Aisha Andris @AishandoBooks 14/01/2021
Superou “Orgulho e Preconceito” no meu coração
“Persuasão” se tornou meu segundo romance favorito da Jane Austen, superando “Orgulho e Preconceito”, devido às emoções intensas que me fez sentir ao longo da leitura. O começo, confesso, foi um pouquinho cansativo, mas, desde que o capitão Wentworth entrou na jogada, me vi completamente presa à história.
Sofri muito com a Anne, que a todo momento precisava conviver com a dificuldade de estar na presença do homem a quem claramente continuava a amar, quando ele deixou de ser dela por culpa de uma decisão equivocava que tomou no passado; a melancolia que emanava dela me comoveu bastante. E pequenas atitudes tomadas pelo capitão (“salvá-la” do sobrinho malcriado, por exemplo) mostravam que ele retribuía o sentimento da Anne.
Lizzie Bennet é mais cheia de atitude e tem uma personalidade mais marcante do que a Anne, mas eu amei demais a mocinha de “Persuasão” também. Não conseguia conter os suspiros com as interações dela com o capitão. Era tão nítido o quanto eles se amavam, que vibrava a cada vez que eles ficavam no mesmo cômodo, de uma forma que geralmente acontece nos romances de época, já que os clássicos costumam ser mais “parados”.
Este romance foi lindo demais. Eu já comecei a leitura ansiando pela bendita carta que, admito, já tinha lido antes de forma avulsa, mas, cara, ver as circunstâncias em que foi escrita me emocionou e despertou a manteiga derretida em mim. Chorei mesmo e terminei a leitura com o coração quentinho e apaixonada por tudo que a Jane Austen construiu aqui.
A única coisa que me irritou no livro foi a família da Anne. Jane Austen realmente sabia criar uns parentes carne de pescoço. Ô povo chato! Eu sofri demais com a Anne, ao ver como ela se sentia oprimida entre o pai e a irmã, como ela brilhava longe deles, e como esse brilho se apagava assim que entravam no mesmo cômodo que ela. E a irmã casada é uma mulher esnobe e folgada, que me fazia revirar os olhos a cada vez que abria a boca. Por incrível que pareça, o “menos pior” da família é o cunhado. Eu ria cada vez que ele dava uma patada na esposa, porque pensem nuns coices merecidos! Além de estar com o homem que amava, o maior benefício do casamento para Anne sem dúvida foi se livrar dessas pessoas tóxicas.
Lady Russel é outra que faz jus ao status de quase membro da família, é de longe a personagem que eu mais detestei no livro (ao menos até conhecer melhor alguns outros personagens). Orgulhosa demais e presa aos níveis sociais, foi a principal responsável pela separação entre a Anne e o capitão, usando da influência dela para convencer uma jovem Anne a pôr fim ao relacionamento. Sei que ela tinha suas razões, mas não conseguiu me convencer, não, e o ranço dela permaneceu muito depois de eu virar a última página.
Não recomendo “Persuasão” como primeira leitura da autora, porque realmente é um livro mais lento, mas para quem já está acostumado à escrita da Jane Austen, tenho certeza que essa história é garantia de muitas emoções e ainda mais amor por essa autora que sem dúvida merece cada um dos fãs que conquistou nos últimos dois séculos.
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