Ana 04/06/2019
Porque AMEI Fantasmas do Século XX
Hoje trago para vocês Joe Hill. Filho de nosso amado Stephen King. Fantasmas do Século XX uma coletânea de contos incrível, que reúne 17 contos. Alguns de terror, outros melancólicos e sobrenaturais, e em um deles não existe nenhum traço de terror, chegando a ser doce… Traz o toque de Stephen, de dar vida a objetos comuns e transformá-los em pesadelos, mas também traz muito do cotidiano comum e da fantasia por si só.
Agora vamos aos contos:
O Melhor do Novo Horror: Conta a história de Eddie Carroll, que é o famoso editor de uma coletânea de horror. Certo dia ele recebe um conto que o deixa extasiado como há muito tempo não ficava e ele se sente impelido à procurar incansavelmente pelo autor da obra prima. Um triller de suspense envolvente que tem um final perfeito!
Fantasma do Século XX: Lindo e comovente, leve e doce. Me senti tocada como a muito tempo não me sentia depois de ler uma história de fantasmas. É a história de Alec, de 73 anos, que possui um cinema clássico e, desde que se lembra, o cinema é assombrado pelo fantasma de uma menina que gosta de conversar sobre os filmes.
POP ART: Muito doce e comovente. Conta a história de um menino um tanto delinquente que tinha como melhor amigo um menino inflável chamado Arthur. Sim, o menino é realmente inflável. Não fala, tem a pele branca como cera, e só consegue escrever com giz de cera e, como tido balão, sua maior fraqueza é qualquer coisa pontiaguda. Fala basicamente sobre amizade e sobre coisas frágeis. Me fez chorar.
Vocês Irão Ouvir o Canto do Gafanhoto: Nesse conto, conhecemos Francis Key, que, ao acordar num belo dia, descobre ter se transformado num inseto, num gafanhoto gigante. Sim, esse conto é uma bela mistura de Willian Borroughs, Kafka e o filme O Mundo em Perigo, e fala sobre um garoto quase invisível e metamorfose de um menino doce em um assassino.
Os Meninos de Abraham: Esse conto de suspense é incrível. Conta a história de dois irmãos, Max e Rudolf, cuja mãe morreu e desde então vivem com o pai, médico. Os meninos têm uma educação muito rigorosa e de repente começam a descobrir que talvez o pai não seja a pessoa que eles sempre pensaram que fosse. É impactante e a conclusão desse conto também é muito boa.
Melhor do Que Lá em Casa: Esse me chamou muito a atenção, é lindo e comovente. Não é de horror nem suspense, nem sobrenatural… Ele simplesmente fala das relações e da vida de um menino, Homer, autista moderado e os seus pais, tia, terapeuta. É lindo, é esclarecedor, é apaixonante. Homer é garoto incrível e sua relação com seu pai é linda. Esse também me fez chorar.
O Telefone Preto: Esse me tirou o fôlego. Suspense e horror se misturam nesse conto que conta a história de um menino que foi sequestrado por um serial killer da região e, enquanto aguarda seu assassinato um tanto atrasado, é trancado em um porão aonde existe um telefone de parede preto que não funciona. Muito bem escrito por Joe Hill, o que não é nenhuma surpresa, esse é um dos meus preferidos da coletânea.
Encurralado: Outro suspense de tirar o fôlego. Encurralado fala sobre Wyatt, um homem disléxico que trabalha em uma locadora de vídeos e não se dá bem com sua colega. Não quero falar mais nada sobre ele com medo de revelar algum spoiler. Só digo que é bom, é incrível e deixa na gente aquele sentimento de quero ler mais… quero saber o que acontece…
A Capa: Um conto de fantasia bem legal que conta a história de dois irmãos, Nicky, o mais velho e Eric, o mais novo. Eric é uma criança de sete anos apegada à uma capa que um dia foi um cobertor de bebê e que lhe dá poderes de voar. Esse conto fala sobre a ligação entre irmãos, e até que ponto somos responsáveis pelo rumo que nossa vida toma. É um belo conto.
Último Suspiro: Curtinho e bem interessante, fala sobre o Museu do Silêncio, aonde o Doutor Alinger coleciona últimos suspiros de pessoas famosas ou pessoas comuns.
Madeira Morta: Esse é muito pequenininho, conta relatos de plantas fantasmas, como o de florestas aparecendo do nada em lugares inusitados e quartos cujas pareces vertem seiva. É bonito e tem profundidade.
O Desjejum de uma Viúva: Conto perturbador que nos apresenta Killian, um homem andarilho que cruza o país embarcando nos vagões dos trens de carga. Ele perde seu amigo de caminhada, Cage, e se sente desnorteado e sem rumo, quando encontra, em sua parada, a cabana de uma viúva que vive com suas meninas. Faz pensar sobre perdas e a forma bizarra e destoante que crianças e adultos têm ao se tratar da morte.
Bobby Conroy Volta dos Mortos: Esse não é um conto de terror. Ele chega a ser um pouco cômico e romântico. Fala sobre um casal que foi namorado no colegial se encontrando no mesmo set de filmagens de um filme de zumbis. Ambos são zumbis e existem criancinhas zumbis… é bem leve e, poderia dizer, fofo.
A Máscara do Meu Pai: Esse é um conto perturbador. É bom, de verdade, fala sobre uma família: mãe, pai e filho, que vão passar o final de semana na cabana do avô morto e precisam, ou querem, ficar o tempo todo me máscara no rosto. Fiquei com gostinho de quero mais na boca, queria que o conto fosse mais desenvolvido, que explicasse mais a questão das pessoas de baralho e as crianças e tudo o mais. Quem sabe no futuro não se transforme num livro de Joe Hill? Essa é uma esperança.
Internação Voluntária: Conto surpreendente e fantástico que conta a história de dois irmãos. O mais novo, diagnosticado com esquizofrenia e várias outras coisas, tem um hiperfoco em construções e vive com as mania de construir labirintos e fortes repletos de túneis usando caixas de papelão no porão de casa… Aonde esses túneis vão parar, o que eles escondem. Me senti vazia e órfã quando o conto acabou, quera que fosse um romance inteiro, de mil páginas… queria desvendar mais desse enredo.
A Máquina de Escrever de Cherazade: Pela primeiras vez na história da humanidade (rs..) uma história foi incluída nos agradecimentos, e esse é o caso desse último conto. Após a morte do pai, que tinha o hábito de escrever todos os dias três páginas na máquina eletrônica, Elena descobre que sua maquina de escrever eletrônica no porão continua escrevendo três páginas sozinha todas as noites religiosamente. É fofo e uma conclusão perfeita para uma coletânea de contos de terror.
Cada um dos contos com sua peculiaridade e seu toque peculiar de Joe Hil, não preciso nem dizer o quanto recomendo esse livro.
É incrível e completo, e mal posso esperar para ler outras coisas dele…
site: https://livrosviciam.wordpress.com/2019/06/04/fantasmas-do-seculo-xx/