gleicepcouto 14/10/2012Vale (?) a pena ver de novohttp://murmuriospessoais.com/?p=4409
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O Primeiro Dia (Suma de Letras) é do autor Marc Levy. O escritor francês possui mais de dez romances publicados e suas obras já venderam mais de 20 milhões de cópias ao redor do mundo. Dois de seus livros, inclusive, já foram adaptados para o cinema. Resumindo, o cara é um fenômeno.
Em O Primeiro Dia, Levy nos apresenta Keira, uma arqueóloga apaixonada pela profissão, que tem como meta achar o fóssil do primeiro homem da Terra. Conhecemos também Adrian, um astrônomo que, por sua vez, está em busca da primeira aurora. Ambos acabaram de ter uma experiência ruim em seus trabalhos anteriores. Keira viu seu trabalho ser arrasado por uma tempestade de areia na Etiópia - o que a obrigou a voltar à Paris. Já Adrian teve que voltar do Chile para Inglaterra quando foi acometido por um mal súbito.
Esses tropeços, por pior que pensem ser, acabam por aproximá-los quando participam de uma apresentação para angariar fundos para suas pesquisas. Somente um deles consegue, mas, a partir dali, seus objetivos começam a se fundir. Por conta de um pingente de uma pedra de procedência desconhecida a vida desses dois profissionais se cruzam e juntos procuram por respostas para esse mistério. O que eles não fazem ideia, entretanto, é que essa pedra é muito mais importante do que imaginam e por isso, vão parar no cerne de uma conspiração que movimenta os quatro cantos do mundo.
Esperei ansiosa pelo lançamento desse livro. Só conhecia Marc Levy de nome, ainda não tinha lido nenhuma obra sua. Então, quando a Suma de Letras resolveu investir pesado no marketing do lançamento de O Primeiro Dia, e consequente de sua continuação (A Primeira Noite), achei que fosse uma boa oportunidade de dar uma chance ao francês. Acredito que muitas pessoas aproveitaram essa chance e se deram bem, mas comigo, o livro não funcionou.
Não posso negar que Levy tem uma escrita redondinha, com poucos erros e não deixa furos na trama, mas precisa mais do que isso para um livro sair do regular e ir para o bom. Vou enumerar algumas.
Narrativa. Apesar de escrever bem e de ter divido o livro em dois PDV (Keira e Adrian), Levy é um contador de histórias bem mediano, se aproximando do entediante. As descrições são superficiais, o suspense passa do ponto, a conspiração não convence nem um pouco. Acho que esse último item foi o que mais me incomodou. Tudo que os personagens conseguem (as pistas, as informações, etc ) faz parte de um plano maior, ou sejam, não é por mérito deles. A impressão que deu é que eram apenas fantoches nas mãos de pessoas misteriosas.
Personagens. Nesse livro, são unidimensionais e pouco carismáticos. Não me surpreenderam em momento algum e não me fizeram querer conhecê-los mais a fundo. Quando começavam a contar/pensar sobre suas memórias e/ou vida, eu bocejava. Nem os que eram mais engraçados, conseguiram arrancar uma risada minha, apenas um leve sorrir.
Pesquisa. Fato que o livro tem um ponto positivo aqui. Há informações interessantes sobre arqueologia, astronomia e outras ciências. Levy, porém, escorregou ao dar um ar didático. Era como se eu estivesse sentada na cadeira do colégio, enquanto o professor ditava a matéria.
Suspense. Sei que o livro tem continuação (lançamento previsto para Outubro), mas o fato de terminar este sem saber do que se trata a tal pedrinha lá, me irritou profundamente. Li quase 400 páginas para ainda continuar no escuro. Legal, hein? #not
Parece que Levy quis criar um grande e emocionante thriller, mas tudo que conseguiu foi uma compilação de coisas no sentido "vale a pena ver de novo". Já vi as fórmulas que ele usou em outros livros e ainda por cima melhor aproveitadas. Uma pena. Levy, para mim, por enquanto, só tem nome; ainda espero por uma boa história.