Marcela 09/01/2012
Medieval Modernizado.
O enredo pode até ser um tanto clichê – a história de um casal que vive se desentendendo, mas que tem uma enorme atração recíproca –, mas a história envolvente consegue superar isso, logo de cara. E acaba surpreendendo o leitor, à medida que as páginas vão sendo viradas.
Finnula Crais é uma garota diferente de todas aquelas do condado onde vive, com o irmão e as outras cinco irmãs mais velhas. Ao contrário das outras garotas, Finn não se interessa por vestidos, adereços femininos, casamento tradicional e família. Sua paixão está nas aventuras, sobretudo, no que diz respeito à caça, o que faz com que seu irmão fique louco da vida.
Mas a vida de Finn muda completamente, após um erro de sua irmã preferida, Mellana. Mel acaba se entregando à paixão por um trovador – espécie de cantores medievais, que declamavam suas poesias (geralmente, de amor) enquanto tocavam instrumentos musicais – e engravida deste. Sem o dinheiro para o dote – quantia que as famílias das noivas tinham de pagar ao futuro marido da moça –, Mel faz um pedido um tanto absurdo e totalmente inusitado para Finn: sequestrar um homem rico e pedir o resgate.
Eis que surge o conde Hugo Fitzstephen. Recém-chegado das Cruzadas – a história se passa no século XIII, um dos períodos mais conturbados da Idade Média, embora essa conturbação não seja retratada no livro –, o cavaleiro parece ser uma ótima opção de “vítima” para Finn. Parece ser bastante rico e, além do mais, está colaborando demais com sua atuação como sequestradora, facilitando o processo. Ou não, rs.
Hugo encanta-se por Finn e deixa-se levar por ela. Mas, não se enganem: Hugo é o tipo de cara que parece ter a mulher que quiser. E ele quer Finn. Por fim, Finn acaba entregando-se a Hugo – e isso é descrito em detalhes... se você prefere os romances açucarados e não gosta de cenas mais “quentes”, pare por aqui, pois esse é um recurso bem explorado por Meg Cabot.
Finn, então, passa a entender como Mellana pôde ter sido tão tola e inconsequente, ao entregar-se a um homem antes do casamento. Agora, além de ter uma péssima reputação por andar por ai trajada “de homem” – por conta das tão faladas calças de couro e do conjunto de arco e flecha, que a faz parecer uma versão feminina de Robin Hood –, Finn também está desonrada. Como iria arranjar um marido – não que ela queira –, caso alguém descobrisse que ela já havia se deitado com um homem, antes?
Engana-se quem pensa que a história para por ai – eu também me enganei! rs. Após as noites que passaram juntos, Hugo está decidido que Finn é a mulher de sua vida... e quer casar com ela! Então, os problemas agora passam a ser outros: Finn não quer se casar, Hugo esconde sua verdadeira identidade, Robert – o irmão de Finn – fica furioso ao saber de toda a história, e Finn também deixa ocultos alguns segredos, que só são revelados ao decorrer da trama... Isso, além de outros acontecimentos que não deixam a atmosfera “problema” sair de cena.
A história é assinada como sendo autoria de Mia Thermopolis – a protagonista de “O Diário da Princesa”, uma das mais famosas séries da Meg Cabot –, e por isso, é narrada em terceira pessoa, o tipo de “narrador onisciente”. Isso foi algo que achei bastante interessante e original. Criativo, como o próprio livro, em si...