Adib 08/08/2021Amor e ódio.A palavra dualidade é a melhor que conheço para descrever este livro.
Fiquei intrigado pelo quanto desconhecia esta estória que deveria ser ensinada nas escolas de nosso país. Mas que história afinal seria escrita?
Há aquela frase clichê "os vencedores escrevem a história" e o autor faz dela um norte. Pois que histórias estariam escritas em livros onde o adversário era "inimigo" da República recém instaurada? Como humanizar? Para depois destroçar? É melhor transformar o diferente em inimigo, em monstro.
Como imputar ao justo barbáries que outrora seriam impensáveis? Fiéis a si mesmos que pelo menor arranhão em sua honra eram capazes de arrastar montanhas a mover mares? Como a estes ferir? Como sendo um desses expurgar o pobre ao aflito ao morto de fome? Há discurso no mundo que justifique?
Negar. Negar que eram semelhantes, negar que eram homens, negar que respiravam o mesmo ar, negar que mesmo mediante a tanta pobreza também podiam amar, negar que sem comida sentiam fome, a ponto da pele colar aos ossos, negar que sem nada para beber, quiçá as seivas de plantas, eram desidratados até suas peles secarem como a um galho caído longe de seu tronco.
Quão longe o ser humano pode ir longe si mesmo? Quanto ele pode diminuir daquela chama que forma o mais intrínseco de si? Digo que muito, chegando a apagar ao mais puro fogo. Até não restar traço algum de humanidade, e essa fumaça da chama que um dia existiu se desvanece com a necessidade de voltar a se sentir humano.
O livro não foi escrito para afagar. Não foram criados heróis ou vilões. Foram feituras imperfeitas como cada um de nós. Como dois lados de uma mesma moeda, diferentes, mas afinal de contas, moedas só têm valor porque possuem dois lados.
Creio que a obra podia ter sido melhor condensada. Possuí alguma gordura e poucos (mas existentes) personagens sem vida.
Fico feliz em ter lido apesar de relutar no início.
Valeu Dio