Preta 23/04/2011
Em meio á esse universo de ferro que vivemos, esperamos encontrar alguém com quem criar nosso Mundo de Vidro.
Quem nunca sonhou em encontrar aquela pessoa com quem criar seu próprio mundo? Esse mundo de vidro, delicado, mágico e único que se quebra a cada despedida mas que se refaz a cada reencontro?
Não á nome de cidade, ou nome de protagonistas, somente Ele e Ela.
Está bem: Ele, Ela, Horácio, Paul McCartney... Todos especiais e incríveis entre si.
Ele é um homem sem grandes aspirações, tem o trabalho como um sacrifício, não tem amigos, sua vida é movida á seções de locadora, salgadinhos, refrigerantes e nada mais. É muito sozinho. Até que apaixona-se perdidamente (não estou exagerando)por Ela quando a vê lendo no metrô. Torna-se então um admirador secreto, no sentido de contempla-la de longe, todo dia, sem que Ela perceba. Até que decide tomar algumas atitudes...
Ela é uma mulher independente e está noiva de um homem perfeito, que mora em outra cidade. Está acostumada á galanteios na faculdade, no curso em que dá aulas, na rua, nas palestras... Ela é linda, perfeita. Tem muitos amigos, cuida muito da saúde e aspecto físico (total paranóia com isso, não me digam que não!). Mas não pensem que é daquelas mulheres que se acham superiores, são fúteis... Não mesmo. É daquelas que buscam o equilíbrio em tudo, isso sim.
Horácio e Paul McCartney, Paul McCartney e Horácio... Como não rir, gargalhar, se esbaldar com vocês?
Horácio é um papagaio fêmea revoltada - e com razão! Tem 10 anos de idade, mas seu dono só descobriu que era uma fêmea quando tinha 5 anos... Sua revolta é tanta que acorda seu dono, todos os dias, ás seis da manhã com um alto e estridente 'Levaaaaaaaanta, féla da puta!' e é a única coisa que sabe falar, aparentemente.
Mas, apesar de tudo, você se vê desejando ter um(a) Horácio em casa também, como quando Ele está chorando assistindo um filme coreano/japonês/chinês em casa e Horácio está ao seu lado, chorando com ele. Se é que papagaio chora.
Paul McCartney é um basset muito do tarado, mas que, segundo sua dona (Ela), é muito 'carinhoso, companheiro mas meio carente'. Aham... Ao contrário do que falei do Horácio, não tenho certeza que desejaria um Paul McCartney desses em casa!
Mais do que uma comédia romântica de super bom gosto, O Mundo de Vidro nos mostra como o amor, em meio á suas marés baixas e altas, pode nos transformar por dentro e por fora, e como depende de nós para que não nos afoguemos no processo, e ainda dar esperança para quem já tinha desistido de encontrar alguém especial.
A importância da sensibilidade e da amizade (Sandra e sua Teoria do Absorvente) nesse universo feito de ferro em que vivemos, com dias tão corridos e curtos que acabam tornando difícil cumprir nossos planos e alcançar nossa felicidade. O Mundo de Vidro é isso, uma história que vai te fazer rir, sorrir e gargalhar, mas acima de tudo vai fazer você repensar sobre o que vale realmente a pena correr atrás.
Obrigada Maurício Gomyde por fazer com que essa história tenha caído nas minhas mãos! Realmente me surpreendi com ela e tentei ler o mais demorado que pude, para aproveitar bem a história (não tive muito sucesso nisso, mas não impediu de forma alguma que amasse seu livro). São autores como você - e ja lhe disse isso - que me fazem colocar 'mais fé' ainda na literatura brasileira, tão rica mas tão desconhecida.
E que venham mais!