Tamirez | @resenhandosonhos 21/08/2018RANGERS #3: Terra do GeloQuando eu comecei a ler Rangers – Ordem dos Arqueiros, meu principal medo era que por ser uma série longa, o tédio e o desgaste viria para assombrar a leitura. Sei que no terceiro livro ainda é cedo pra concluir algo, mas a cada nova história vejo que isso provavelmente não vai acontecer. Terra do Gelo poderia ter um enredo semelhante aos demais, com algum grande inimigo e algo a ser derrotado, mas resolveu seguir por outro caminho.
Neste terceiro livro tiramos um momento para conhecer melhor nossos personagens e amadurecer junto com eles. Halt, que esteve meio desaparecido no segundo livro, volta novamente ao centro da história e impõe seu valor a trama. Ele é uma pessoa leal e não se conforma em não estar indo atrás de Will. Ele é seu aprendiz e, portanto, sua responsabilidade e para arcar com o peso disso ele está disposto a ir até as últimas consequências.
“Mas, dentro do peito, Halt tinha o coração leve, como havia semanas ele não sentia.”
Essa fato é um aspecto novo do personagem, já sabíamos que ele era leal, porém a forma como ele conduz sua postura mostra que acima de sua devoção com os arqueiro e ao rei está também as pessoas que ele ama, e ele não vai simplesmente ignorá-las. Outro personagem que mais uma vez agrega à trama é Horace. O jovem que no primeiro livro ensaiou se tornar um problema, aqui volta a mostrar seu valor como um aliado bem vindo a Halt. Ele, mesmo em treinamento, já é um excelente guerreiro e isso chamará a atenção de pessoas indesejadas.
Em contraponto a isso temos Will e Evalyn em um navio indo em direção as terras dos escandinavos. Eles são escravos e estão tendo que trabalhar, porém já conquistaram uma certa simpatia entre os homens. Porém nada nunca é fácil e novos desafios vão se apresentar: primeiro Will precisa se manter forte e tentar a todo custo achar uma forma de escapar e, em um segundo momento, precisa simplesmente sobreviver a sua própria mão.
O que acontece com o personagem aqui me lembrou bastante um momento do personagem Fitz da Saga do Assassino. As condições e situações são diferentes, muito mais agravantes no outro livro, mas através da forma debilitada como o Flanagan constrói esse momento para Will, foi impossível não relacionar com o personagem e com aquilo que ele está passando.
Terra do Gelo é portanto um livro de transição, mas, ao invés de querer construir uma história vazia para dar ação a trama, preferiu exercitar as personalidades dos personagens, deixando-os mais palpáveis e humanos para o leitor. Mesmo com o sentimento de que quase não aconteceu nada no livro, esse terceiro volume é o meu favorito até aqui. Acho importante o autor ter tirado um momento para fortalecer seus protagonistas, principalmente esta sendo uma série juvenil, onde normalmente isso não é feito.
Conforme andamos pelo livro é difícil dizer o que virá a seguir. Por mais que todos tenham andado em várias direções, parece que os dois núcleos mais se afastaram do que se aproximaram e a incógnita sobre o que virá fica sobre o leitor. O fim do livro poderia ter acontecido das mais diversas formas, mas veio para dar um alívio àqueles que torcem pela história.
Acho que para quem até o momento gosta da série e está seguindo com a leitura, Terra do Gelo é um ótimo livro e mesmo mudando o foco das batalhas ou inimigos a derrotar, trabalha um aspecto que é tão importante quanto o desenvolvimento desses outros temas. Para o quarto livro, Folha de Carvalho, ainda não sei se o reencontro virá ou se veremos mais uma vez nossos personagens queridos seguindo caminhos diferentes, mas o que sei é que estou ansiosa para descobrir.
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