Martins 02/10/2022
Apenas o começo do declínio de nossa humanidade?
Elevador 16 um conto de terror, suspense e drama escrito pelo brasileiro Rodrigo de Oliveira, e fortemente baseado (ou inspirado) em um doloroso sonho em que o próprio autor tivera durante seu aleatório descanso, evoca o cenário de um enorme prédio, ambientado na grande metrópole de São Paulo, cidade esta que é o lar doce lar do "emprego", da "arte", da "cultura" e também de grandes marcas, sejam oriundas do exterior ou interior do Brasil.
A trama de Rodrigo parte do ponto de vista de Mariana uma jovem mulher de 24 anos, e vale ressaltar que tratando-se de um conto, os personagens não possuem sobrenome! Mari (apelido da personagem), assim como o restante dos seguintes personagens é uma funcionária, tendo uma área do prédio como base de operações, recentemente descoberta grávida, Rodrigo aborda um tema muito sensível por cima da personagem principal, mas a situação não para de piorar, quando ao entrar dentro de um elevador, deparando-se com conhecidos e outras figuras, quatro pessoas entre eles demonstram comportamentos estranhos, e o desespero toma conta, esses quatro convertem-se em zumbis horrendos que não pensam duas vezes, antes de atacarem suas vítimas.
Enquanto Mari e os sobreviventes lidam com perdas trágicas, momentos tensos e a escuridão no prédio atrelada à falta de quaisquer meios de comunicação, pois dado o primeiro suspiro do caos que assola nosso mundo afora, já era de se esperar a queda geral de todos os equipamentos eletrônicos. O legado de George A. Romero é resgatdo depois de muito tempo, em que ao se verem numa situação de extremo perigo, os tais sobreviventes entram em conflito com relação às ações, ditas "éticas" por alguns cínicos e outrora "antiéticas", ao mesmo tempo que são forçados a praticarem os maiores absurdos, visando garantir mais um dia de vida.
O autor se destaca através da escrita, conseguindo transmitir a sensação claustrofóbica ao redor do prédio, e também descrever as cenas mais fortes, envolvendo brutalidade, drama e emoção com maestria! Eletrizante, intensa e criativa. A narrativa apesar de curta e frenética equilibra o mínimo de caracteres, trazendo uma protagonista que por mais que seja alguém frágil e muito sensível não se rende diante o perigo.
E o desfecho também nos faz refletir sobre a questão do ventre.