Danielle 16/01/202221 livros antes dos 21 anos6/21
"Como ele pode saber que ela não é filha da mãe em nenhum sentido, que ela não quer ser filha e aquela mãe não quer ser mãe e afinal o que lhe importa o que o bombeiro clichê pensa"
A Eliane SABE escrever. Sabe jogar com as palavras. Sabe te tocar, te fazer pensar. É uma leitura muito densa, não só sobre essa mãe e filha mas sobre todas as mães e filhas. É muito intimista, intimo. Creio que cada um vai se sentir de uma forma completamente diferente. Pois, é uma história sensível real e pouco falada, que vejo tão pouco nos livros. A maternidade. Ou o lado "obscuro" dela. A dor, a dúvida, a dificuldade.
"Com certeza a psicóloga também tem problemas com a mãe. Perdoamos tudo de quem jos deu a luz..."
A psicóloga da minha mãe me disse que quando nasce um bebe nasce uma mãe. Nós, mulheres não nascemos mães (nem mulheres) nos tornamos mãe. E mais uma vez, citando a psicóloga: as vezes as pessoas dão aquilo que elas tem. Aquilo que ela viveu e o que ela própria recebeu. Eu vejo tanto isso nesse livro. Eu fiz muitas marcações, como disse a Eliane sabe escrever, é uma escrita tão bonita e emersiva você sente as personagens tão claramente, o amor o ódio suas dúvidas suas repostas, por partes me sentia agoniada, sufocada e percebia que estava segurando a respiração. Nao recomendo esse livro para todos é preciso estômago e cabeça. Mas eu quero, eu sinto que eu preciso de uma releitura para aproveitar melhor e pensar mais, no momento de leitura eu estava em períodos muito dissociativos.
"os livros sempre foram a janela por onde eu escapava desta mãe..."
Esse livro me fez amar mais a minha mãe. Pois ele é isso um livro sobre amor, o amor no meio do ódio. Ele é incrível, quem puder leia. Só leia.
"Quem perdeu muito sabe que há um certo alívio em não esperar nada de bom, em não desejar nada."
"Tenho mais químicos em mim que um pacote de miojo".