Tempos extremos

Tempos extremos Miriam Leitão




Resenhas - Tempos Extremos


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Raffafust 06/05/2014

Ler " Tempos Extremos" foi uma viagem ao tempo que por ter tido um encontro de blogueiros semana passada com a autora
( promovido pela parceira do blog: Editora Intrínseca) já tinha mais ou menos ideia do que me esperaria na leitura mas devo confessar que superou todas as minhas expectativas.
No livro a jornalista Míriam Leitão nos apresenta Larissa, uma mulher casada e sem filhos, de 38 anos cuja a família lhe cobra sempre o que é comum cobrarem nessa idade : um filho e uma carreira de sucesso. Sem planos de prole mas com a carreira de jornalista tendo fracassado por não aguentar o esquema competitivo das redações ela opta por fazer uma segunda faculdade, História, e é exatamente de história que o livro todo gira.
São os 88 anos de sua avó Maria José, a família inteira irá se reunir na fazenda onde ela mora para comemorarem, Larissa adora a avó mas tem uma certa barreira com sua mãe Alice que nunca foi de demonstrar sentimentos pela filha. Distante e rodeada de mistérios a mãe pouco fala do pai de Larissa. A moça sabe somente que ele sumiu na Ditadura Militar , que lutou pela causa e que sua mãe que também estava presa conseguiu sair viva e grávida da história, Larissa nunca conheceu o pai. Assim, quando a perguntam ela responde que gostaria muito de entrevistar o pai Carlos, mas não para falar sobre morte e sim sobre como ele era em vida, coisa que pouco sabe.
Na fazenda reunidos em família dores do passado surgirão, como seu tio Hélio que era militar e que sua mãe sempre o acusou de não ter ajudado o pai de Larissa. Por mais que a matriarca tente colocar panos quentes, tentando juntar os irmãos ela sabe que a vida não é tão fácil como gostaria, já perdeu seu marido, teve filha torturada e genro assassinado e sente que não chegará até os 90 anos.
O texto é carregado de dramas familiares que nos apresentam melhor cada personagem envolvido, como por exemplo temos no decorrer do livro a importância do marido de Larissa, que é jornalista e vai correr atrás da verdade apresentando a esposa por mais cruel que possa parecer. Mesmo após ouvir dela que não tem tanta certeza se deveriam ainda estarem casados o rapaz não desiste de descobrir a verdade, fica no leitor a dúvida de se por amor a ela ou se por amor a profissão.
Durante os dias na fazenda Larissa vai encontrar documentos do passado no local, vai ter visões de vidas que tiveram histórias fortes e recheadas de dor como a de Paulina e seu irmão Bento, dois escravos que viveram seus piores dias lá , vai ter diálogos com eles sobre o que é certo fazer já que ambos querem a liberdade mas tem medo do que é melhor : enfrentar os patrões ou fugirem. Larissa busca respostas já que está no futuro, e ao mesmo tempo se pergunta se está enlouquecendo por conversar com aqueles fantasmas.
A protagonista acaba vendo que sua vida já é repleta de fantasmas, o de seu pai que nunca foi bem explicada a morte ( ou sumiço) e a que a une a sua mãe, uma mulher fria que ao dizer que a ama contradiz o que demonstra. Pois deve a Larissa desde que ela nasceu afeto, o que ela acaba tentando explicar que somente se pune de ter tido Larissa na hora errada.
O passado e o presente vão unir a história do país em momentos onde os mais jovens preferem esquecer ou pouco sabem. Desde os tempos de escravidão onde se passa a história dos irmãos escravos até a ditadura militar onde Larissa tem sua vida começando mas a de seu pai sumindo nos envolvemos de uma forma deliciosamente intimista onde parece que vivemos naquela época tão explicativas são as cenas e diálogos travados entre os personagens. Pude me sentir na pele de Paulina ao ser vendida e ter os dentes analisados como se fosse uma mera mercadoria e me ver como Alice nua passando no meio de homens que esqueceram que ali estava um ser humano e não um saco de pancadas.
Intenso, forte mas extremamente comovente o final me emocionou, e me fez parar para pensar que não devemos nunca esquecer o passado para que os erros não se repitam no presente. Afinal, quem pouco se importa com o passado não pode reclamar que o futuro não veio da forma que esperava.

Apesar de ser uma obra de ficção, os temas que envolve infelizmente são verídicos e aconteceram nesse mesmo país que vivemos. Que fiquem somente nos livros ou nos arquivos de nossos meios de comunicação. Um livro para se lido e refletido. Parabéns a Míriam Leitão pela obra esclarecedora.


site: http://meninaquecompravalivros.blogspot.com.br/2014/05/resenha-tempos-extremos-da-intrinseca.html
Neiva 15/05/2014minha estante
Comecei a ler agora e estou adorando. Sua resenha está ótima.


Maria 28/05/2014minha estante
Estava procurando uma resenha e achei a sua. Admito que ela me incentivou muito para começar a ler o livro. O momento se tornou muito oportuno, já que a Feira do Livro da minha cidade começa nesse fim de semana e irá contar com a presença desta ilustre autora. Aproveitar para comprar meu exemplar e pedir um autografo :)




Sandrics 11/12/2018

Um período em família para comemorar o aniversário da matriarca em uma fazenda isolada no interior de Minas Gerais pode mudar completamente as perspectivas de Larissa, ex-jornalista, talvez historiadora, talvez meio perdida em si mesma e seus desejos.

O mesmo fim de semana que reabre feridas de irmãos separados pelas suas lutas durante a ditadura militar, também abre as portas para um mundo passado, esquecido e gravado nas paredes da casa da fazenda, um mundo de escravos e sofrimento. A luta de dois irmãos para descobrir de que maneira irão conseguir a sua tão sonhada liberdade.

Quando iniciei a leitura, imaginava que o tema central da obra seria o período da escravidão, mas a autora inseriu o período da ditadura como parte da vida dos personagens e após certo momento este se tornou o tema central. O livro faz uma bela reflexão sobre os dois períodos que marcaram a história do Brasil, muitas vezes utilizando uma narrativa bem poética, que apesar de muito bonita deixou a leitura um tanto quanto arrastada. .
Apesar disso, aprendi muito a respeito da cultura do povo africano escravizado, totalmente ignorada na época e sua dor em não poder enterrar seus mortos, assim como a dor das famílias dos desaparecidos da ditadura em não poder colocar um ponto final nesta história tão triste.

Indico para quem gosta de literatura nacional e histórica.
Lucas 27/03/2019minha estante
ainda estou lendo, mas sinto a leitura um pouco arrastada por conta dessa forma poética de narrar a história. num geral, tô amando a história até o momento. fui boa a sua resenha, parabéns!


Sandrics 27/03/2019minha estante
eu senti a mesma coisa, mas no final valeu a pena. Obrigada :)




LARISSAFAMBRI 23/06/2020

Romance histórico
Eu estava com expectativas erradas sobre o livro, achei que seria sobre seca, acredito que pelo título e a imagem da capa. Mas não tem nada a ver com seca! O livro é sobre um romance histórico, aborda escravidão e a ditadura militar no Brasil.

É perceptível a pesquisa histórica que a autora realizou para escrever esse livro, tem muitos detalhes, muitas descrições o livro nesse sentido é completamente primoroso. Você se sente em Minas no tempo da escravidão, são tantas passagens marcantes no livro que chega a ser difícil ler em alguns momentos!

Somente dois pontos me incomodaram, tem muitas descrições repetidas no decorrer do livro, muitas mesmo, o que acaba tornando bem cansativo. Segundo é o romance, a personagem se apaixona perdidamente em menos de uma semana.

O livro é uma leitura muito lenta, mesmo sendo uma história com poucas páginas, vai demorar dias para ler, por ser tão descritivo como comentei e também por não ter ação, é um livro parado, então pode ser que seja difícil engatar na leitura.

No mais, eu achei incrível tudo o que eu li. Principalmente a parte histórica, os tempos extremos que o Brasil sofreu.
Marcos.Alexandre 01/07/2020minha estante
Desculpa mas eu ri do "Achei que seria sobre seca" lkkkkk




Gustavo 17/05/2020

Qual o elo que une a casa-grande e o DOI-CODI? Essa é a pergunta que, de maneira persistente, a autora busca responder ao longo de sua história.
O autor é apresentado no início da narrativa a uma cena que se aparenta ingênua: a reunião de uma família em meio a uma fazenda isolada no interior das Minas Gerais, motivada pelo aniversário de 88 anos da avó Maria José que sempre é retratada como uma senhora equilibrada e conciliadora, como quem já viveu o suficiente e quer passar seus últimos anos em paz. É o contraste que geralmente se observa entre a calma dos mais idosos e a ansiedade dos mais jovens.

Como fio-condutor que vai orientar a trama a história nos apresenta Larissa, a personagem principal, com seus 40 anos de idade. Carioca, em sua infância é retratada como uma menina tímida e inquieta, a quem os livros eram seu objeto de aconchego. Ao atingir a idade adulta ela se aventura no jornalismo, onde acaba por se apaixonar pelo atual marido Antônio, jornalista que chegara ao Rio de Janeiro vindo de uma temporada como correspondente em Nova York. Ao se conhecerem pela primeira vez em uma festa foi amor à primeira vista, rapidamente acham um apartamento para morar no Rio. Porém, no jornalismo, a incessante pressão pela produtividade e o clima constante de embates implacáveis acabam por consumi-la, e ela envereda pelo caminho da historiografia, reiniciando sua vida acadêmica como bacharel em história e iniciando o livro já com o mestrado. Traçou portanto um caminho que a fez se distanciar cada vez mais do marido com suas constantes viagens em busca de matérias para reportagens.

A história prossegue com relativa calma, até nos serem apresentados Alice e Hélio, respectivamente: a mãe de Larissa e seu tio. Esses dois irmãos viveram num passado que muitos até hoje se esforçam para colocar debaixo do tapete: a ditadura militar brasileira. No entanto viveram dois lados opostos naquele processo, Alice era militante política e lutava contra o regime, enquanto Hélio era militar e deu sua vida em prol da "segurança nacional". Os intensos atos repressivos, com as torturas que Alice sofreu e também o desaparecimento de seu marido acirrou ainda mais o conflito entre esses dois irmãos, rendendo sempre grandes discussões em todas as reuniões familiares.

Larissa então, cansada desse ambiente combativo, tenta de todas as formas se esquivar de tomar partido de algum lado, mas jamais imaginaria que ela seria testemunha presencial de um conflito que ocorreu séculos atrás. Perambulando pelas salas e corredores da fazenda ela acaba por estabelecer contato com Paulina, uma negra escrava que viveu nas Minas Gerais de algumas décadas antes da promulgação da Lei Áurea. Paulina lembra um pouco a escrava Isaura, não pela cor de sua pele, já que realmente era negra, mas por ser uma jovem escrava cheia de dotes e provida de muita inteligência. Paulina tinha um irmão: Bento, que, diferente dela que buscava a conciliação e a compra da liberdade por meios legais, acreditava que a liberdade só seria alcançada por meio da luta. Vemos portanto mais uma dupla de personagens antagônicos frutos de um mesmo período histórico.

Se a liberdade pode ser conquistada por meio da conciliação ou da luta é portanto a questão central que Larissa vai buscar responder, na medida em que novos fatos são desenterrados e trazidos à tona, inclusive sobre o destino de seu próprio pai após passar pelo DOI-CODI. O livro procura mostrar como a repressão sempre fez parte de nossa história, deixando marcas profundas, e como as dores anônimas são muito mais cruéis, porque não deixam registros.

Minha conclusão portanto é de que o livro foi escrito com o propósito de trazer mais consciência ao leitor de como nós brasileiros temos a mania de esquecer nosso passado e se tornar insensível a ele. E de como essa insensibilidade pode ser combustível para que esse eventos se repitam novamente em algum momento. No entanto, por mais que novos elementos fossem adicionados à narrativa, a existência de apenas um tema central acaba por torná-la um tanto enfadonha e sobremaneira confusa, visto que alguns desse elementos são incrivelmente fantásticos, como as visões realistas da personagem, como se ela fosse algum tipo de médium espiritual capacitada e entrar em contato com espíritos de ex-escravos.

Miriam Leitão classifica seu livro como "ficção adulta" e busca externar em palavras o seu próprio sofrimento durante o regime militar. No entanto, se a intenção era escrever centenas de páginas sobre os tais "tempos extremos" - com uma pesquisa que ela fez "ao longo de anos" como diz nos agradecimentos, envolvendo repórteres, historiadores e reunindo diversos documentos - que fizesse então um livro de história sobre a repressão. Me parece um erro querer expor fatos reais num livro banhado em tintas de "ficção", lemos a história e não sabemos se todos os fatos correspondem à realidade ou se foram inventados só para preencher a narrativa. Qual o nível de confiança o leitor deve ter durante a leitura da obra? A partir de qual momento estamos falando de ficção, e não de realidade? Acredito que sejam as perguntas que ficam no ar e que jamais são respondidas.
Moises55 29/04/2024minha estante
Que resenha! Que resenha! Parabéns e muito obrigado pela escrita e análise .




Ana Carla Longo 10/03/2018

Conexões e rupturas de tempos extremos: uma realidade brasileira
Uma história de tempos extremos, conflitos familiares e rupturas causadas por momentos políticos marcantes.

Da escravidão à ditadura, que nos levam ao cotidiano da família de Larissa, a história se aproxima do Brasil que a gente conhece e revela também suas rupturas. A narrativa traz à tona a vontade de conhecer melhor o que se passou nessas terras e cultiva questionamentos sobre o passado que precisa ser revelado e o passado que será sempre uma ferida escondida.

Uma descoberta de um jornalista, uma visitante misteriosa e uma viagem ao século XIX interligam séculos diferentes e famílias distintas na mesma fazenda de Minas. O que une as histórias é o conflito entre irmãos.

Como estudante de jornalismo, gostei de pensar na perspectiva do jornalista da história, mas também me comoveu a ideia de que tempos extremos deixam marcas pra sempre na vida das famílias brasileiras e na cultura nacional.
Jim 07/08/2018minha estante
A resenha foi boa,mas deu zero estrelas para o livro...




Resenhoteca 20/06/2014

Um interessante viagem aos passados
Inicialmente não é um livro fácil de ler, confesso. A forma com que a Autora Míriam Leitão escreve é um pouco complicada e muito detalhista, não que isso seja uma coisa muito ruim. A autora cria uma teia complexa, entre passados e presente, de fatos e acontecimentos que deixam o leitor deslumbrado com as ligações conseguidas com sucesso pela autora.

O leitor vai se envolvendo na história entre os passados e o presente apresentados de maneira muito boa. Mesmo durante as passagens de tempo entre passado e presente a autora consegue escrever de forma suave e bela. Apesar de achar um pouco exagerado a quantidade de personagens: Avó, tios, primos, casamentos que não deram certo e por ai vai...

O livro conta a história de Larrisa, que a pedido da avó, foi intimada junto com todos os tios e primos, para passar um final de semana na fazenda antiga da família que contem muitas histórias e muitos segredos. E assim, como a fazenda, a família também guarda muitas histórias e muitos segredos que aos poucos são entregues ao leitor.

Enquanto isso a história se desenrola entre dois passados: Da Escravidão vivida na fazenda Soledade de Sinhá e da história vivida pela família na época da Ditadura militar no Brasil que até hoje atormenta Irmãos, mãe e filha, desequilibrando a harmonia familiar.

Em meio ao caos familiar, Larrisa se encontra entre os passados, o presente e seus sonhos em uma complexa dúvida sobre sua própria vida.


site: http://www.resenhoteca.com/2014/06/resenha-tempos-extremos.html
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Erlanger 22/06/2014

Liberdade para sonhar
Temas sempre presentes na vida e na profissão de origem da escritora ( democracia, justiça social, igualdade racial e liberdade ) se desprendem da crueza da linguagem jornalística, compondo um romance pungente e instigante - tanto pela curiosidade com os caminhos da trama, quanto pelos sentimentos que as questões, aqui tratadas de maneira sublimada, provocam.
Na sua viagem pela ficção, conduzida pelas apaixonantes Larissa e Paulina e suas sagas, Miriam Leitão rompe com o racional e até com a barreira do tempo, mas, sem resvalar num romance engajado, não deixa de regar sua crença numa sociedade justa e igualitária.
Como disse George Santayna, "quem não recorda o passado está condenado a repeti-lo".
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vinizambianco 27/04/2024

[sobre escravidão, ditadura e as dores e responsabilidades de se viver em tempos extremos]

Fazia muito tempo que Tempos Extremos estava na minha lista de leitura, obra nacional escrito pela jornalista Miriam Leitão, o livro conta uma história mescladas em dois tempos distintos, uma no presente e outra no passado. O foco é uma “grande” família que se encontra para o aniversário da matriarca em uma fazenda no interior de Minas Gerais, a protagonista Larissa começa a ter visões de um tempo passado enquanto luta para conciliar sentimentos do presente.

A narração é feita de forma muito concisa e orgânica, as histórias são unidas de forma muito coerente e em nenhum momento me senti perdido enquanto as histórias eram contadas, os personagens são maleáveis e não são divididos entre mocinhos e vilões, cada um tem suas motivações dentro do período temporal do qual fazem parte.

Creio que de pontos negativos, tem o fato de que os personagens em um primeiro momento são apresentados muito rápido, ainda mais que a maioria são bem coadjuvantes, e segundo que algumas storylines ficaram na minha opinião incompletas, mas foi só um sentimento, muita coisa poderia ter sido esticada para melhorar algumas histórias.

Resumindo, Tempos Extremos é um ótimo livro nacional, consegue falar sobre assuntos sérios como escravidão e ditadura sem ser explicito demais e nem superficial demais, os personagens são interessantes e ao final ficamos igual a protagonista com peso nas costas que recai sobre os viventes dos tempos extremos.
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Socorro Rolim 09/07/2014

O que nos aprisiona hoje?
Sempre fui cheia de encantamento por Minas Gerais apesar de sequer conhecer. Uma história que tem como principal cenário uma antiga fazenda mineira é irresistível para mim.
Deleitei-me com Tempos Extremos.
Surpreendi-me com esse outro lado de Míriam Leitão, esse lado feiticeira, que junta numa poção mágica, quase surreal, dois tempos tão distintos, escravidão e ditadura, dois lugares, Rio de Janeiro e Minas Gerais e sentimentos diversos e conflitantes no meio dos membros de uma família que serve de liga nessa história recheada de História.

Míriam soube colocar com muita sutileza, toda sua alma e também toda a sua experiência nessa obra, um pouquinho dela em cada personagem, mas só um pouquinho mesmo. Nenhum deles foi encharcado pela autora, porém, cada um tem uma pitadinha dela.

A jornalista, a economista, a mineira de raiz, a amante de MPB, a sobrevivente do regime militar, a inegável e revelada amante de História, a mãe agregadora. Todas as Mírians estão lá bem colocadas em suas crias perfeitas.

A história de Larissa e Paulina é conduzida de tal maneira que ao término nos faz pensar que “não há nada de novo debaixo do céu” que as prisões são as mesmas, apenas mudam de forma e de nome, mas nos mantém acorrentados hoje como foi ontem e como sempre será. Assim como eterna, mudando apenas de forma e de nome, será a luta pela liberdade.

Quais são nossas prisões de hoje?
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Tamara 26/07/2014

Passado e presente, os dois lados de uma extremidade que se cruzam
Estamos dentro da história, mas muito raramente ela encontra-se dentro de nós. Na verdade ela sempre está, porém não prestamos atenção. Vivemos no presente como se não tivéssemos um passado, como se ele já tivesse partido e não importasse mais. Agimos como se este não fosse necessário para compreendermos quem somos e de onde vivemos. Raramente desejamos buscar nossas raízes. Aquelas mais profundas, que estão enterradas no fundo da terra, que estão fincadas nas árvores, nos rios e nos caminhos pelos quais milhares de pés já passaram, milhares de lágrimas já pingaram e milhares de sorrisos já se abriram. Não pensamos em quem esteve antes de nós na terra onde estamos, não imaginamos quem tocou um objeto que também tocamos antes mesmo que existíssemos, não pensamos em quem conquistou algo por nós.
A história gira em torno de Larissa, uma filha do Brasil, uma mulher nascida no seio da ditadura militar, fruto de uma união nascida nessa época. No início da história Larissa vai até uma fazenda no interior de Minas Gerais reunir-se com tios e toda a família para a comemoração do aniversário de oitenta e oito anos de sua avó. Pode-se reconhecer aí claramente a bela e singular cultura brasileira com todas as suas peculiaridades. A vida calma de uma fazenda, a mesa farta, a casa antiga, os móveis rústicos. A tranquilidade das rodas de música e conversa, o frescor das lembranças da infância, a união familiar mesmo com todas as diferenças entre os membros dessa. Larissa foi por algum tempo uma jornalista, porém em certa altura da vida resolveu abandonar tudo e tornar-se historiadora. E com o espírito de historiadora a ao saber de um possível fantasma na casa da fazenda e após presenciar uma suposta visão deste, vai em busca de fatos, investigando a história do local, sendo reportada então ao tempo da escravidão, dos sofrimentos dos negros, da falta de esperança mesmo com toda a força de vontade destes, da precariedade e da desolação. Ao mesmo tempo também é envolvida novamente em fatos da ditadura militar uma vez que seu tio Élio sendo um militar e sua mãe uma opositora da ditadura possuem desavenças desde a época dessa grande ocasião, não perdendo a oportunidade de entrar em conflitos e de remoer o passado sempre que podem. Nessas incursões pela história do Brasil entre o século XIX, XX e XXI, Larissa é capaz de compreender muito sobre a história de seu país e sua família, sua cultura e a sua própria história. Será uma busca de muito desespero, indignação, fascinação e emoção. É impossível deixar de emocionar-se com Larissa, de nos sentirmos tocados por suas descobertas e reflexões. É impossível não querer descobrir um pouco mais sobre nossa própria história.
A estréia de Miriam Leitão na ficção adulta foi muito bem sucedida e impactante, com um livro que nos remete aos locais mais fundos de nossas tradições. Esse é um livro como o próprio título esclarece que fala de tempos extremos. Dos nossos tempos, dos tempos antigos, dos tempos futuros. Tempos que são dotados de extremos tanto positivos quanto negativos. Tempos cheios de conflitos e de soluções. Cheios de histórias e de conquistas. Cheio de grandes acontecimentos e de milhares de pessoas anônimas que fizeram parte deles. Pessoas que contribuíram para a história e que nunca serão reconhecidas, terão uma existência jamais divulgada. Sabe-se que é impossível reconhecer todos que fizeram parte de cada passo da construção de nosso país tanto pela falta prática muitas vezes de registros quanto pela extensão e o número de pessoas. Porém Tempos extremos é uma homenagem silenciosa a todos esses homens, mulheres e crianças. Brancos e negros, ricos e pobres. É uma homenagem singela a todas as pessoas que construíram e constroem a história diariamente. É uma forma de dizer: "Vocês são reconhecidos. Sabemos da sua importância, mesmo que não aparente. Vocês são parte do que hoje somos. Na história, vocês são imortais."


site: http://redescobrindopalavras.wordpress.com/
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Literatura 03/09/2014

Nada é o que você pensa.
A autora e jornalista Míriam Leitão é conhecida mundialmente e traz em seu livro, uma escrita bem fluída, por vezes detalhista demais e complicada, porém ela consegue prender a atenção do leitor.

A história se passa no interior de Minas Gerais, na fazenda da Soledade de Sinhá. Larissa se formou em jornalismo, a mesma profissão da escritora, porém decide se voltar para a faculdade de História. Ela, a pedido de sua avó, vai passar um fim de semana na fazenda com seus tios e primos, onde lá possui diversas histórias e segredos do passado da fazenda e da família.

Larissa começa a ter visões de escravos que viveram na fazenda. Assim, a história se desenrola entre passado e presente, no qual essas idas e vindas foram bem escritas pela autora. Existe um excesso de personagens, mas isto não influência o caminhar da história.

Para continuar lendo acesse:

site: http://www.literaturadecabeca.com.br/resenhas/resenha-tempos-extremos-miriam-leitao-nada-e-o-que-voce-pensa/#.VAcwncVdX3Q
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Tomo Literário 04/02/2015

Tempos Extremos - Míriam Leitão
Em “Tempos Extremos”, estreia da escritora e jornalista Míriam Leitão na ficção, publicado em 2014 pela Editora Intrínseca (270 páginas), estão retratados dois tempos da história brasileira. Embora esteja ambientada no século atual, são visitados através dos personagens, os períodos da escravidão (século XIX) e da ditadura (século XX). Esse último a escritora conhece de forma empírica.

No livro, Larissa é jornalista, uma mulher tida como estranha pela família, casada com Antônio, também jornalista. Larissa tem contato com pessoas de outros tempos, na fazenda. Entre os escravos que conhece e “conversa”, vai descobrindo momentos da história no período escravocrata brasileiro e tenta descortinar o que aconteceu com aqueles escravos que estão próximos dela.

Nesta fazenda, localizada em Minas Gerais, mistérios cercam a família que vive alguns conflitos, até mesmo reforçados por diferenças políticas e divergências do passado que carregam até o momento presente.

“Queria que compreendesse minha aflição e meu desterro. A nenhum tempo pertenço. Transito sonâmbula ou insone por uma enorme casa escura. Nela vejo tudo com visão mais aguda do que jamais tive. Encontro pessoas que não são deste mundo nem desta época, mas elas eu entendo mais do que a minha família. São eles os escravos, ou sou eu a escrava de um tempo da qual não pertenço? (...)” Questiona-se Larissa em carta enviada ao marido Antônio.

A narrativa de Míriam é emocionante e o enredo envolvente. As relações dos personagens são densas, assim como a densidade de Larissa, carregando seu jeito introspectivo e por vezes aparentemente tímido. Ao mesmo tempo que a personagem tem voltas ao passado, ela se mostra a frente, com uma busca profunda para alcançar seu objetivo. A história, entremeando o momento presente e dois momentos amargos vividos no Brasil, a ditadura e a escravidão, rompe a barreira do tempo. Larissa é uma mulher que expande-se para o mundo, por meio do seu próprio mundo.

O marido Antônio fala para ela: “(...) Você é complexa, densa, parece ter muitas vidas. O ordinário do cotidiano a derrota. Suas vitórias são menos visíveis. Entendi que a temporada na fazenda, com aquela chuva que manteve todos prisioneiros, permitiu a você viver a intensidade dessa sua paixão pelo passado, pelos detalhes reveladores. Você vê significado no que as pessoas pensam ser apenas decoração. Por isso, surpreende sempre. (...)”

Uma descoberta feita por Antônio lança a reabertura de uma ferida dolorosa para a família. Essa descoberta machuca a alma de Alice, mãe de Larissa, uma mulher que carrega marcas pesadas do passado, que a tornaram dura, de certa maneira. Machuca também Maria José, vó de Larissa, que viveu momentos tensos, incluindo a privação de sua liberdade por atos cometidos pela filha Alice. A história envolve ainda Hélio, tio de Larissa, que em pleno período ditatorial buscava atingir o cargo máximo dentro da carreira militar. A ferida reaberta atinge a todos.

O livro é envolvente, adjetivo que já utilizei para descrever o enredo. A história cativa e provoca o leitor a pensar em momentos da história do Brasil. Um romance ficcional, mas com despertar para a realidade, nem sempre lembrada pelos brasileiros ou por vezes escondida e mascarada. Excelente leitura! Fui totalmente absorto pelo livro de Míriam.

site: http://www.tomoliterario.blogspot.com.br/2015/01/tempos-extremos-miriam-leitao.html
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Dimmi 28/07/2015

Tempos Extremos tem uma bela pesquisa a basear sua narrativa, o que torna seu enredo bem construído e executado e seus personagens sólidos. A início da obra, no entanto, tem baixa fluidez principalmente pelo exagero de explicações sócio-econômicas relativas ao aos diversos mundos em que a obra se passa, o Brasil Colônia, a Ditadura das décadas de 60/70 e o Brasil atual. A força desse trabalho começa na fusão desses três mundos a partir da personagem principal, Larissa, e sua tentativa de se encontrar. A última frase de Tempos Extremos é uma relíquia que deve ser levada na alma.
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Danielle 01/08/2015

MARAVILHOSO
Tempos extremos tem como protagonista Larissa uma mulher de quase quarenta anos que ainda não conseguiu se encontrar profissionalmente, deixou de ser jornalista porque não conseguia lidar com a competitividade do ramo e está pensando em fazer doutorado em história, área na qual ela domina e ama. Larissa sempre foi muito retraída e prefere ficar sozinha no mundo de seus livros do que no meio de muitas pessoas.
A trama se inicia quando a avó de Larissa resolve reunir a família em sua fazenda em Minas Gerais para comemorar seus 88 anos, Soledad de Sinhá é uma antiga fazenda que existe desde a época da escravidão e cheia de estórias como a de uma mulher que se suicidou ali quando o marido a abandonou e que assombra o lugar, é nesse clima que o livro começa, com Larissa vendo um vulto de uma mulher no quarto que está dormindo, logo pensa que é sua prima Monica que está querendo assustá-la, mas descobre que não, mesmo Larissa não acreditando nessas coisas resolve ir dormir com a prima.
A misteriosa mulher em vulto continua a aparecer para Larissa e elas acabam conversando, o que Larissa não esperava é que ela seria o passado daquela fazenda, uma escrava em desespero junto a seu pai e irmão querendo que Larissa ajude-os a descobrir se seus planos para se tornarem livres irão dar certo no futuro. Larissa fica fascinada e pensa se não pode estar enlouquecendo ao entrar em contato com as pessoas do passado, o passado que Larissa tanto ama e vai tentar através dos registros guardados da época na fazenda se pode ajudá-los.
No tempo real a família de Larissa está reunida, mas sua mãe Alice e seu tio Hélio vivem brigando devido estarem em lados opostos na época da Ditadura, o que reflete até hoje essa briga deles. Alice foi presa na época da Ditadura e Hélio era militar. O pai de Larissa desapareceu quando foi torturado e seu corpo nunca foi encontrado. Alice não perdoa o irmão por não achar seu marido e por participar daquela crueldade que foi a ditadura.

Minhas impressões
O livro começa em um clima sombrio, mas logo parte para uma trama recheada de estória em forma de romance, ao mesmo tempo que voltamos a época da escravidão através de Larissa, também iremos viver a Ditadura Militar através das constantes discussões de Alice e Hélio.
Fiquei muito encantada com a leitura, Larissa foi uma protagonista que me encantou demais, me identifiquei demais com ela em alguns aspectos, me emocionei com a estória dos escravos e também fiquei chocada com as reviravoltas que vieram à tona da época da Ditadura.
Amei cada palavra desse livro, e fiquei muito feliz ao saber que a Globo vai adaptar para minissérie a trama, porém ainda sem data de estreia. O roteiro será de Maria Adelaide Amaral, que pediu para incluir na trama o depoimento de Míriam sobre a tortura que sofreu na ditadura. Nem preciso dizer que estou muito ansiosa por esta adaptação.
Recomendo a leitura a todos.


site: www.delirioselivros.com.br
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Delírios e Livros 07/12/2015

Tempos extremos tem como protagonista Larissa uma mulher de quase quarenta anos que ainda não conseguiu se encontrar profissionalmente, deixou de ser jornalista porque não conseguia lidar com a competitividade do ramo e está pensando em fazer doutorado em história, área na qual ela domina e ama. Larissa sempre foi muito retraída e prefere ficar sozinha no mundo de seus livros do que no meio de muitas pessoas.
“Hoje eu sei que pequenas decisões mudam o rumo da vida ou apressam a morte.”
A trama se inicia quando a avó de Larissa resolve reunir a família em sua fazenda em Minas Gerais para comemorar seus 88 anos, Soledad de Sinhá é uma antiga fazenda que existe desde a época da escravidão e cheia de estórias como a de uma mulher que se suicidou ali quando o marido a abandonou e que assombra o lugar, é nesse clima que o livro começa, com Larissa vendo um vulto de uma mulher no quarto que está dormindo, logo pensa que é sua prima Monica que está querendo assustá-la, mas descobre que não, mesmo Larissa não acreditando nessas coisas resolve ir dormir com a prima.

“O tempo parecia horizontal. Presente e passado convivendo, e ela entrara por alguma fissura. Imaginação? Tudo era real. E impossível.”

A misteriosa mulher em vulto continua a aparecer para Larissa e elas acabam conversando, o que Larissa não esperava é que ela seria o passado daquela fazenda, uma escrava em desespero junto a seu pai e irmão querendo que Larissa ajude-os a descobrir se seus planos para se tornarem livres irão dar certo no futuro. Larissa fica fascinada e pensa se não pode estar enlouquecendo ao entrar em contato com as pessoas do passado, o passado que Larissa tanto ama e vai tentar através dos registros guardados da época na fazenda se pode ajudá-los.

“Toda história em enredo. Essa é interessante, mas esquisita, eu nem sei se sonho, vivo ou leio. Se vocês são reais, frutos da minha imaginação, personagens de um livro que estou lendo, delírio. Se estou enlouquecendo.”

No tempo real a família de Larissa está reunida, mas sua mãe Alice e seu tio Hélio vivem brigando devido estarem em lados opostos na época da Ditadura, o que reflete até hoje essa briga deles. Alice foi presa na época da Ditadura e Hélio era militar. O pai de Larissa desapareceu quando foi torturado e seu corpo nunca foi encontrado. Alice não perdoa o irmão por não achar seu marido e por participar daquela crueldade que foi a ditadura.

“Um desaparecido não é morto. Um desaparecido pode aparecer? A que mundo pertence o desparecido? Ao dos vivos? Ao dos mortos? E sempre uma história em aberto, uma biografia parada no ar.”

Minhas impressões

O livro começa em um clima sombrio, mas logo parte para uma trama recheada de estória em forma de romance, ao mesmo tempo que voltamos a época da escravidão através de Larissa, também iremos viver a Ditadura Militar através das constantes discussões de Alice e Hélio.

Fiquei muito encantada com a leitura, Larissa foi uma protagonista que me encantou demais, me identifiquei demais com ela em alguns aspectos, me emocionei com a estória dos escravos e também fiquei chocada com as reviravoltas que vieram à tona da época da Ditadura.

Amei cada palavra desse livro, e fiquei muito feliz ao saber que a Globo vai adaptar para minissérie a trama, porém ainda sem data de estreia. O roteiro será de Maria Adelaide Amaral, que pediu para incluir na trama o depoimento de Míriam sobre a tortura que sofreu na ditadura. Nem preciso dizer que estou muito ansiosa por esta adaptação.

Recomendo a leitura a todos.


ESCRITO POR DANIELLE PEÇANHA

site: www.delirioselivros.com.br
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