Van Tourinho 27/11/2015“Viva Para Contar” é um livro que não poderia ser descrito com outro adjetivo se não “surpreendente”; uma história que tem como fundo, crianças psicóticas, um tema forte, e assustador algumas vezes. A pesquisa que a escritora fez para construir este livro foi tão bem feita, que eu me senti assistindo a um episódio de CSI. E os personagens foram tão verossímeis que tive a impressão de que eu os conhecia, de que eu podia cruzar com eles fora das páginas do livro.
Danielle é uma mulher forte durante quase o ano inteiro, menos quando se aproxima da data de aniversário da tragédia que abalou a vida dela. A proximidade desta data a deixa fragilizada, dependente, desconcentrada. E conforme vamos virando as páginas, podemos entender por que vinte e cinco anos depois, do que aconteceu, ela ainda se sente tão insegura.
Victória é uma mãe que sozinha enfrenta a doença do filho. Sem ninguém para ajuda-la, ela é totalmente dependente da vida do filho. Mal dorme, mal se alimenta e vai sendo consumida pela responsabilidade de ser mãe de uma criança psicótica. Eu pensava: “Mas por que diabos ela ainda não internou o filho? Ele vai crescer, até quando ela vai aguentar essa vida?”, mas a resposta é simples: Victória é mãe. Uma mãe que, como qualquer outra, faria de tudo para manter o filho ao seu lado, e tentar fazê-lo feliz, mesmo que isso possa mata-la. E isso é algo que eu nunca vou entender, enquanto não for mãe.
De todas as três mulheres, Victória é a que mais me tocou. Ver seu esforço, sua solidão, seu sacrifício, tentar entende-la foi uma experiência bastante satisfatória.
Acho que a única coisa que me irritou e não gostei no livro foi da sargento Warner. Ela chegava a ser detestável, odiável, na maioria das vezes. Talvez a insistência dela, a pressão que ela colocava nos interrogatórios para tentar solucionar seus casos, tenha me irritado, mas no decorrer do livro (lê-se: nos capítulos finais) sua personalidade se tornou mais agradável, o que me faz pensar que talvez ela não tenha sido uma personagem tão verossímil assim.
Mas o que mais me incomodou na sargento foi sua compulsão por sexo. Seus pensamentos sobre o sexo surgiam em horas impróprias e isso me fez pensar que talvez ela tivesse adquirindo a personalidade compulsiva das crianças psicóticas, só que ao invés de ficar pensando “eu quero matar, eu quero matar, eu quero matar”, ela pensava: “eu quero transar, eu quero transar, eu quero transar”.
O engraçado é que Victoria e Danielle foram personagens marcantes, mas D.D. Warner, justamente a que eu menos gostei é a protagonista do livro. Segundo as informações que há no próprio livro, Lisa Gardner já está trabalhando na próxima história da investigadora Warner, e estou curiosa para ler e descobrir se irei sempre odiá-la (a detetive) ou irei passar a admirá-la.
Apesar de minha antipatia com a Warner, eu simplesmente amei o livro. Uma história diferente, intensa, forte, tocante e, claro, surpreendente.