Juliana.Giacobelli 28/04/2012Glimmerglass - Jenna BlackResenha postada originalmente postada no blog julianagiacobelli.com
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"Balancei a cabeça, ainda olhando para a névoa, tentando não acreditar no que estava bem diante de meus olhos. Pesquei, a floresta continuava lá. Mudei o foco para a pós imagem do interior da Inglaterra e, enquanto eu a fitava, ela se solidificou mais uma vez, e a floresta foi se desbotando para o segundo plano diante dos meus olhos."
Dana é uma mestiça e seus pais nunca fizeram questão de esconder isso dela. Sua mãe, uma humana, e seu pai, um feérico, tiveram um caso que resultou nela. A mãe, porém, se esconde com ela nos Estados Unidos enquanto o pai vive em Avalon: Uma cidade meio humana, meio feérica no interior da Inglaterra, muito frequentada por turistas de ambos os lados.
O problema é que sua mãe alcoólatra é muito mais do que Dana pode aguentar e, por isso, ela decide fugir para Avalon e morar com seu pai. O que Dana não pode prevê é que, uma vez em Avalon, ela será disputada por todas as cortes, uma vez que é uma feariewalker: Um ser raro capaz de transitar entre os dois mundos, e uma arma importante e cobiçada no já frágil jogo político de Avalon.
Com a ajuda de muitos feéricos, Dana se vê presa em um dilema: Em quem confiar, quando todos parecem querer tirar proveito de seus poderes?
Confesso que estava curiosa para ler Glimmerglass, porque minhas experiências com fadas foram muito boas até o momento. Infelizmente, o livro de Jenna Black não ajudou a completar o combo.
A história é narrada em primeira pessoa, por Dana, e ela me irritou muito. Não sei explicar o motivo, mas tive a sensação de que ela fazia comentários desnecessários durante a trama, e tudo o que eu queria era que calasse a boca e me contasse o que estava acontecendo, ao invés de ficar falando, falando, falando.
Mas nem todos personagens são ruins. Gostei bastante de Ethan, um dos feéricos que ajudam Dana e que acaba sendo uma das pontas do que promete ser um triângulo amoroso. Por ser um “mocinho”, ele é bem folgado, não banca a donzela indefesa e isso me agradou bastante. Vocês sabem como odeio mocinhos indefesos e românticos demais.
Finn, o guarda-costas de Dana, é outro personagem que merece destaque, por, apesar de seu tamanho e sua força, ser o mais amável de todos.
Já Keane, que supostamente deveria ser o feérico “bad boy”, de bad boy não tem nada, a não ser as roupas. Alguns autores precisam aprender que brincos, piercing, correntes, calça rasgada e roupa preta não fazem um bad boy. É a atitude que conta, e Keane é a prova disso.
A mãe alcoólatra da Dana eu nem vou comentar.
Mas o que eu achei mais difícil de aceitar foi Avalon como uma cidade comum. Com lojas de marca e Starbucks, com pessoas passeando, passaporte, fronteiras e tudo mais. Até gostei da história por trás da cidade – que remonta à história da Inglaterra – mas não me convenceu totalmente. Soou surreal demais – e olha que pra eu achar alguma coisa surreal demais…
Por outro lado, gostei muito do da magia que os feéricos são capazes de fazer: Invisibilidade, ilusionismo, telecinese e tudo mais. Acho que nesse ponto, Jenna foi bem feliz, e espero que seja algo mais explorado nos livros seguintes.
Uma coisa que senti falta foi um clímax. Pode ser só eu, mas não consegui identificar aquela parte onde você prende a respiração e sabe que aquele é o acontecimento chave para o qual toda história estava convergindo desde o princípio. Não teve isso. Foi uma história meio morna do início ao fim.
Apesar de tudo, ouvi dizer que a continuação, Shadowspell, é bem melhor, então ainda não vou desistir da série. Alguém aí já leu?
Glimmerglass não é um livro ruim, é só um pouco difícil de acreditar. Acho que a autora se arriscou bastante, mas a própria personagem não explora Avalon nesse primeiro volume – pois é – então isso só complica ainda mais o entendimento do mundo criado por ela. Fiquei com aquela sensação de que tudo foi deixado no ar demais e, mesmo me esforçando, não consegui enxergar tudo que a autora quis passar.