Alineprates 01/03/2012Quando comecei a leitura eu não sabia direito o que iria encontrar e com o passar páginas me diante de um suspense, tenso e original. A principio o livro parece se tratar de um drama, mas no decorrer da história você se vê com um excelente suspense na mãos.
O livro é narrado em primeira pessoa, então vemos tudo com os olhos de Shelley uma jovem de 16 anos que sofreu bullying, mas de uma forma tão violenta que precisou sair da escola. É impossível não sentir compaixão de Shelley. São as próprias amigas que a excluem e fazem todo tipo de humilhação possível a ela. Na primeira parte do livro, Shelley narra como tudo começou e todo os atos violentos que ela passa a sofrer. Até acontecer algo tão chocante que vira caso de policia e Shelley precisa deixar escola.
Me senti muito tocada, ao vivenciar a história através de Shelley a forma fria come ela descreve os acontecimentos e principalmente o medo que ela sente da garotas. Ela sente alivio ao sair da escola, mas por que não quer estudar, mas por não ter que voltar a enfrentar " as envolvidas" (como ela chama as garotas), ela sente medo das meninas, ela tem pavor.
Em meio a toda esse situação existe também o divorcio de seus pais. O pai dela deixa a mãe de Shelley por uma moça bem mais nova e arranca tudo o que pode da ex-mulher e da filha. A mãe de Shelley também é um rato e tem medo de brigar por seus direitos, medo perder a guarda da filha.
Quando as duas se mudam para o chalé madressilva é visível a alegria delas, por estarem sozinhas sem ter que encarar ninguém ninguém. Shelley passa a ter aulas em casa com dois tutores e viver tranquilamente com a mãe. Até que um ladrão entra na casa e cansada de ser humilhada, estourando seu limite Shelley reage.
A partir daí o livro vira um thiller piscologico perturbador, é impossível parar.
Ratos tem um enredo tenso e original, uma história bem desenvolvia. A narrativa feita em primeira pessoa, coloca o leitor na pele de Shelley, fazendo com que a história fique ainda mais marcante.
O autor também não poupa cenas de violencia narrando de forma detalhada e bem estruturada. Os personagens são profundos e bem elaborados: Shelley ambígua e extremamente analítica, sua mãe Elizabeth é uma personagem séria, contida e prática.
A história mexe com o emocional do leitor, nos fazendo perguntar até onde vai o limite de alguem? E quando ele acaba do que as pessoas são capazes?
Durante a leitura eu fiquei pensando: eu já fui um rato.
Tinha medo das pessoa, jamais discutia com ninguém... Eu não sei em que momento da minha vida isso mudou, mas o fato é que eu também tive minha "gota d'água". Hoje eu não tenho medo de falar o que eu penso, de expor minha opinião, dar minha cara a tapa, enfrento as pessoas numa boa (não estou falando de brigas, ou violência, tá gente?!). Meu marido costuma brincar que eu devia ser advogada porque eu adoro contestar, tenho argumento para tudo e nunca entro em uma discussão para perder. Bom o que estou querendo dizer é que as pessoas um dia cansam de serem tratadas como lixo e terem sua boa vontade abusada. Então a história é totalmente cabível, afinal até os ratos tem uma cota de tolerância.
Eu li ratos em um piscar de olhos e ele me surpreendeu muito, a escrita do autor a forma como ele consegue encarnar um menina de 16 anos, a história e as cenas brutais. Fiquei chocada em algumas partes, triste em outras e até mesmo aliviada em algumas. Mas o tempo todo pensava: Nossa esse livro é muito bom! Tenho que falar dele no blog, tenho que indiciar.
É uma leitura que merece atenção, principalmente por que você não sabe o que esperar, é como um excelente filme de suspense, você nunca está preparado para o que realmente vai acontecer.
Quotes:
" - Ninguém sai impune nos filmes porque não se pode ter uma boa audiência que acredite que o crime compensa. Mas não estamos em um filme: essa é a vida real. E na vida real as pessoas fica impunes o tempo todo."
"Sentira tanto medo por tanto tempo que estava certa de que não suportaria a menor ofensa."
"Eu me livrei do restante das cordas que prendiam minhas pernas, peguei a faca sobre a mesa da sala de jantar e corri para o jardim atrás dele."