@ARaphaDoEqualize 16/06/2014
Resenha: Um Herói para Ela
Quando soube que a nova casa editorial da autora Lu Piras era a Novo Conceito, fiquei muito feliz por mais essa conquista dela. Quando o seu livro chegou, a minha primeira impressão é que seria uma romance que eu fosse gostar, apesar de não ter lido nada a respeito do livro, porém, logo de princípio algo me incomodou bastante que foi o título escolhido, Um Herói para Ela. Deixei, entretanto, minhas besteiras de lado e encarei a leitura. Vamos lá?
Bianca sempre sonhou em ser roteirista mas, trabalha em um escritório de advocacia onde tem que fazer um trabalho chato e aturar o chefe insuportável. Sua vida, na verdade, está uma zona. Principalmente a sentimental: ela não consegue encontrar uma pessoa que a faça feliz. Não consegue encontrar uma pessoa que se encaixe com ela, que seja a sua alma gêmea. E as suas escolhas equivocadas começam a incomodar sua mãe, que de alguma maneira tenta ajudar a filha, com o apoio do pai: inscrevê-la em um curso de roteirista em Nova York e ajuda-la a conquistar seu sonho.
Bianca vai, então, para a cidade das luzes estudar, morar longe dos pais e se acostumar durante um período com um país totalmente diferente do seu. E logo iniciando seus estudos em New York Film Academy, acaba conhecendo Paul, que lhe faz duas propostas suspeitas porém irresistíveis. Mas no meio dessas mudanças, Bianca acaba conhecendo Salvatore. Ele acaba ajudando-a em alguns momentos e, de alguma forma, vão se aproximando. Salvatore, no entanto, é um cara misterioso e que desaparece com frequência. Determinada a saber quem é esse homem que está tirando seu sono e arrancando suspiros, Bianca se vê envolta de muita confusão, mistério e perigo. E um amor que ela luta para ter e conseguir.
Well. Eu não gostei do livro. Toda a estranheza que eu tive com o título à primeira vista foi refletida no texto a seguir. Então, vamos por partes. O título me incomoda pois acredito que ninguém precise encontrar um herói para ser feliz. Precisa encontrar uma pessoa para amar e compartilhar momentos, e no decorrer da história, fica muito, muito claro (mesmo!) que Salvatore não é esse herói. E CASO ele fosse, estaria salvando a Bianca de quê? Não existe um motivo absolutamente justificado para que isso aconteça, pelo contrário. A mocinha acaba salvando o personagem masculino de si mesmo. Uma confusão sem fim, mas okay.
Os personagens secundários, como Natalya - uma russa de cabelo rosa - e Mônica - uma brasileira que sonha em ser atriz da Broadway - estão no livro inteiro e aparecem com frequência, até mesmo porque sempre estão acompanhadas da personagem principal. A primeira eu ainda não consegui compreender se é amiga ou inimiga. Juro. Ao mesmo tempo que ela se diz ajudar, trata muito mal a Bianca e ainda tem umas atitudes que sinceramente, que raio de 'amiga' é essa? A Mônica era pra ser a amiga pirada e desvairada das ideias, mas que me soou forçada e em apenas alguns momentos ela conseguiu ser assim.
O início do livro tem um leve toque de humor que me fez dar um sorriso. Na metade do livro eu já não estava mais aguentando tanta enrolação. Depois ainda vem todo um mistério envolvendo a máfia italiana que eu penso ser muito perigoso de escrever porque corre o risco de ficar superficial, e para o meu pesar, foi o que aconteceu. Mais para o final, confesso que comecei a fazer leitura dinâmica. Outro problema: existe uma mistura gigante de idiomas no livro: português, inglês, italiano e espanhol. Eu não sei, isso me confunde um pouco e é desnecessário. Apesar de estar em outro idioma, mantenha sempre em português pois eu vou entender quando explicado, que estou lendo uma carta em italiano, mas que ela não precisa estar, necessariamente, no idioma. E muito menos com uma nota de rodapé que tomou duas páginas com a tradução, sabendo que a carta em italiano, por exemplo, eu não vou ler realmente por não entender. Eu não estou falando de pequenas frases, que dão um charme para o texto. Mas de textos enormes e frases com mais de duas linhas.
A autora pecou no livro, ao meu ver, em diversos momentos e dos mais variados jeitos. Eu já li Equinócio, seu outro livro e também li A Última Nota em parceria com o Felipe Colbert e sei da capacidade e originalidade da autora, porém aqui, tudo está tão confuso, tão cheio de informações desnecessárias, frases clichês de efeito que apenas me desmotivaram a continuar, e uma enredo fraco onde acredito que foi o erro principal. Atenção, pois não estou falando da capacidade de escrita da Lu, estou falando que nessa história ela acabou se perdendo em sua própria história. A parte do estudo mesmo, dela ir para NY em busca de um sonho fica tão em segundo plano que passou despercebido por mim que ela estava realmente ali para isso. Sem contar que tem umas cenas muito forçadas, onde aparece um certo homem para lhe salvar de uma certa situação por causa de um certo esdrúxulo motivo.
O pior é saber que Salvatore tinha tudo para ser um ÓTIMO personagem. Ele tem uma boa construção, foi pensado de maneira a agradar a maior parte da população leitora feminina por ser gentil, simpático, lindo e carinhoso. Claro, não posso ser injusta dizendo que todo o livro não é bom. Tem algumas cenas realmente bonitas e que em outro contexto teria mexido mais comigo, mas que ali me pareceram deslocadas e que não contribuíram para a história.
Minha nota baixa foi pela falha no livro. A capa é linda, o título mais ou menos, a história perdida e o final tão previsível que deixa a desejar. Alguém que leu, discorda ou concorda comigo? Vou aguardar os comentários de vocês!
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