Nessa Gagliardi 19/08/2010Livros sobre crianças sempre me instigam. Acho que, uma vez mãe, você sempre irá se preocupar com questões como a que Tezza aborda no livro.
É cruel ler naquelas linhas um pai almaldiçoando seu filho, desejando sua morte, quase incompreensível pra quem já pariu um filho, causador de um amor incondicional.
Tezza não mede palavras para falar sobre suas emoções. As expõe de forma nua e crua. Não sei se é possível julgar suas atitudes, desejos e dúvidas ao saber das limitações de seu filho. Acho que só quem passou por isso pode e tem o direito de julgar, e talvez nem estes. Olhando de forma anestesiada e isenta, tentando imaginar minha opinião se hoje eu não fosse mãe, acho que quase consigo compreendê-lo, não sem que isso me cause náuseas.
É óbvio que o estupor de saber da trissomia do filho não é eterno. Aos poucos Tezza percebe as alegrias que o menino lhe dá, ainda que de forma e ritmo diferentes de outros meninos da mesma faixa etária.
Achei o livro bonito, e gostei da coragem de Tezza de expor sua história sem filtros sociais. Só achei um pouco cansativa a narrativa, especialmente nos momentos em que ela retroagia para a solteirice do autor.