Mariana 28/02/2022
Julguei bom pela capa e errei
Lembro que há muitos anos atrás vi esse livro na estante da livraria e achei bonito. A capa e o título me chamaram a atenção. Desde então sempre quis lê-lo, mas confesso que sequer imaginava sobre o que se tratava - suspeitava que era uma história de amor, obviamente - mas sem mais quaisquer detalhes. Anos depois, tive a oportunidade e hoje terminei a leitura. Foi difícil terminar, me arrastei muito ao longo das quatrocentas e tantas páginas. Extremamente prolixo, o narrador fala de coisas que não fariam diferença nenhuma para a história, se estende demais, mas esse não é o ponto principal para eu o ter avaliado mal.
Para mim, basicamente, o livro se trata de uma fantasia masculina machista, à la Lolita, em que um cara de quase quarenta anos "recupera sua jovialidade e vitalidade" ao se envolver com uma garota de dezessete anos. Se eu lesse esse livro na época em que eu o vi na estante da livraria, momento que eu tinha a idade da personagem, talvez achasse engraçado, confuso, intrigante. Porém, ainda bem que li hoje, anos depois, quase aos trinta, pois consigo discernir - ao meu ver - um homem se deleitando com uma garotinha, sendo puramente machista. Chega de romantizar esse tipo de situação, chega de retratar as mulheres dos trinta e dos quarenta somente como chatas e cansadas. Chega de achar que isso dá o direito aos homens de serem machistas e descartarem essas mulheres, que se desdobram, que são suas companheiras, que se casaram com eles. Alex e seus amigos tratam todas as suas parceiras assim e não dá para acharmos isso bacana e entendermos o "lado deles". Resumindo, julguei bom pela capa e errei, pois não é bom, não.
Único ponto que achei interessante foi a forma de narrar a história: o autor intercala primeira e terceira pessoa, no mesmo parágrafo, e às vezes, na mesma frase. Isso inclusive me deixava confusa em alguns momentos, mas dá um toque diferente a narração, algo que não me lembro de ter visto antes.