cbarbugiani 01/07/2022A Luz Através da Janela se passa em 1998 e 1940. Temos como protagonistas a ingênua Emilie De La Martinières e a intensa Constance Carruthers.
Mais uma vez Lucinda magistralmente nos enfia numa máquina do tempo e mescla a vida de duas mulheres para nos narrar de forma quase real sobre sofrimento e amor.
Emilie é o último membro de uma família aristocrata e rica. Sua mãe acabou de morrer.
Mãe e filha não se davam bem, Emilie sempre se sentiu sozinha, sempre sentiu que sua mãe não a amava e a negligenciava, por isso nunca se deram bem, não como deve ser entre mãe e filha. E vamos percebendo o quanto isso molda o caráter de Emilie e o quanto isso a torna frágil. Em minha opinião foi o tipo de relacionamento entre as duas que desculpou o fato da moça ser tão inocente e ingênua, me deixando incomodada e irritada durante a leitura.
Como eu disse a mãe dela morre e Emilie herda o belo châteu da família e junto a ele o vinhedo no sul da França. Deixada sozinha para resolver tudo o que vem junto à papelada e obrigações de uma herança ela se sente perdida. O advogado da família esclarece muita coisa, o quando sua mãe era irresponsável e perdulária e como a família já não era milionária há anos, enfim... Caso Emilie não vendesse vários bens ela não conseguiria manter o châteu, que era o amor da vida do pai dela e nem conseguiria lidar com as dívidas de sua mãe.
Emilie fica dividida entre vender o châteu ou largar sua vida de veterinária e cuidar dele, das vinhas e de todo o resto.
É quando ela conhece Sebastian Carruthers, um inglês mais do que ambicioso e ansioso para ajudá-la a se livrar dos problemas financeiros e sentimentais, ele aproveita da carência da moça, manipula seus sentimentos e a conquista. A história dele está de alguma forma ligada a história da família de Emilie.
Depois de descobrir uma sala secreta no châteu e um misterioso caderno ou diário, Emilie embarca em uma jornada para desvendar a ligação entre as duas famílias.
E esta viagem nos leva a 1940 e as aventuras de Constance Carruthers, ou Connie. Connie se alista no SOE e deixa Londres para se tornar uma espiã na França ocupada e trabalhar com a Resistência. Mas em sua chegada em Paris algo dá completamente errado e ela se vê diante a mansão dos La Martinières e seus segredos.
Daí por diante a vida de Connie está em constante perigo e a autora nos mostra a qualidade de pesquisa na qual ela se esmerou para descrever os horrores da guerra e dos oficiais fanáticos e psicopatas.
Contada em dupla narrativa o livro revela lentamente as aventuras de Connie e seu impacto sobre a vida de Emilie. Histórias passadas e presentes se entrelaçam de varias maneiras e são muito bem articuladas. Dupla narrativa é a assinatura da Lucinda e ela conduz tudo de forma eficaz, sem problemas trazendo-nos do passado ao presente, sem perder nossa atenção no meio do processo.
O livro é rico em personagens bem construídos, mesmo que ás vezes um pouco clichês são tão reais que acreditamos verdadeiramente que existiram em épocas passadas. Enquanto Connie é vista como heroína valente, íntegra e compassiva achei a personalidade fraca de Emilie um pouco menos cativante, mas expliquei no início da resenha o porquê disso.
Lucinda Riley encheu sua narrativa com detalhes suficientes para nos imergir por inteiro no tempo da guerra na França e nos dar uma boa noção de como as coisas eram naquela época.
As voltas e reviravoltas tornam tudo instigante, envolvente e intrigante, senti falta de algumas sutilezas, mas nada que desmereça que o livro entre para os meus favoritos, que foi o que aconteceu.
É uma leitura fácil sobre amor, tempo de guerra, sofrimento, crescimento e segredos de família.