Isa 20/01/2024
A revolta dos ramos contra a árvore
Na minha primeira leitura, confesso, não havia entendido nem 30% do livro. Entretanto, nessa releitura, compreendi com clareza a mensagem do Lewis que, embora se apresente em menos de 100 páginas, é bastante profunda.
O primeiro capítulo, chamado "Homens Sem Peito", somos introduzidos a ideia de que a educação moderna em nada educa o Homem, no sentido clássico de educação. Ele demonstra isso utilizando-se de um livro didático inglês, chamado por ele de Livro Verde. Pelo contrário, formam ideias que se apresentam maléficas por retirar a própria humanidade do Homem (como é apresentado no último capítulo, cujo nome dá título ao livro), ao reduzí-lo a mero produto da Natureza.
O que Lewis chama de "Tao", nada mais é do que a Tradição, o legado que recebemos da humanidade anterior a nós. E, nesse sentido, só é possível desenvolver essa tradição estando dentro dela, como São Tomás de Aquino o fez a partir de Aristóteles.Tentar julgá-la de fora, como observador, é fazer como Nietzsche: uma moralidade inovadora e desumana.
É interessante notar como o Tao está presente em todas as culturas, com algumas poucas discrepâncias, desde os babilônicos aos cristãos, e vai sendo desenvolvido sempre a partir de seus antecessores.
Por fim, no último e mais impactante capítulo, Lewis traz, em tom profético, o futuro ao qual estamos caminhando. A conquista da Natureza pelo Homem, ou seja, o poder que os avanços científicos parece ser obtido ao homem, revela-se o domínio de alguns homens sobre o resto da humanidade. Tudo não passa de escravidão. Ao acabar com os conceitos objetivos de moralidade, presentes no Tao, está se acabando com o próprio ser humano, que se torna sujeito aos seus desejos, apetites e impulsos. Como um animal. No fim, o homem é conquistado pela Natureza.
Parece que estamos realmente nesse caminho. Para o Admirável Mundo Novo de Huxley.