida do lugar. A parte da senzala do escravos que ali viveram um século e meio antes.
Enquanto isso, sua mãe e seu tio Helio, travam inúmeras discussões acaloradas sobre a ordem política do país. Hélio serviu ao Exército na época da Ditadura Militar. Alice, como se sabe, fora militante contra o golpe. E o restante tenta, cada qual do seu jeito, acalmar os ânimos dos irmãos.

Larissa resiste por ser tão irreal quanto impossível, mas por fim, cede e passa não só a ver, mas se comunicar com uma pequena família de escravos compostos por: Constantino - o pai, idoso já doente - Bento - o filho, de boa idade e bom porte que acredita na revolução e fuga para conseguir alcançar a liberdade - e Paulina - a filha, que é escrava cativa da filha dos donos da Fazenda e acredita que sua alforria virá após longos anos mimando a dona (de mesma idade) fazendo-a acreditar que a servirá igualmente mesmo após ser liberta. Larissa é chamada por eles para acalmar o coração de Constantino e dizer a ele qual dos dois filhos terá êxito nos planos tão diferentes quanto perigosos.


Escravidão e Ditadura Militar, dois períodos obscuros e tristes da história do Brasil que, brutalmente, censuraram e violentaram das formas mais cruéis e desumanas possíveis, milhares de pessoas nativas e estrangeiras e que não foram encarados e investigados com a devida atenção e respeito pelos governos.

Dentro do enredo, cada personagem tem oportunidade de contar sua história e revelam um pouco desses dois períodos. Não bastasse tamanha importância, o livro ganha mais energia quando Antônio, jornalista e marido de Larissa, chega logo cedo na fazenda, após dias de chuva intensa, com informações fortíssimas do paradeiro de Carlos, as quais ele obteve de uma fonte anonima que decidiu revelar documentos e imagens dos processos de presos políticos.
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Tati 13/03/2021

"Presente e passado convivendo, e ela entrara por alguma fissura. Imaginação? Tudo era real. E impossível."

Três tempos históricos diferentes e interligados. O livro me surpreendeu bastante, a história é muito empolgante e nos deixa pensando em tudo o que já passou e como muitos esqueceram esse triste passado que ainda nos circunda.
Achei que algumas coisas ficaram sem explicação, mas isso não tira o brilho da narrativa. Um livro muito bom, uma volta ao nosso assombrado passado, de uma forma sensível e instigante.
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LARISSAFAMBRI 23/06/2020

Romance histórico
Eu estava com expectativas erradas sobre o livro, achei que seria sobre seca, acredito que pelo título e a imagem da capa. Mas não tem nada a ver com seca! O livro é sobre um romance histórico, aborda escravidão e a ditadura militar no Brasil.

É perceptível a pesquisa histórica que a autora realizou para escrever esse livro, tem muitos detalhes, muitas descrições o livro nesse sentido é completamente primoroso. Você se sente em Minas no tempo da escravidão, são tantas passagens marcantes no livro que chega a ser difícil ler em alguns momentos!

Somente dois pontos me incomodaram, tem muitas descrições repetidas no decorrer do livro, muitas mesmo, o que acaba tornando bem cansativo. Segundo é o romance, a personagem se apaixona perdidamente em menos de uma semana.

O livro é uma leitura muito lenta, mesmo sendo uma história com poucas páginas, vai demorar dias para ler, por ser tão descritivo como comentei e também por não ter ação, é um livro parado, então pode ser que seja difícil engatar na leitura.

No mais, eu achei incrível tudo o que eu li. Principalmente a parte histórica, os tempos extremos que o Brasil sofreu.
Marcos.Alexandre 01/07/2020minha estante
Desculpa mas eu ri do "Achei que seria sobre seca" lkkkkk




Tamara 26/07/2014

Passado e presente, os dois lados de uma extremidade que se cruzam
Estamos dentro da história, mas muito raramente ela encontra-se dentro de nós. Na verdade ela sempre está, porém não prestamos atenção. Vivemos no presente como se não tivéssemos um passado, como se ele já tivesse partido e não importasse mais. Agimos como se este não fosse necessário para compreendermos quem somos e de onde vivemos. Raramente desejamos buscar nossas raízes. Aquelas mais profundas, que estão enterradas no fundo da terra, que estão fincadas nas árvores, nos rios e nos caminhos pelos quais milhares de pés já passaram, milhares de lágrimas já pingaram e milhares de sorrisos já se abriram. Não pensamos em quem esteve antes de nós na terra onde estamos, não imaginamos quem tocou um objeto que também tocamos antes mesmo que existíssemos, não pensamos em quem conquistou algo por nós.
A história gira em torno de Larissa, uma filha do Brasil, uma mulher nascida no seio da ditadura militar, fruto de uma união nascida nessa época. No início da história Larissa vai até uma fazenda no interior de Minas Gerais reunir-se com tios e toda a família para a comemoração do aniversário de oitenta e oito anos de sua avó. Pode-se reconhecer aí claramente a bela e singular cultura brasileira com todas as suas peculiaridades. A vida calma de uma fazenda, a mesa farta, a casa antiga, os móveis rústicos. A tranquilidade das rodas de música e conversa, o frescor das lembranças da infância, a união familiar mesmo com todas as diferenças entre os membros dessa. Larissa foi por algum tempo uma jornalista, porém em certa altura da vida resolveu abandonar tudo e tornar-se historiadora. E com o espírito de historiadora a ao saber de um possível fantasma na casa da fazenda e após presenciar uma suposta visão deste, vai em busca de fatos, investigando a história do local, sendo reportada então ao tempo da escravidão, dos sofrimentos dos negros, da falta de esperança mesmo com toda a força de vontade destes, da precariedade e da desolação. Ao mesmo tempo também é envolvida novamente em fatos da ditadura militar uma vez que seu tio Élio sendo um militar e sua mãe uma opositora da ditadura possuem desavenças desde a época dessa grande ocasião, não perdendo a oportunidade de entrar em conflitos e de remoer o passado sempre que podem. Nessas incursões pela história do Brasil entre o século XIX, XX e XXI, Larissa é capaz de compreender muito sobre a história de seu país e sua família, sua cultura e a sua própria história. Será uma busca de muito desespero, indignação, fascinação e emoção. É impossível deixar de emocionar-se com Larissa, de nos sentirmos tocados por suas descobertas e reflexões. É impossível não querer descobrir um pouco mais sobre nossa própria história.
A estréia de Miriam Leitão na ficção adulta foi muito bem sucedida e impactante, com um livro que nos remete aos locais mais fundos de nossas tradições. Esse é um livro como o próprio título esclarece que fala de tempos extremos. Dos nossos tempos, dos tempos antigos, dos tempos futuros. Tempos que são dotados de extremos tanto positivos quanto negativos. Tempos cheios de conflitos e de soluções. Cheios de histórias e de conquistas. Cheio de grandes acontecimentos e de milhares de pessoas anônimas que fizeram parte deles. Pessoas que contribuíram para a história e que nunca serão reconhecidas, terão uma existência jamais divulgada. Sabe-se que é impossível reconhecer todos que fizeram parte de cada passo da construção de nosso país tanto pela falta prática muitas vezes de registros quanto pela extensão e o número de pessoas. Porém Tempos extremos é uma homenagem silenciosa a todos esses homens, mulheres e crianças. Brancos e negros, ricos e pobres. É uma homenagem singela a todas as pessoas que construíram e constroem a história diariamente. É uma forma de dizer: "Vocês são reconhecidos. Sabemos da sua importância, mesmo que não aparente. Vocês são parte do que hoje somos. Na história, vocês são imortais."


site: http://redescobrindopalavras.wordpress.com/
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