ka mcd 05/03/2014
Dias de Sangue e Estrelas
Em Feita de Fumaça e Osso fui deslumbrada pelo talento, imaginação e personagens de Laini Taylor. E, depois de um primeiro livro tão fantástico, eu não queria nada menos do que uma continuação que excedesse ou ao menos se igualasse a ele. E, para variar um pouco, eu consegui o que queria. Laini não nos decepciona em Dias de Sangue e Estrelas.
No final de Feita de Fumaça e Osso vemos Karou viajando até seu mundo destruído, mas é só depois de alguns capítulos que descobrimos exatamente o que aconteceu depois que ela chegou lá e viu sua cidade completamente devastada pela guerra.
Agora, Karou está ajudando Thiago a criar um exército com as almas que conseguiram ser salvas depois do massacre em Loramendi. Enquanto isso, Akiva está de luto e trabalhando para os Serafins novamente. Ao mesmo tempo, vemos Zuzana procurando desesperadamente por sua melhor amiga, pronta para dar a volta ao mundo – ou mundos – para encontrá-la.
Durante a primeira metade do livro, vemos as três personagens narrando, contando seu dia-a-dia, bolando planos e investigando – pulamos de um para o outro frequentemente, mantendo um ritmo constante e instigante. E a melhor parte desses pontos de vistas paralelos é a espera pelo momento em que todos finalmente se encontrarão.
Durante essa primeira metade também é difícil acompanhar o livro. Não por ser ruim ou monótono, mas por ser cruel. São poucos os livros que li que me deixaram de estômago tão revirado e despertaram uma tristeza tão profunda. Isso tudo por causa da guerra. Nossa autora não poupou palavras, descrições e situações para mostrar a perversidade de uma guerra. Para mostrar como são todas tão injustas, infundadas e simplesmente cruéis. Tantos inocentes morrendo, tanto orgulho falando mais alto do que a razão e tantas pessoas boas sendo sugadas para dentro de uma batalha que pode destruir a mais pura das almas.
E, mesmo com todo esse sofrimento, é difícil fechar Dias de Sangue e Estrelas antes da última página. Porque no meio de toda a desgraça, temos a esperança – representada por nossos protagonistas.
“Compaixão gera compaixão, assim como sangue gera sangue. Não podemos esperar que o mundo seja melhor do que aquilo que o fazemos ser.”
Zuzana, como sempre, é adoravelmente divertida e extremamente decidida e, dessa vez, está decidida a encontrar Karou e confirmar que sua amiga está bem arrastando consigo seu namorado Mik. E quando a encontram, Karou está diferente. Ela continua sendo forte e incrível, mas está extremamente vulnerável. Normalmente, ver uma personagem tão abatida quando antes fora tão forte, me deixaria irritada. Mas Laini Taylor soube se manter fiel a Karou enquanto nos mostrava seu lado mais frágil. Ela foi consistente e conseguiu dar ainda mais profundidade à essa personagem incrível!
Akiva, que antes me pareceu tão fraco e chorão, começou a ter mais atitude, a pensar melhor e deixar de ser tão condescendente em relação a seus superiores – tanto ele quanto seus irmãos, Liraz e Hazael. Foi delicioso vê-lo evoluindo e crescendo dessa maneira. Essa parte da personalidade dele fez a química entre ele e Karou finalmente aparecer de vez. Ele e Madrigal a tinham, mas não ele e Karou. E foi maravilhoso esperar ansiosamente pelo reencontro dos dois.
E conhecemos muitos outros personagens (novos, ou não): o Lobo Branco, com quem Madrigal teria se casado; Ten, a fiel ajudante de Thiago; Ziri, um Kirin mais do que adorável; Joran, o imperador dos Serafins; Jael, o irmão de Joran e muitos outros – Serafins e Quimeras na mesma proporção. Além de todos eles, somos também bombardeados com informações sobre a vida que Karou não se lembrava em Feita de Fumaça e Osso, sobre todo o funcionamento do Império Serafim e as tradições das duas raças. E Laini Taylor conseguiu encaixar tudo isso com muita sagacidade, nunca deixando-nos confusos ou entediados.
Dias de Sangue e Estrelas é um livro dinâmico, com muitas reviravoltas e momentos angustiantes. A escrita está mais uma vez impecável e apaixonante, conduzindo-nos até um final enlouquecedor.
Em um livro sobre guerra, jogos políticos, estratégias, miséria e, principalmente, esperança, Taylor nos encanta e mais uma vez promete algo ainda melhor para Dreams of Gods and Monsters - uma sequência recheada de novas revelações e uma batalha final igualmente épica e devastadora.
site: http://blogminha-bagunca.blogspot.com.br/2014/03/resenha-dias-de-sangue-e-estrelas.html