Dupla Falta

Dupla Falta Lionel Shriver




Resenhas - Dupla Falta


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Vanessa.Pitsch 11/02/2014

Dupla Falta
Li várias resenhas do livro e confesso que até metade do livro estava achando um pouco exagerado o número de críticas à Willie, afinal todo ser humano, em algum momento, é um pouco egoísta. Não que seja comum ou aceitável as coisas que ela faz, mas atletas são competitivos em tudo em suas vidas, e imagino que ver alguém próximo se sobressaindo naquilo que você almejou toda a sua vida, seja algo realmente difícil, por isso no princípio eu “entendi” a mágoa de Willie.
Mas do meio para o fim, a maldade tomou uma proporção, não difícil de acreditar que existam pessoas assim mas, muito difícil de aceitar. A paciência de Eric é quase fictícia, porque ninguém aguentaria tal desprezo e falta de interesse da pessoa que deveria ser seu maior parceiro e apoio. Até sua atitude no final, é surpreendente.
E ao final, tenho que admitir que Willie é detestável.
Meu primeiro livro de Lionel. Mais que recomendado.
Ed 04/04/2016minha estante
Esse é o segundo mais quero ler todos.. Ela é fascinante.




Leonela_ 06/10/2019

Recomendo
Amo os livros da escritora Lionel Shriver. Sempre com uma escrita cruelmente real, diálogos bem elaborados e personagens tão vivos que tornam seus livros um verdadeiro soco no estômago. Não tem como não torcer por Willy e sua frustrante carreira no Tênis, dialogar em pensamento com a personagem e saber que a ficção pode ser tão bem escrita como se fosse a realidade, sem floreios ou foram felizes para sempre. É o que faz, Dupla Falta, ser mais um livro daqueles EXCELENTES escritos por Lionel Shriver, do meio por fim é impossível largar sem ansiar pelo desfecho final.
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Flávia Pasqualin 02/07/2019

Lionel como sempre tocando na ferida das relações. Dessa vez a história gira em torno do sucesso x fracasso do parceiro, como lidar quando essa equação esta em desequilíbrio? Eu confesso que demorei para engatar de vez e comprar a história. Por muitas vezes achei as passagens cansativas, mas ainda assim é um livro que levanta diversos questionamentos e a prova disso é que Willy pode ser tanto uma heroína como uma vilã, tudo depende do ponto de vista de cada leitor. Não achei excelente, mas de qualquer forma cumpriu o seu papel.
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Kim 15/09/2018

Dolorido e angustiante.
Tal como a vida...
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Diego Lunkes 17/09/2019

Via de regra, histórias são contadas do ponto de vista dos vencedores. Ninguém escreve uma biografia elencando os passos que levaram uma pessoa ao fracasso, assim como dificilmente alguém se interessa em ler sobre a história do perdedor. Isso parece demonstrar o quão frágeis e despreparados somos para lidar com a derrota. Por isso, é no mínimo curioso que a escritora Lionel Shriver tenha escolhido contar uma história de fracasso em seu livro "Dupla Falta". Curioso, mas não totalmente surpreendente, pois a autora é famosa por construir uma carreira baseada em histórias que abordam assuntos controversos, quebrar com as expectativas do leitor e expor fatos que frequentemente são propositalmente negligenciados. Seja comentando o impacto da obesidade mórbida na vida de uma pessoa e daquelas que as cercam em "Grande Irmão", ou investigando até que ponto a educação parental pode exercer um controle sobre a prole em "Precisamos Falar Sobre Kevin", os livros de Shriver funcionam como espelhos que refletem defeitos que o próprio leitor tem dificuldades de aceitar em si mesmo.

Para tecer seus comentários sobre fracasso, a escritora utiliza o tênis como pano de fundo da história e constrói um casal de tenistas bem diferentes entre si para evidenciar pelo duas maneiras possíveis de se lidar com a vitória e o fracasso. Por um lado, Willy Novinsky representa a ideia do sucesso obtido através do esforço. Sua motivação é provar para si mesma e para os demais que pode ser a melhor; sua principal arma é aceitar sua atual situação como um estado de derrota. Com isso em mente, Willy encara suas derrotas como algo aceitável, quase merecido, ao passo que cada pequena vitória toma grandes dimensões por exceder expectativas. Por outro lado, Eric Oberdorf encapsula o conceito de sucesso como um talento nato. Para ele, a vitória é tida como certa e perder não é uma opção. Esta atitude curiosamente faz com que seu prazer provenha muito mais do ato de vencer do que do esporte em si.

Ao juntar estes dois personagens tão distintos, Lionel Shriver evidencia as relações de poder que se escondem nas entrelinhas dos relacionamentos. A disputa se torna evidente através da metáfora estabelecida pelos jogos de tênis. Logo no início da narrativa, a autora nos apresenta uma cena onde Willy derrota um oponente de forma admirável, apenas para demonstrar como alguns homens reagem ao se sentirem menos poderosos do que uma mulher. Ao ser derrotado, o oponente de Willy arranja desculpas para tentar justificar sua perda: uma dor nas costas, os aros frouxos da raquete. Willy, com muita polidez, justifica sua vitória, quase como se não se sentisse no direito de ganhar e precisasse fazer seu oponente se sentir melhor: ela estava em boa forma, as jogadas foram difíceis. "Quando os homens ganham, eles se gabam; quando as mulheres ganham, elas se desculpam". Na sequência, Shriver apresenta o primeiro jogo de Willy contra Eric para oferecer um contraste de atitudes em relação à derrota. Willy vence Eric com a mesma facilidade que vencera seu oponente anterior, mas ao final do jogo surpreende-se com sua atitude receptiva. "Ela estava preparada para o habitual laconismo mal-humorado; ou para uma alegria afetada, como se a competição fosse mera bobagem, explicitada pela exagerada disposição para discutir outros assuntos. Mas sorrindo de orelha a orelha, ele falava apenas de tênis". Willy admira Eric pelo seu esforço. Eric admira Willy porque a vê como um desafio. Eis o início de um relacionamento.

É notável que Shriver construa uma trama centrada essencialmente no casal, pois a limitação de personagens, cenários e temáticas evita subtramas paralelas e mantém o foco da narrativa na dicotomia esforço versus talento. Os personagens secundários estão presentes antes como uma maneira de revelar as facetas de Willy e Eric. O senhor Novinsky se contentou com uma carreira como professor, enquanto esconde no porão pilhas de livros publicados que foram fadados ao esquecimento. "Nunca procurara um emprego que lhe desse mais prestígio. Um colosso dentre os anões não tinha motivação para buscar outros gigantes". De forma semelhante, a senhora Novinsky limitou sua vida ao trabalho doméstico por medo de arriscar uma carreira como dançarina, contentando-se em dançar secretamente quando sozinha em casa. "Isole tudo que lhe é querido das vaias de estranhos; só dance quando a casa estiver vazia". Este contentamento com a mediocridade por medo de arriscar, que rege a família Novinsky, é incutido em Willy na medida em que seus pais desestimulam seus sonhos desde pequena e a instruem a ter ambições pequenas. Curiosamente, este tipo de criação causa um sentimento contrário em Willy, criando um desejo de provar para si mesma e para os seus pais que é possível e que é admirável possuir ambições para o sucesso, e que grande parte disso depende de esforço. No extremo oposto, o casal Oberdorf não apenas estimula Eric a ser um vencedor, como também já espera que ele seja sempre o melhor. O estímulo extrapola os limites ao ponto de se tornar uma cobrança implícita, e a aprovação de seus pais torna-se o principal prazer de Eric, mais do que prêmios, vitórias ou até mesmo o tênis em si. A ideia de vitória também está expressa na carreira bem-sucedida do senhor Oberdorf como cirurgião. Mas curiosamente a senhora Oberdorf, assim como a senhora Novinsky, está presa à esfera doméstica, o que parece ser um sutil comentário de Shriver sobre uma geração de mulheres que não possuía ambições profissionais. A autora ainda acrescenta na narrativa o treinador de Willy, Max, que realça a relação do casal e as particularidades de cada um. O coach é a primeira pessoa por quem Willy demonstra sentimentos amorosos, mas estes sentimentos são antes uma admiração da dedicação de Max pelo tênis. Em outras palavras, Willy ama o amor que Max possui pelo esporte. Isso fica evidente no episódio em que Max sugere que ambos suspendam o treino devido às baixas temperaturas. A sugestão surpreende Willy e partir de então sua admiração por Max decai consideravelmente. Já para Eric, Max é alvo de ciúmes. Porém, este ciúme representa não o medo de perder o amor de Willy, e sim o medo de perder sua posição como vencedor do amor dela. E a paixão de Max por Willy, supostamente uma admiração de sua dedicação ao tênis, desmorona quando Willy deixa claro que ambos nunca poderão ter um relacionamento.

Até mesmo as moradias das duas famílias refletem as características que regem Willy e Eric. A casa dos Novinsky é descrita como sendo inteiramente marrom. Da pintura aos móveis, das roupas aos cabelos de seus moradores, tudo é monocromático e sem graça, expressando uma ideia de imutabilidade. O apartamento dos Oberdorf é moderno, exibindo móveis artisticamente modulados e decorado com os diversos prêmios conquistados por Eric. Quando Willy e Eric visitam um ao outro, eles se tornam um elemento dissonante no ambiente da família. Eric é um ponto colorido e chamativo em meio à homogeneidade dos Novinsky. Willy é um borrão fosco que passa despercebido em meio ao brilho dos Oberdorf.

O tema da competição permeia toda a narrativa. De início, a autora mostra como um pouco de disputa pode ser estimulante para a relação. Em uma cena peculiar, Shriver nos apresenta um momento íntimo onde o casal luta um contra o outro, meio de brincadeira e meio a sério, em um jogo de dominação onde peças de roupas são retiradas conforme Willy e Eric se imobilizam. Aos poucos, a competição se entende para o nível afetivo. Quando Willy briga injustamente com Eric, este quebra sua regularidade aritmética de telefonema e fica propositalmente incomunicável como forma de castigo. E este castigo implícito liberta Willy de ter de castigar a si mesma. O relacionamento funciona como uma partida aparentemente amistosa, mas motivada secretamente pelo desejo de vitória.

Num primeiro momento do livro, a narrativa pode ser representada como uma reta ascendente, onde acompanha-se o passo-a-passo do casal rumo ao sucesso, obtido seja através de esforço ou talento. A reta de Eric é veloz e avança pelo gráfico em direção a Willy, até que finalmente a busca e supera numa partida disputada na noite de casamento. A partir de então, os papéis se invertem e Willy se vê lutando para superar Eric do ranking mundial. Contudo, a reta de Willy não é veloz o suficiente para manter o ritmo da de Eric, que acelera cada vez mais. Aos poucos, Shriver inverte o cenário e introduz gradativamente cenas que marcam o declínio e a ascendência de Willy e Eric, respectivamente. É interessante observar como Willy começa a odiar Eric por não mais conseguir superá-lo. "Podia no máximo disfarçar a inveja, mas não era capaz de anulá-la. Quando Eric levava mais um troféu para casa, ela podia gritar 'Muito bem!' ou 'Eu te odeio!', mas a diferença estava somente no que dissesse". Ao passo que Eric já não respeita inteiramente Willy por ela não mais representar um desafio. "Assim como muitos homens, Eric só respeitava quem o rejeitava. Depois de lutar violentamente para obter a primazia, seu interesse minguava". Ao remover todos os disfarces que regiam as reais motivações de seus personagens, percebemos como o casal reage mediante à derrota. Assim, Shriver faz com que o leitor pondere se, em algum momento desde o início da narrativa, Willy e Eric de fato se amaram. E, caso sim, qual seria o real motivo deste amor.

Talvez Dupla Falta não irá agradar alguns leitores apegados a histórias mais convencionais. Isso porque o livro é direto demais, cru demais e honesto demais. E assim como os personagens não conseguem lidar com a derrota, talvez o leitor também não consiga. O livro de Shriver pode não ser o tipo de história que você queira ler, mas é o tipo de história que você precisa ler.

site: https://barbaliterata.wordpress.com/2019/09/17/dupla-falta/
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Juh 20/07/2020

Sem Palavras
Acredito que a chave desse livro é que ele é muito humano. A autora mergulha no caos de sentimentos que carregamos dentro de nós, e explora isso de frente, sem fugir. É o q fazemos não é? Quando sentimos inveja, orgulho ou quando somos mesquinhos nós olhamos pra outro lado e muitas vezes não reconhecemos o que sentimos. É um livro que nos faz questionar nossas próprias atitudes, com um grande sinal vermelho de perigo pulsante. Amo essa autora.
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Esdras 08/12/2016

Aquela personagem difícil de engolir...
Primeiramente, preciso dizer que narrativas tendo como pano de fundo o tema ‘esportes’, ou o foco nos mesmos, me deixa meio incomodado. Não é das minhas preferidas.
Esta narrativa tem bastante disso. Porém, a autora conseguiu deixar isso no chinelo me dando coisas mais incômodas com o que lidar. E isso, por fim, não foi um ponto negativo.
Dupla Falta conta a história de Willy Novinsky. Apaixonada, desde pequena, pelo Tênis. Seus pais sempre viveram em condições financeiras bem razoáveis. E, por este motivo, ou apenas por Willy ser uma garota ou mesmo por verem que ela tinha algum potencial para tal, nunca deram muito incentivo para ela seguir em frente com isto. Principalmente o seu pai.
Até aí tudo bem. Uma ponta de empatia surge aí por ela. Afinal de contas, qual o problema de uma garota ser um ícone do esporte? Por que não? Eram outros tempos, certo. Mas...“É isso aí, garota.Siga em frente!”-pensei.
Contrária a tudo, Willy continuou se dedicando ao máximo ao esporte e com o passar dos anos foi ganhando muito destaque no meio.
E é a partir daí que aquela ponta de empatia começa a ficar abalada.
Vamos lidar com uma mulher que fez do esporte a sua vida. Ponto. Nada mais tem tamanha importância para ela. Sua sede por sucesso (e mais destaque) é algo fora do comum. Continuar subindo no ranking é tão importante quanto acordar todo dia.
Lionel criou uma personagem egoísta. Que não aceita nada menos que vitórias em sua vida profissional (para a vida pessoal ela sequer dispõe tempo). Uma competitividade beirando a irracionalidade.
Ao acaso conhece Eric, também do meio esportivo. E o que começou com uma simples partida veio a se tornar um relacionamento.
Até foi alertada sobre os perigos de distração que uma relação poderia trazer para sua vida profissional. Mas, tamanha era sua convicção em seu potencial, que não se fez preocupada.
Nada mais se mostrou perigoso quanto a própria Willy, quando passou a sentir seu ego profissional ameaçado. Simplesmente não suportava que alguém tão próximo passasse a se dar tão bem, ou melhor que ela. E seu relacionamento passou a ser como um jogo. Um jogo do qual ela jamais poderia perder. Um jogo manipulado por sua própria mente, por seu ego faminto.
A essa altura, tudo que passei a sentir pela Willy foi um desprezo que só aumentou por cada página que eu li, porque sua dose de pensamentos e atitudes abomináveis só aumentaram. Uma raiva e um desejo que ela ‘caísse do cavalo’. O ódio que ela exalava transbordava pelas páginas e eu ficava me perguntando até que ponto o amor do Eric colocaria panos quentes sobre a situação. E tudo acaba se elevando a um patamar bem pior. Chega a ser perturbador. As reviravoltas despertam prazer, mas ao mesmo tempo nos levam a um medo pelo que a Willy possa ser capaz de fazer.Leiam! leiam!
Foi uma leitura muito tensa. Dessas que mexe mesmo com o nosso psicológico e testa nossa paciência para com o horrendo personagem em questão. Além de tudo fez reforçar a minha ideia de que a Lionel escreve de forma fenomenal e cria histórias com um peso bruital de realidade. Desde já vou passar a olhar jogadoras de tênis com outros olhos. RS
Helder 09/12/2016minha estante
Lionel Shriver é uma das melhores escritoras que existe. Ela tem o dom de criar estórias reais. Mas tb tem o dom de criar mulheres insuportáveis. Este livro tb mexeu muito comigo. Tinha vontade de espancar Willy. Mas me dói pensar que existem mulheres assim. No me caso já convívi com algumas, que precisam tanto provar que são foda, que não conseguem ser felizes. Lionel é um monstro, pois tem que haver algo autobiográfico nestas personagens. Mas na minha opinião ainda merece ganhar um Nobel de literatura. Já leu Kevin??


Esdras 09/12/2016minha estante
Concordo. Mais reconhecimento para esse autora já! Já li Kevin sim. Só de lembrar, o choque me atinge com força! Haha. Aquele livro é uma perturbação. Rs




Sarah 10/12/2021

Gente chata but make it interesting
Lionel Shriver se eu já te admirava, agora eu sou oficialmente tua fã. Como pode escrever algo com tanta classe? Willy e Eric são um dos casais mais chatos, insuportáveis, [é por isso que se faz terapia] que eu já vi na minha vida e mesmo assim a autora é capaz de escrever algo interessante o suficiente para te manter presa na história e provar de cada vitória e de cada fracasso. A autora nos leva durante todo o casamento dessas pessoas egoístas, egocêntricas, ao mesmo tempo que nos mostra como essas falhas são naturais de cada um e que o único defeito deles é estar juntos, em confronto direto todos os dias. Uma das coisas que é repetida a exaustão durante esse romance é o quanto tênis é um esporte individual e egocêntrico, Shriver só nos prova como sempre vai haver competição entre esse casal, sendo isso levado para o bem ou para o mal.

Uma das minhas maiores surpresas com esse romance foi o quanto a minha visão do Eric mudou conforme os capítulos passavam. De primeira o achei arrogante, raso e bem méh (ou melhor, bléh); mas conforme as coisas vão acontecendo, percebi que ele não era uma pessoa tão ruim - observe que eu disse tão ruim -, a questão é ele amava muito a Willy e isso é perceptível por tantas coisas que ele suportou e procurou ajudar a esposa. Ao mesmo tempo que os outros 50% se devem ao sucesso que ele conquista no esporte. Cinquenta por cento é talento e outros 50 são esforço. O Eric fazia dos dois lados, ele tinha um esforço plausível para manter o relacionamento deles, por mais que passasse mais tempo apanhando do que amando, mas ele tinha um talento nato para varrer tudo para debaixo do tapete; muitas vezes me peguei tal qual Willy, enojada e furiosa com tantos *as coisas vão melhorar*, *não vai ser assim pra sempre*, em uma coisa ela estava certa e a solução dele pra tudo era mudar as coisas - por mais que elas não pudessem ser alteradas. Ele é um ótimo personagem, não é perfeito nem para o bem e nem para o mal. E essa é uma das coisas que eu aprendi a gostar com essa autora, os personagens dela sempre são pessoas reais, com qualidades e falhas e ninguém é mau de todo coração, apenas agem de acordo com suas personalidades em determinadas situações.

O mesmo vale pra Willy, ela é muito egoísta, tanto quanto é uma cabeça de vento. Percebe-se que essa menina está perdida quando ela se perde facilmente em suas ambições e quem ela é. Ela permite que o treinador a trate como um objeto (profissional e pessoalmente), ela deixa que o marido regre a vida dela (intencionalmente ou não), deixa que as expectativas - ou a falta dela - do pai suportem toda a razão dela de viver. É muito triste acompanhar o desenvolvimento da personagem, porque ela não tem uma personalidade, ela é aquilo que ela faz e no momento que tem resultados inesperados passa a se culpar e se detestar; é um tanto desconfortável assistir tanta amargura e mágoa dominar o coração dela.
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Hewe 28/06/2019

❝Quando o conhecimento tinha valor apenas como arma, todas as informações eram desprezíveis e substituíveis. ❞
Dupla Falta é uma história de um casal que está tentando individualmente deixar sua marca no Tênis internacional. Enquanto Willy brinca com uma raquete desde os cinco anos, Eric pegou em uma raquete pela primeira aos dezoito anos. Contra o conselho de seu treinador, Willy se casa com Eric e então uma rivalidade entre o casal começa a adoecer a relação.

À medida que o casal passa pelo namoro, casamento e suas tensões, o leitor sente toda a alegria e angustias.
Essa foi minha segunda experiência com a escrita complexa e envolvente de Lionel Shriver e eu gostei muito. Eu realmente sou fã de personagens antipáticos e ranzinzas que podem ser considerados vilões, portanto a minha parte favorita da narrativa foi quando tudo finalmente desmoronou. Tanto Willy quanto Eric eram pessoas terríveis. Eles eram terríveis um para o outro e não tinham nenhum tipo de conexão empática, porque eles não faziam ideia de como manter um relacionamento saudável.

O livro não é sobre quem está errado. É sobre um casamento que começou a azedar. É essa generalização que torna o livro interessante. Shriver não desperdiça palavras para justificar as ações de uma personagem e/ou culpar outra personagem, ela apenas narra a história e o leitor é deixado para ler sua própria versão.

No final, não se trata apenas de casamento - isso pode ser aplicado a qualquer relacionamento que exista. Quando um relacionamento azeda, não é necessariamente culpa apenas de uma pessoa - é culpa dupla. O livro não poderia ter um título melhor.

site: https://www.instagram.com/p/BzQqjAjjppG/
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Leandro | @obibliofilo_ 02/07/2019

Apenas um breve comentário sobre o livro:
Mais um livro lido da Lionel. Conheço a escrita da autora, já sou familiarizado com seu jeito mordaz e doloroso de falar sobre determinados temas. Em Dupla Falta não foi diferente. É uma história sobre uma mulher ambiciosa, sobre buscar seu espaço entre os/as melhores, mas deparar-se incessantemente com obstáculos (por vezes duros demais, principalmente por ser mulher). Willy é uma protagonista com defeitos aparentes, consegue ser detestável (quem não?), mas é possível compreendê-la, enxergar suas razões, e isso é o mais incrível nas histórias da autora: a possibilidade de conhecer inteira e profundamente suas personagens. Mesmo apresentando passagens cansativas, considero satisfatória a leitura. Sigo não sabendo como jogar Tênis, mas sei que no jogo da vida, cada ação gera uma reação, e nem sempre sabemos como fazer ou tentar a melhor jogada, apenas somos obrigados a jogar para chegarmos a algum lugar, e isto, talvez, seja o mais difícil se você almeja ser reconhecido/a.
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Pâmela. 09/01/2017

Sobre ser mulher num mundo de homens
Esse livro é um golpe, um soco. Não entendo nada de tênis, saí do livro entendendo apenas um pouquinho mais, mas isso não importa. O tênis não importa.
Acho que muitas mulheres que se preocupam muito com a carreira, que baseiam a personalidade em parte no sucesso profissional, se identificam às vezes com Willy. É como querer se destacar num jogo no qual as regras não foram criadas para você ou por você. Se as regras não te favorecem, jogue ainda mais pesado, não descanse, não tire folga.
É como se nascessemos precisando compensar nossos corpos, nossos desejos. Precisamos brigar primeiro contra a nossa natureza ou algumas de nossas tendências, como fingir que TPM não existe para que não sejamos julgadas fracas ou frescas, ou que não queremos chorar, como se chorar fosse sinal de que não estamos preparadas, não estamos prontas para o mundo. Chorar só diz que estamos vivas, que sentimos.
Precisamos lutar contra as regras e pódios que privilegiam parâmetros nos quais estamos em desvantagem (em geral). Força e velocidade, por exemplo, que são importantes nos esportes. Não alcançarmos os números dos homens quer dizer apenas que os parâmetros não nos favorecem, não que somos intrinsecamente ruins. Alguém disse que você precisa jogar uma raquete contra uma bola e que você vence quando o adversário não rebate (terminam aí meus conhecimentos do tênis), e isso diz não apenas sobre quem joga, mas sobre quem criou o jogo.
Precisamos lutar, quando o sucesso chega, por fim, contra a desconfiança do imerecimento, da sedução involuntária e da condescendência disfarçada de cavalheirismo. Quantas vezes nós mulheres não nos deparamos com um sucesso, um elogio, que logo descamba para questionamentos ferozes: fui eu quem venci, ou foram meus seios? Foi minha capacidade ou meu sorriso atraente? A medida usada foi meu desempenho ou o pau dele?
E não digo isso para defender a personagem, odiável em muitos momentos. Nem defender a mim mesma, odiável em outros tantos. A questão é o quanto essa personagem crua e egocêntrica é apenas a versão suja e feia do sucesso, independentemente do gênero, mas que fica mais nítido quando o insucesso se mistura à sua condição de mulher.
"- Você gostaria de se sentir homem?
- Claro que sim. Toda mulher que é boa no que faz gostaria." (p. 294)
E aí estamos sempre brigando contra o que nos parece feminino demais. Inclusive contra as outras mulheres. Quantas vezes mulheres que tem como plano de vida coisas diferentes de família e relacionamentos precisam o tempo todo reforçar que não parece com as OUTRAS, que não faz o que as OUTRAS fazem. Até mesmo abdicar de certa vaidade, de usar maquiagem, de se sentir bonita porque isso é sinal de fraqueza (não minha gente, se importar com a opinião alheia sobre a sua aparência só quer dizer que você virou adulto). É preciso se enturmar com os homens, se parecer com eles, ganhar o respeito e conseguir quem sabe 5 segundos de olhares nos olhos, ao invés de no decote.
E aí, quando o fracasso vem (e ele vem para quase todo mundo que deseja algo tão difícil quanto o primeiro lugar), a reação é de desprezo consigo mesma. Porque talvez você não esteja pronta mesmo, talvez seja impossível vencer com cólica menstrual.
Os homens tem medo de falhar, é claro. E sofrem outros tipos de pressão do mundo. Até eu recebo com frequência spam das clínicas para problemas de ereção e nem tenho um pênis. Mas não é como se o corpo fosse o problema. O corpo está funcionando errado, mas ele pode ser consertado.
Ser mulher é não ter conserto. Quando ela aborta, quando assume as rédeas de si e de sua vida, ela encara o fato de que em nenhum momento Eric precisaria decidir entre os filhos e a carreira, se não quisesse. Ele diz que o faria, mas ele poderia desdizer. Ela carregaria as marcas no corpo, no corpo ingrato, em sua feminilidade.
Willy é egoísta, é invejosa e não merecia talvez a atenção que seu marido lhe devotava (a ambição não é um pecado, ninguém chega ao primeiro lugar de forma displicente, nem mesmo Eric). Mas eu queria que ela vencesse, torci por ela e fiquei triste quando ela foi derrotada não só pela sua inépcia e pelo destino, mas também por ter de suportar tudo isso com um treinador abusivo e uma vida solitária. Ela passou a vida presa entre os papéis sociais de gênero, tentando se ajustar, e desejando encontrar um espaço em que seria reconhecida. Aos 27 ela precisará se reinventar. Todos vivemos várias vidas, homens e mulheres. Em nenhuma delas, entretanto, ela conseguirá se sentir entre iguais no topo do mundo. Ela ainda menstrua.
Nay 24/03/2017minha estante
Cheguei aqui minutos depois de terminar o livro e não conseguir simplesmente chegar a um conceito sobre ele... sua resenha me ajudou em muito a digerir, talvez até enxergar tudo completamente diferente... obrigada !




Patricia 21/10/2020

Tênis sempre foi a paixão de Willy desde seus 5 anos de idade. Até que ela conhece Eric, formado recentemente em matemática, atuante em torneios pequenos. Logo Willy se encanta por sua beleza e habilidade nas quadras tornando-se sua nova paixão. Ambos batalham para alcançar o circuito internacional, até que o relacionamento muda de uma cumplicidade para uma verdadeira rivalidade. ❤ O livro é muito humano e mostra o pior lado das pessoas como a inveja e o egoísmo. Incrível como as discussões entre o casal parecem reais a ponto de me irritar 🤣, sinceramente eu detestei a Willy (entendo a questão da mulher não ser valorizada no esporte, homem ganhar mais etc! Mas as atitudes dela com o marido não tem justificativa) ela é muito problemática, que mulher insuportável. E por enquanto Willy ganha o posto de personagem que mais detesto. Enfim, mais um livro incrível da Lionel Shriver!
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Thyeri 05/11/2011

www.restaurantedamente.com
Esse foi um livro que me surpreendeu pela densidade dos personagens, e pela simplicidade da escrita da autora. Escrito em terceira pessoa, a estória foca a vida de Wilhelmina Novinski, ou se preferir, Willy, que desde os seus 5 anos de idade tem uma paixão pelo tênis.

Uma pessoa sem amigos, pois com a competitividade do tênis e o tempo que ele toma para treinamento, foi algo dispensável em sua vida; e com uma família crítica: uma mãe subserviente, um pai que não acredita que ela consiga se sustentar como jogadora profissional, e com uma irmã que ela considera levar uma vida medíocre; vemos Will se envolver num romance avassalador com um cara que ela acabou de conhecer quando estava jogando uma partida de tênis numa quadra pública.

Por mais que seu treinador falasse que esse romance não iria dar certo, para Will estava as mil maravilhas, afinal Eric Oberdorf a entendia perfeitamente, pois ele também está lutando para se tornar um jogador profissional. Mas será que Max, seu treinador, estava certo? Num ambiente de extrema competição, ter um outro jogador como marido é a coisa certa a se ter? É isso que vamos ver nessa incrível narrativa.

Achei impressionante o jeito como a autora disseca a dinâmica familiar dos dois personagens principais, com a história de vida de cada um dos membros, seus dramas, medos, angústias e desejos. Sentimos na pela toda a angústia vivenciada por Willy, tanto em relação a sua carreira quanto ao seu casamento; e acompanhamos a história do casal, Willy e Eric, ao longo de, mais ou menos, 4 anos.

Com uma narrativa avassaladora, vemos uma história de amor, nua e crua, com seus altos e baixos, superações e desentendimentos. Sem floreios, a autora nos mostra o desafio de um casal para sobreviver ao jogo da vida.
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Nath 10/01/2015

Sinceramente é difícil falar sobre esse livro sem levar em conta todo o meu ódio pela personagem principal. Não li as outras obras da Lionel Shriver, mas se em todos os livros ela fizer personagens como essa, meu Deus, essa mulher consegue ser fantástica!
Dupla Falta conta a história de Willy e Eric - ou melhor dizendo, a história de Willy, onde o Eric é só mais uma "coisa" que aconteceu.
Jogadora de tênis desde os 5 anos de idade, Willy crê que isso é sua vida e somente isso: o jogo é ela e ela é o jogo, não há Willy sem o tênis. Pouco estimulada pelos pais, Willy tem um senso de autocrítica forte, um desejo de sempre estar se cobrando cada vez mais. Até que um dia no meio de um de seus jogos, aparece um telespectador, Eric, que se encanta rapidamente com Willy e a partir daí vemos um romance florescer em meio as troca de bolas - Eric também é tenista, porém, muito inferior a ela.
Avisada desde o começo que se envolver com alguém que seja do mesmo meio que ela poderia ser um problema, eles se casam e é aí que a dificuldade começa. Passamos a acompanhar o casamento deles desmoronar gradativamente enquanto ela cai e ele sobe no ranking.
Demorei mais que o normal pra ler esse livro, primeiro por conta de todos os termos relacionados ao mundo do tênis. Um fã se sentiria em casa com a narrativa, um leigo nesse esporte, como eu, se sente um pouco perdido com todos os nomes de jogadas e torneios. Não atrapalha o entendimento da história, já que o foco aqui é o casamento dos dois, mas entender 100% tudo que esta escrito é sempre melhor.
Até metade do livro eu estava achando-o normal, mais um livro que eu leria e não causaria nenhum tipo de comoção, mas da metade para o final me vi bufando e xingando de raiva. É impressionante a personagem tão real que a Lionel cria, que me faz pensar se ela não se inspirou em alguém. Willy é simplesmente odiável, detestável e todos os sinônimos que houverem pra esse sentimento.
A narrativa, apesar de lenta pra mim na maioria das vezes, é muito boa, dá para perceber nitidamente como a autora é boa no que faz e com certeza fiquei com vontade de ler mais coisas dela. A autora não se preocupa com finais felizes e sim com histórias reais. Meu ódio pela Willy foi tão intenso que não consigo dizer se gosto do livro ou não, mas com certeza compensa a leitura.
Helder 14/05/2015minha estante
Resenha perfeita. Willy é mesmo detestável e o livro é fenomenal!




Sem Tédio 05/10/2011

Dupla Falta, de Lionel Shriver
Conheci Lionel Shriver depois de ler Precisamos Falar Sobre o Kevin, trágico relato fictício da formação de um psicopata desde seu nascimento até o dia em que promove uma verdadeira matança em seu colégio, tirando a vida de colegas e professores. O livro é tenso, ácido, daqueles que te deixam incomodado durante a leitura. Mas eu não vou ficar falando dele novamente, uma vez que já escrevi a respeito, tempos atrás.

Apesar de já ter sete livros lançados, Lionel Shriver possui apenas três obras publicados no Brasil. E entre Precisamos Falar Sobre o Kevin e Dupla Falta, de que falarei a seguir, ainda existe O Mundo Pós-Aniversário, cujo exemplar já estou providenciando.

Em Dupla Falta, mais uma vez Lionel Shriver vai fundo na ferida. Carregando nas tintas, a autora nos coloca dentro de um relacionamento, acompanhando todo o processo que envolve conhecer e se apaixonar por uma pessoa até que aquele sentimento seja demolido a cacos por nosso próprio egoísmo. Página a página, Dupla Falta nos deixa com um gosto amargo na boca, provocando uma desilusão crescente que nos faz questionar: “estarei agindo do mesmo jeito estúpido que os protagonistas na minha própria vida?”.

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