spoiler visualizartaehoodliday 28/02/2024
"Os sonhadores não sabem se cuidar"
Não sei se tenho culhão pra escrever uma resenha detalhada nas minhas mínimas impressões que nem eu faço em praticamente todas as resenhas. Esse livro é bem complexo e eu não sou ninguém pra afirmar nada sobre todas as questões que ele tem, ainda mais de maneira sucinta.
Comecei o livro achando que ia encontrar alguém "culpado", que ia ver o momento exato onde tudo começou a desandar. Cheguei no final descobrindo que não é bem assim que essas coisas acontecem. Ele mostra muito sobre como o ambiente que a gente vive influencia em como a gente cresce.
E eu digo isso porque acredito que, sim, o Kevin pode ter nascido com alguma predisposição mais obscura, alguma tendência, mas não tem como negar que o ambiente ajudou muito para que tudo aflorasce.
E a Eva... Depois que eu terminei o livro e fui ver alguns vídeos e ler algumas resenhas e opiniões eu percebi que, realmente, ela não é uma narradora 100% confiável. A gente vê ao longo do livro que ela enxerga tudo que ele faz (desde criança até adolescente) como alguma maldade, e enfim por n motivos, mas é algo a se questionar.
Ela tem um diálogo com o marido dela onde ele diz que, pra Eva, o Kevin sempre chorava demais, ou era quieto demais, ou brincava errado e quebrava os brinquedos... Tudo nele ela via uma segunda inteção (até que de repente passou a ter, talvez).
E o pai do Kevin, o Franklin, um bundão. Se ele não tivesse tão aficionado com essa ideia de família perfeita, de um jeito que impedia ele de ver o que tava acontecendo com o filho, acho que a história poderia ter tido um final diferente. É bem como a Eva comentou em um momento: ele amava a barriga dela.
O momento que o Franklin realmente virou outra pessoa pra mim foi quando a Eva ficou grávida da Celia. Todo o cuidado que ele teve com ela na gravidez do Kevin ele não teve na gravidez da Celia, não se importava com o nome, com o que a Eva comia ou deixava de comer, literalmente não ligava pra nada que dizia respeito a essa gravidez.
Consigo entender que nenhum dos dois, Franklin e Eva, estavam certos em relação a maneira de tratar o filho. Toda essa bajulação do pai foi uma merda, mas não ter essa desconfiança extrema sobre o filho é meio que o natural.
Ademais, a história me deixou bastante perturbada, e não era pra menos. A maneira escolhida de contar os fatos (através de cartas) foi muito acertada.
Fiquei super presa na história, não achei cansativa e enrolada em nenhum momento, tudo que a autora apresentou eu gostei: as questões da mãe com os EUA, que eu vi uma galera dizer que é encheção de linguiça, eu gostei; e as outras divagações da personagem também.
Quando lia eu era tão absorvida pela história que trazia aquela sensação de não estar lendo, parecia que eu tava na casa com os personagens acompanhando tudo.
Meio que sempre soube que gostava dessa temática "família", "relacionamento pais e filhos", mas não sabia que eu ficaria tão ligada na leitura e que seria tão intrigante. Definitivamente vou procurar mais livros com essa linha.