Livretando 16/01/2014
Resenha Branca de Neve e o Caçador
Contos de fadas nunca foram historinhas para dormir... ''Branca de Neve e o Caçador'' mostra isso muito bem. Um pouco diferente do conto que conhecíamos, aquele clássico que os Irmãos Grimm o tornaram um sucesso que invade gerações desde 1800. Nessa nova adaptação escrita por Lily Blake - adaptado do roteiro do filme - Branca de Neve é além de princesa, uma guerreira. Vale a pena ler, pois todo um enredo é adicionado. A Rainha Má continua bela, agora sendo chamada de Ravenna. Tem um irmão chamado Finn, que é sua mão direita, seu defensor e seu escudeiro. O caçador Eric, ganha mais destaque nesse enredo, e não existe toda a encenação de velhinha boa vendedora de maçãs.
"Então, quem você será quando for confrontado com o fim? Quando os abutres estiverem circulando. E as sombras descerem. Você se curvará? Ou lutará? Seu coração é feito de vidro ou da pura cor, Branca de Neve?" Pág. 7.
Ravenna sempre teve uma vida difícil, até o Rei resgatar ela e seu irmão e a tomar por esposa. Mal sabia o Rei que sua noite de núpcias seria um banho de sangue. Em um momento de compaixão, a então rainha resolveu poupar sua enteada da morte que assolou o reino, mal sabendo ela que esse além de ter sido um dos atos únicos de bondade que ela fez, foi também um golpe de sorte. Branca crescia aprisionada sem direito nem ao menos de ver o sol, muito menos de senti-lo. Foi então que o espelho mágico, sim, o clássico: Espelho, espelho meu... revelou um segredo bastante óbvio para qualquer ser humano que teve uma infância: para a rainha continuar sendo a mais bela, Branca de Neve já não pode existir.
"Espelho, espelho meu, quem é a mais bela de todas? - perguntou. A superfície do espelho ondulou. Um líquido se derramou no chão próximo aos pés de Ravenna, se transformando em uma estátua de bronze tão alta quanto ela. A figura estava envolta em tecido grosso, mas refletia o quarto ao seu redor. O rosto do homem-espelho refletiu exatamente o rosto de Ravenna. - É você, minha rainha - disse - Outro reino cai para vossa glória. Não há fim para seu poder e sua beleza?" Pág. 18.
A partir daí o livro começa a ser preenchido das aventuras vividas por ''Branca de Neve e o Caçador'' em busca do reino de um Lorde amigo do Rei e do filho do Lorde: William, amigo de Branca. Não sabia que o livro iria ter continuação, mas é o que o final passa... não terminou de uma maneira que contos de fadas terminam, mas quem sabe se foi essa a ideia que Lily quis passar? Tenho a impressão que não. O livro é cheio de seres mágicos como Fadas, Ogros, árvores que falam, pássaros ajudantes, anões. Branca não fica em casa esperando seu príncipe arrumando a cama de anões amáveis... aliás, amáveis é o que eles não são nesse livro.
A protagonista luta para libertar seu povo das mãos da terrível rainha que só quer roubar a vitalidade das moças bonitas do reino e deixar o restante passar fome e sem ter onde morar. Após a fuga é que Branca percebe o quão o reino está arruinado e o sentimento de revolta a preenche instantaneamente. Agora, ela além de proteger e lutar pela sua vida, a vida de todo o reino vai ser posta em jogo.
"Fechou os dedos em torno da garganta da jovem. Rose abriu a boca para gritar, mas não saiu nenhum som. Ravenna podia sentir a essência da juventude da garota se derramando, um poço de energia esperando para ser desfrutado. A rainha se inclinou para trás, deixando a energia fluir da boca de Rose para a dela, enchendo-a de energia e juventude dos dedos dos pés até o alto da cabeça. Sentiu sua pele esticar. A mão que segurava a garganta de Rose parecia mais jovem agora, as manchas de idade haviam sumido. Seus ombros não estavam mais curvados. Ravenna ficou ereta, sentindo o poder pulsar. Viveria para sempre dessa maneira, manteria a beleza da juventude." Pág. 43.
Resumindo: O conto de fadas foi modificado, mas ainda deixou suas raízes bastante marcadas. Porém o conservadorismo não foi mantido, a parte de o príncipe ser o herói foi suavizada deixando a princesa brilhar dessa vez. Ocorreu uma junção dos dois lados, fazendo as duas partes serem bastante importantes no final. Apesar de ser um livro praticamente cem por cento previsível, é uma leitura muito boa, tranquila. Fãs do conto em questão vão amar, mas isso não impede que os que não são fãs não se tornem. Quanto ao design do livro, a editora caprichou. Desde a primeira capa até a quarta capa. A diagramação, os começos de capítulos, o tom sombrio... tudo foi muito bem feito. Claro que recomendo, só não acho que deva ir esperando algo inédito.
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