Euflauzino 29/08/2012A dor do abandono
Há algum tempo ganhei o livro Perseguição digital (Edição do Autor, 202 páginas) em uma promoção e ele ficou dormindo em minha estante. O livro tinha tudo aquilo que me faz querer lê-lo rapidamente: autor iniciante, brasileiro, edição própria, autógrafo (um livro autografado tem um status incrível, se estabelece em outro patamar). Todas as vezes que me deparo com esta combinação meus olhos brilham. Alguns dizem que sou masoquista, mas nem ligo, gosto de novidades, procuro por elas, me atiro de cabeça.
Pois bem, vamos à história: Joana sofre por ter sido abandonada por seu namorido (termo estranho, mas cabe bem aqui), num relacionamento de 5 anos. Ela se sente traída e parte para o ataque utilizando as armas que conhece – invasão de computadores, ou seja, invasão da privacidade alheia. Ela quer descobrir o porquê deste desinteresse abrupto de seu amado.
Até aí nada de novo no front. Uma história de busca pela verdade custe o que custar. Mas Loraine Pivatto mexeu numa ferida que nos dias atuais é “carne de pescoço”, como diria minha tia, criatura cheia de ditados populares, prontos para serem desferidos – até onde podemos chegar neste vasto mundo virtual?
Compreendo perfeitamente a vontade de ficar próximo ao grande amor de sua vida, não digo que aprovo suas atitudes. Mentira... acho que eu faria a mesma coisa. Às vezes me envergonho disso, daí digo que sou escorpiano como se isso me tornasse puro,justificasse meus pecados. Ciúme, o sentimento de posse, me incomoda e de certa forma faz parte de minha personalidade, uma fera que com o passar dos anos consegui domar, mas é como um lobo que quando faminto se volta aos instintos mais primitivos.
A história do livro é sobre abandono, sobre ética no mundo virtual, mas pra mim tornou-se um estudo sobre o ciúme. Desde o início a cara que dei à Joana era a mesma da orelha do livro, ou seja, Joana era Loraine, loura, sorriso aberto, olhos determinados, enfim a beleza em pessoa. Tanto que comecei a procurar sobre a vida da escritora, pra saber se ela havia passado por algo parecido. Não consegui achar nada, foi apenas loucura minha mesmo. Mas isso não diminuiu minha curiosidade. Li entrevistas e percebi que havia sim um pouco de Loraine em Joana, porque não? Como diria Flaubert – “Emma Bovary ces’t moi “.
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