Acad. Literária 22/10/2015
RESENHA - O Guia de sobrevivência a zumbis
Escolha suas armas. Prepare seu esconderijo. Trace uma rota de fuga. Eles estão chegando. E querem seu cérebro!
Se você considera os zumbis meros personagens de filmes de horror, está cometendo um grande erro. Eles estão mais próximos do que nunca e sua fome é implacável. O futuro da humanidade está em risco e este livro pode ser sua única salvação num mundo dominado por mortos-vivos.
O guia de sobrevivência a zumbis oferece proteção total contra os mortos-vivos. Oferece também, uma visão implacável das paranoias das superpotências através de doses generosas de humor bizarro.
Então, pegue seus suprimentos e boa leitura.
Max Brooks entrega aos leitores o guia definitivo para sobreviver ao Apocalipse Zumbi. O livro introduz os conceitos mais básicos até os mais avançados na luta diária que é sobreviver num mundo infestado pelos mortos que andam. Logo no início o autor explica que o guia foi escrito para ajudar pessoas comuns a se virar quando tudo vai pro ralo. Estão presentes no livro conceitos sobre a anatomia dos mortos vivos, formas de infecção, estágios da infecção, forma de mata-los, níveis de insurreições, como escolher os equipamentos certos para quase todo tipo de situação, fugas e locais de refúgio.
No capítulo sobre os mortos vivos, para se ter uma ideia, aprendemos sobre as características do vírus, os sintomas, o contágio e o que fazer quando alguém é infectado. Há também descrições sobre as habilidades físicas dos mortos, seus padrões de comportamento e métodos de caça. Além disso, o autor explica os diferentes níveis de insurreições, que são as intensidades com que o vírus se propaga pelo globo. Por exemplo: no filme Resident Evil - Hóspede Maldito acontece um insurreição de nível 1, que é a mais baixa e acontece em pequenos locais e dura pouco tempo. Já no filme Residente Evil – Apocalipse acontece uma insurreição tipo 2, que é a que afeta uma cidade inteira.
Os outros capítulos se dedicam a mostrar ao leitor qual é a melhor arma, para o melhor terreno, para a melhor defesa. Qual é o melhor veículo para uma fuga e quando o melhor destino e quando tudo isso falha, qual o melhor ataque. Mantendo um tom sério e didático durante toda a obra.
Uma das coisas que eu mais gostei nesse livro, é que muitas dicas podem ser uteis se retiradas do contexto de Apocalipse Zumbi. O autor da dicas de como, por exemplo, trabalhar em equipe e manter a disciplina em situações de perigo. Vai acampar? O livro traz uma lista com os melhores equipamentos entre outras coisas que podemos levar ao mundo real.
De forma velada, o autor também tece críticas à sociedade ocidental, já que após os ataques de 11 de Setembro de 2001, ficamos ainda mais paranoicos com teorias da conspiração e do fim do mundo, principalmente os Americanos, que se mostram “preparados” para toda sorte de ataques. Max Brooks inclusive já deu uma palestra a militares americanos sobre como se preparar para desastres.
O ponto alto da obra são os ataques registrados. No último capítulo do livro, o autor faz um compilado de “registros históricos”, contando a história de pessoas que sobreviveram aos ataques para contar sua história. Algumas delas chegam a datar dos tempos dos egípcios! Curiosidade: Os egípcios, ao realizarem os rituais de mumificação, retiravam o cérebro dos mortos pelo nariz. O autor faz uma ligação brilhante entre a prática e os zumbis, sugerindo que eles começaram a fazer isso após os primeiros relatos de ataques sofridos pelos faraós mumificados. O mais interessante é que apesar de obviamente se tratar de ficção, a forma como o autor escreveu nos faz pensar “será mesmo?”. A riqueza de detalhes é o diferencial do capítulo. Algumas passagens, inclusive, tem o Brasil como cenário.
O livro é todo narrado em terceira pessoa, com exceção dos registros, onde o autor extrai relatos de sobreviventes. A fluidez da narrativa é descomplicada e rápida, já que não existe um enredo ou personagens. A revisão está boa, não encontrei quase nenhum erro. A formatação também está ótima, o problema mesmo fica por conta das páginas brancas, que não são legais para leituras em dias ensolarados. As ilustrações, apesar de simples, são muito uteis para explicar algumas passagens do livro. O guia é dividido em oito partes: “Os mortos-vivos: mitos e realidades”, “Armas e técnicas de combate”, “Na Defesa”, “A Fuga”, “O Ataque”, “Vivendo em um mundo de mortos-vivos” e “Ataques Registrados” e no apêndice há um “Diário de Insurreições”, onde o leitor pode anotar em um espaço reservado onde, quando e o que fazer em caso de possíveis ataques do vírus.
O guia de sobrevivência a Zumbis é uma divertida paródia dos livros de sobrevivência convencionais. Explorando de forma didática tais conceitos, o autor elaborou o guia definitivo de proteção contra os mortos vivos. Recomendo a obra para os entusiastas do gênero, pois neste livro há muitas dicas interessantes que podem ajudar a entender as decisões tomadas por personagens de outros livros de zumbis. E também entender que se tal personagem tivesse tomado uma atitude descrita no livro, poderia ter se livrado de alguma encrenca. Se você não é um fã, talvez essa não seja uma leitura para você, pelo simples fato de que a obra fala sobre zumbis. E, por fim, indico também a todos aqueles que querem se preparar para a invasão iminente dos mortos, isso, claro, se você, leitor não quiser virar lanche de zumbi.
site: http://academialiterariadf.blogspot.com.br/2015/10/resenha-o-guia-de-sobrevivencia-zumbis.html