Pabline 29/12/2013
Esse foi um livro difícil de resenhar. Meus sentimentos quanto a ele foram muitas vezes contraditórios, desses de “entre tapas e beijos”. Preparem-se para a resenha de uma garota revoltada.
Nossa história se desenrola primeiramente na França, mas depois os ambientes mudam, tendo como espaços principais a própria França e a Inglaterra. Conhecemos Emilie Idiota de la Martinières, uma mulher que tem todo um legado nas costas; ela pertence a uma das famílias francesas de maior renome. Porém, pelo jeito, parece ser a última descendente dessa antiga linhagem; sua mãe acaba falecendo.
Em meio à fragilidade de encarar sua morte, apesar delas não serem exatamente próximas, Emilie se vê perdida em meio a tantas responsabilidades que acabam caindo em seus braços. Se vê tendo que administra todo um legado, a impedindo de levar sua vida pacata de veterinária – ela sempre tentou fugir desse estigma de grandeza da sua família. Mas em meio à turbulências, não consegue se desfazer do château de sua família, onde cresceu e passou momentos felizes. Decide então reformá-lo – ele precisa de uma bela reforma; e em meio ao processo ela conhece Sebastian ele só não é mais idiota que Emilie Carruthers em uma bela tarde quando lhe conta que suas famílias tem uma relação perdida no tempo.
Com isso Sebastian acaba entrando na sua vida de uma forma no mínimo rápida. E praticamente do nada Emilie é uma mulher casada e com uma vida que ganha ares diferentes em meios a caricias e mentiras. Emile também começa a descobrir coisas do seu passado, e da tal ligação que ela tem com a família de Sebastian. Duas histórias se desenrolam no livro. Uma, em meados de 1999 com a estupida Emilie; e outra em plena Segunda Guerra Mundial, por volta de 1944, onde conhecemos personagens marcantes, e descobrimos um pouco mais sobre pessoas de sua própria família, como seu pai e sua tia. Segredos e mentiras são revelados, e não só do passado.
Não sei se deu para perceber, mas adorei Emilie – ah, o sarcasmo. O inicio do livro foi extremamente difícil para mim, mas não pela narrativa que, aliás, é divina. A autora escreve tão bem, com uma fluidez que nem vemos as páginas passarem, e quando vamos perceber já caminhamos muita na leitura. O problema que tive com esse livro foi por causa dos personagens. Nunca sentir tanto ódio no decorrer de um livro como eu sentir com Emilie. Porque tanta antipatia? Porque ela é uma porta, e não, ela não pode ter 30 anos. No máximo lhe dou 15 u.u
Nas primeiras páginas Emilie faz coisas tão sem noção, tão inverossímeis para a idade dela e para a sua suposta independência. Cá entre nós, ela tem 30 anos e uma vida independente, cair na conversa de uma cara assim tão facilmente, como se não conhece pelo menos um pouco do mundo, foi demais para mim. Minha antipatia se dá principalmente pela relação dela com Sebastian, é algo que definitivamente não consegui engolir.
Primeiro, lá estão eles num restaurante, trocam nomes e algumas palavras, depois a casa é assaltada e ele é todo solicito e diz “não, de maneira alguma irei te deixar sozinha”. E o que ela faz? Permiti, sem desconfiar de nada, que ele durma em sua linda casinha. Mas não para por aí, ele começa a controlar a vida dela, ok, acredito que a personagem sinta que Sebastian está lhe ajudando a tirar todo aquele peso de suas costas, mas tudo tem limite; ela não dúvida da confiabilidade dele em nenhum momento, pelo amor de Deus, ele é um completo estranho. O que é mais agoniante é que Sebastian se mostra todo solicito e perfeitinho, começa a ligar pra um monte de gente para dar uma reformada no château, tomar as rédeas da situação, chama chaveiro para trocar trancas da casa... Aí uma chave se perde e ninguém sabe quem pegou, oh que surpresa. E nessa mesma noite ele inventa de tirar o stress dela com uma massagem, nessa hora fiquei com muita vontade de largar o livro, juro.
Mas calma que não acabou... Ele a pede em casamento pouco tempo depois de terem se conhecido, e arranja o casamento para acontecer em no máximo duas semanas para tirar ela do château. Mas em vez dela repensar esse pedido e pelo menos tenta conhecê-lo melhor, não, ela simplesmente se casa sem saber praticamente nada do sujeito. NADA. Sebastian não conta muita coisa de sua vida, é um cara reservado. VAI SE LASCAR EMILIE. Ok, ela vai morar com ele um tempo na Inglaterra, e o inimaginável acontece, ele começa a pedir dinheiro pra Emilie. Mas daquela forma cafajeste para que ela pense que ele não está pedindo, por favor, ele não quer o seu dinheiro; e sim ela que quer simplesmente ajudar o seu amor. Não, não rolou mesmo. Santa paciência.
Ela é uma porta. Mas não se preocupem, em não inundei vocês de Spoilers, isso acontece nas primeiras páginas. Mas são 90 páginas de pura idiotice, e de querer tacar a mão na cara de Emilie pra ver se ela acorda. Depois disso as coisas melhoram já que começamos a conhecer a história que se passa em 1944. E o livro fica nisso: Na vida presente e nesse passado em plena Segunda Guerra. E é essa história paralela que salva a obra. É simplesmente perfeita, tocante, chega a ter adrenalina. Foi tão emocionante, houve três momentos que praticamente me fizeram chorar em cima do livro.
Mas também tenho uma ressalva em relação a essa história paralela. Ela nos é contada por um senhor muito velhinho. Mas parem para pensar comigo: se o senhor está contando a história pelo o que ele sabe, como esse senhor fofo conhece tantos detalhes que obviamente ele não saberia? Isso me incomodou um pouco, porém nas horas da história que se desenrola na Guerra, tentei exclui o contador de história da minha mente. Porque, ok, a autora se utilizou do personagem para poder nos contar essa parte da trama, mas temos que encarar que é algo totalmente inverossímil ele contar tantos detalhes a la estilo narrador onisciente.
O livro me irritou e isso é vero, porém a história na Segunda Guerra me prendeu completamente; me fez suspirar, praticamente chorar, ficar pregada as páginas, e triste quando ela acabou e ficou só a história do presente com a Emilie. Mas não foi só no começo do livro que essa Emilie ingênua me irritou – apesar do Alex ser um personagem que valorizou muito a história de 1999. A personagem tem aquele velho crescimento ao longo da trama, mas de tanto que fiquei impaciente com ela, nem isso me fez sentir simpatia por nossa protagonista.
Experimente a leitura mesmo se alguma ressalva minha lhe tiver deixado com um pé atrás. A autora escreve tão bem, e sem falar que a história paralela é divina. Ao mesmo tempo em que você sente raiva do quão ruim as pessoas podem ser, você verá que ainda há muitas que valem a pena.
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