Tamara 09/09/2019
Há vários anos tive alguns esparsos contatos com livros de Tess Gerritsen, e embora tenha gostado destes, não foram aquelas leituras que nos fazem ter vontade de colocar tudo que aquela autora já lançou na lista de futuras leituras. Por isso, O jardim de ossos, um livro cuja sinopse havia me despertado bastante interesse, rolou por anos na minha lista de desejados e eu sempre passava por ele e pensava: outro dia eu o leio. Recentemente, querendo fazer a leitura de livros que já estavam há tempos na lista de desejados, resolvi iniciá-lo, e posso dizer que essa foi uma experiência muito positiva e instigante, e esse foi um enredo que me prendeu, me encantou e em vários momentos me deixou arrepiada.
O primeiro fator que me chamou atenção nessa história diz respeito a percepção de que Tess Gerritsen não tem medo de sangue, de modo algum, e isso parece óbvio se referindo a uma autora de suspense, mas aqui, ela descreveu com detalhes os assassinatos e também vários procedimentos médicos, pois muitos personagens eram profissionais da medicina, e ao mesmo tempo que aquilo fascinava de um modo meio mórbido, também horrorizava. Além disso, esse ponto de termos a presença de profissionais da medicina foi muito bacana, e gostei de conhecer mais sobre a rotina desses especialistas na época em que viveram, sobre como pensavam, agiam e sobre como as coisas eram conduzidas na época, o que nos faz perceber que a medicina teve uma série de evoluções em menos de duzentos anos e em vários momentos cheguei a me sentir bastante chocada em ver como algumas doenças eram tratadas.
Outro fato que me encantou, e que na verdade é algo que adoro encontrar nos livros, foi a presença de uma narrativa alternada entre passado e presente, sendo o passado narrado em torno do ano de 1830, onde acontece o assassinato, a apresentação dos profissionais da medicina que protagonizam o livro, e é o ponto onde a história foi mais envolvente para mim, e o presente, onde conhecemos Julia, uma professora divorciada que compra uma nova casa e que encontra um esqueleto em seu jardim, o que acaba ensejando toda a investigação e consequente descoberta das tramas e fatos acontecidos no século XIX, e embora tenha gostado dessa parte que se passa no século XXI, admito que não foi a mais empolgante e acho que a história de Julia foi mais um enfeite para nos conduzir ao verdadeiro tesouro do livro que foi a parte do passado.
Confesso que o assassinato e a descoberta da pessoa criminosa não me surpreendeu, e cheguei até mesmo a desconfiar deste, porém, isso não tirou a empolgação da leitura e devorei cada página para ver se minhas suspeitas se confirmariam, e também a autora nos leva a torcer e querer acompanhar Rose e Marshal, dois personagens que tem seus caminhos cruzados e que se tornam muito interessantes, e ela especialmente me causou uma empatia imensa, pois foi uma mulher forte, guerreira e disposta a tudo para salvar sua família, isso em um tempo onde mulheres eram vistas como submissas e raramente eram as próprias protagonistas de suas histórias. Dessa maneira, posso dizer que O jardim de ossos foi um livro empolgante e interessante que supriu as minhas expectativas e agora me deixou com vontade de ler mais livros dessa autora, e acredito que para os fãs do gênero, essa pode ser uma leitura muito agradável, e sangrenta também, é claro.