Thai Zavadzki (@meowbooksblog) 18/01/2024
Poético.
Amante Renascido é o 10° livro da série Irmandade da Adaga Negra, que traz um personagem muito marcante lá do 1º volume, Tohr, que acabou passando por uma tragédia, a perda de sua amada esposa e, com isso, sumiu, ficando vários livros desaparecido sem que soubéssemos o que tinha acontecido. Ele retornou e a dor da perda não permite que ele volte a ser o mesmo que conhecemos, seu luto e apego à esposa falecida, a prendem em uma espécie de limbo, de onde ela só irá sair se Tohr seguir a vida.
Penso que o grande lema desse livro é ?amar, às vezes, também é deixar ir?. É uma história sobre amor, redescoberta e luto, e eu acho louvável a autora querer tratar de um tema mais profundo, não julgo que ela tenha ido mal nessa missão. J. R. Ward conseguiu representar muito bem a dor da perda em uma trama que mostra todas as fases do luto de uma forma de nos envolve, nos causa empatia. Dá para entender os conflitos internos de Tohr, dá pra sentir a dor junto com ele. A única coisa que me incomoda, é a completa ausência de amor próprio da No?one/Autumn. Teve explicação para isso, eu entendi e considero crível, ela passou por coisas horríveis e se punia por elas, mas eu achei que isso não foi tão bem construído quanto deveria. Acredito que o foco ficou muito no Tohr e nos sentimentos dele, sendo que tinha um potencial enorme do outro lado que, embora tenha sido trabalhado, poderia ter um quê a mais para o impacto no final, quando Autumn se redescobre, ser maior. Aliás, o desfecho em si é meio corrido e deveria ter um zelo a mais, porque tem acontecimentos bem fortes, porém, é tudo muito rápido e difícil de absorver o todo.
As tramas secundárias são muito interessantes. Por exemplo, temos uma construção em torno da relação de Xhex e John, que vamos ser sinceros, era meio claro que precisaria de mais depois do livros deles. São duas pessoas muito diferentes, com princípios diferente e era óbvio que isso resultaria em conflitos. Gostei muito da forma como a autora desenvolveu isso. Geralmente, nesse tipo de série (com vários casais), as autoras tratam de um casal em cada livro e ponto final (eu me incluo nisso, quando escrevia, também só tratava os casais no livro deles e fim), o que não é errado, mas eu estou achando muito interessante essa abordagem da J. R. Ward, que ainda desenvolve casais antigos em novos livros. Obviamente não dá pra ser como o livro anterior, o qual o casal que era pra ser principal acabou ficando em segundo plano em detrimento de outro que já tinha tido sua história apresentada, mas relações são complexas e faz sentido que em uma série sequencial haja ainda um leve desenvolvimento de outros casais apresentados anteriormente. Acho que é um dos diferenciais dessa série, que é ótima.
Depois dos últimos volumes, achei que ia acabar desapegando, mas a verdade é que esse livro reacendeu meu gosto por essas histórias. É como me disseram quando comecei a ler: alguns livros são piores do que outros, mas o que são bons, são realmente bons. E foi o caso desse. Penso que conseguiu trazer um casal legal, desenvolveu a mitologia dos vampiros, antigos casais, além de mostrar certa profundidade que nos aproxima mais do personagens e do próprio enredo. É o livro mais poético da série até aqui, uma história muito bonita, que tem seus defeitos, mas ainda assim possui um encanto notável, focado nas fragilidades humanas (no caso, vampirescas, haha)