Resenhas - A Sangue Frio

Guilherme Vechiato 11/09/2024

Capote não criou o gênero literário "romance não-ficcional" como ele gostava de dizer, mas com certeza, com o seu livro A Sangue Frio, ele definiu a maneira de escrevê-lo.


Os dois pontos que o Capote persegue em seu livro são mostrar a vida das pessoas afetadas por essa tragédia e tentar entender o motivo de um crime tão covarde e bárbaro contra uma família de uma comunidade minúscula no interior dos EUA.


Definitivamente a escrita é o ponto forte do livro, o autor consegue mexer com as suas emoções, cria dúvidas, te faz até questionar se os assassinos são pessoas ruins. E esse é o ponto magistral, os questionamentos internos que o livro cria no leitor.


Automaticamente em um caso tão macabro, julgamos os culpados como monstros e que merecem o pior do mundo. Mas o que essas pessoas passaram em suas vidas para chegarem até naquele ponto? Como foi a infância? Quais são seus traumas? E para deixar claro, tentar entender esses pontos, não os tornam menos culpados.


Ler que eles tiveram chances de se tornarem alguém, e por escolhas ruins, fatos infelizes, que acabaram criando uma enxurrada de fatores que culminaram na morte daquela família é assustador. O quanto estamos à mercê do acaso?


O único problema do livro é que na metade o ritmo desacelera drasticamente. São quase 500 páginas, então eu acredito que poderia ter um pouco menos para que o bom ritmo inicial e final se mantivesse na metade.


Temos um livro fantástico, que ajudou a definir um gênero literário que hoje é explorado cada vez mais pelas editoras, escrito por um escritor que possui diversas histórias fantásticas. Capote era uma figura que não tinha medo de fazer aquilo que queria, de escrever independente de quem ele iria irritar, e com certeza quero ler mais coisas dele, assim como sua biografia.

Ícaro 01/09/2024

Às vésperas de completar 35 anos de idade, afirmo com todas as letras que esta é a melhor leitura da minha vida.

Alexandra 31/08/2024

Capote e a inovação na escrita
Gênero literário inovador, que relata os fatos com precisão, descreve perfis psicológicos, detalha pormenores processuais e enfrenta questões religiosas e morais sobre a pena de morte. Gostei de ter lido, apesar de não ser meu gênero preferido.

Erica 13/08/2024

Não consegui deixar de achar que são fantasiosas algumas partes sobre os criminosos. Acho muito improvável que tenham sido levantados fatos tão detalhados sobre a fuga. Muitas daquelas conversas e pensamentos acredito que tenham sido inventadas pra que o livro pudesse ser escrito como um romance.

Também não entendi porque desse tanto de personagens citados. Inclusive, a mesma pessoa citada com nomes diferentes, como o pai do Perry, e pessoas diferentes com nomes tão parecidos que eu achava que era a mesma pessoa.

Fora isso, o livro é bem chato ao trazer a vida passada do Perry e todas as cartas da família.


Sendo assim, acho que é muito superestimado.

Mapa de personagens:

? Herbert William Clutter
? Bonnie Fox
? Eveanna
? Beverly
? Kenyon
? Nancy

? Bobby Rupp
? Alfred Stoecklein
? sra. Clarence Katz
? Jolene
? Roxie Lee Smith
? Gerald van Vleet
? Susan Kidwell
? Wilma Kidwell
? Jerry Roth
? Bob Sands
? sra. Helm
? Paul Helm
? Bob Jones, filho de Taylor Jones

? Dick
? Perry
? Willie-Jay
? reverendo James Post
? Tex John Smith
? Florence Buckskin
? O informante, Floyd Wells

? Don Jarchow
? Vere English
? sra. Polly Stringer
? Nancy Ewalt
? sr. Clarence Ewalt
? Larry Hendricks
? Shirley
? Wendle Meier, o subxerife
? carteira de Holcomb, a sra. Sadie Truitt
? sra. Myrtle Clare
? sra. Bess Hartman
? sra. Bob Johnson

? Arthur e Clarence Clutter e suas irmãs, a sra. Harry Nelson e a sra. Elaine Selsor
? sr. e sra. Arthur B. Fox
? Harold
? Howard
? Glenn
? Johnny Rupp
? Larry
? Andy Erhart
? dr. J. E. Dale, veterinário; Carl Myers, dono de um laticínio; e Everett Ogburn, homem de negócios
? Alvin Adams Dewey e sua mulher, Marie
? Earl Robinson, o xerife
? os agentes especiais Harold Nye, Roy Church e Clarence Duntz
? sra. Edna Richardson
? John Senior e John Junior
? Otto
? Jonathan Daniel Adrian

? sr. Bell
? sra. Frederic Johnson
? tenente B. J. Handlon
? sr. Bill Driscoll
? sargento Abe Feroah
? inspetor Guthrie

? Bill Brown, editor do Telegram de Garden City, e Robert Wells, diretor da estação de rádio local, a kiul
? sra. Richardson, secretária do gabinete
? o legista do condado, o dr. Fenton; o gerente do Warren, Tom Mahar; Harrison Smith, que concorrera a procurador
? juiz Roland H. Tate
? dois advogados locais, o sr. Arthur Fleming e o sr. Harrison Smith
? procurador do condado, Duane West

? Logan Green
? dr. Joseph Satten

? Lowell Lee Andrews
? George Ronald York
? James Douglas Latham

? Everett Steerman, presidente do Comitê de Ajuda Legal da Ordem dos Advogados do Estado do Kansas
? Russell Shultz
? Walter G. Thiele
? Joseph P. Jenkins e Robert Bingham

Maria22510 07/08/2024

Famoso acontecimento do mês de novembro!
Esse é um livro clássico dos anos sessenta, gostei muito fala sobre um assassinato de uma família que morava em uma pequena cidade.

Amei as citações da época ditas no livro, é bom mergulhar um pouco no passado. O livro exige uma leitura complexa, ele é bem detalhado, conta cada detalhe das cenas, faz você ficar curioso com o motivo do assassinato. Quem tem o hábito de ler livro com leitura mais simples talvez tenha dificuldade em ler esse livro.

Prycilla0 28/07/2024

Esse foi o livro que deu origem ao jornalismo literário, é considerado um romance de não ficção. O crime ocorreu em 1959, em Holcomb, Kansas, onde os dois criminosos Perry e Dick, assassinaram brutalmente a família, Truman relata a vida cotidiana da família Clutter na pequena cidade, e também dos criminosos, que a princípio iriam somente roubar, mas ao se deparar com a família sem dinheiro guardado, os dois monstros resolveram matar todos, e fugir para o México. A princípio todos eram suspeitos nessa pequena cidade, mas a polícia conseguiu chegar aos criminosos, e após 5 anos ambos foram executados!
Apesar de ser um crime brutal para a época e também para os dias atuais, Truman romantizou a sua obra, e mostra em vários pontos a sua imparcialidade, e mais sobre os criminosos do que a família. Truman pode ser um gênio em transformar um crime real em um romance, mas não devemos esquecer o sofrimento das vítimas!

Amanda Bia 22/07/2024

Muito bom
Uma família é brutalmente assassinada no interior do Kansas e o autor Truman Capote ao ler sobre o crime no jornal fica muito interessado. Ao ponto de ir até a lá e passar mais de um ano conversando com as pessoas da cidade e posteriormente com os culpados para entender o que aconteceu.
Com essa obra ele cria pela primeira vez o que foi chamado na época de romance-reportagem. Um romance baseado em fatos reais e contado quase como se fosse a reportagem em um jornal.
Nele conhecemos os integrantes da família Clutter: o pai, a mãe, a filha adolescente e o filho mais novo, que em uma noite tiveram sua casa invadida por dois homens e acabaram perdendo a vida.
O autor também conta com detalhes sobre as vidas dos dois culpados, nos dando um perfil psicológico impressionante deles. Seus problemas de infância, acidentes que sofreram e mudaram completamente suas vidas e como eles chegaram ao ponto de fazer o que fizeram.
Dito assim, pode ser que dê a impressão de ser um livro chato e impessoal. Mas isso não pode estar mais longe da verdade. A escrita do Truman é muito envolvente e impactante. Me fez lamentar profundamente o que aconteceu com aquela família como se eu tivesse conhecido eles pessoalmente.
Foi um tipo de escrita um pouco diferente do que estou acostumada, mas eu amei cada página lida. Recomendo muito a leitura dele, principalmente para quem gosta de histórias sobre crimes reais.

monicha0s 08/07/2024

Esse livro realmente é tudo o que dizem que é. ao mesmo tempo brutal e emocionante que vai a fundo na história de todos os "personagens", mostrando o melhor e o pior de cada um.

fefe222 17/06/2024

Recomendo muito
Acho que é um dos favoritos do ano, amei demais. Recomendo muito para todos que gostam desse gênero, com certeza lerei mais livros de não ficção depois desse (inclusive aceito recomendações).
Truman realmente mostrou o nível de crueldade que o ser humano pode chegar, mostrando o lado humano dos assassinos, seus sonhos, traumas, desejos e relações, sem passar pano para seus crimes, realmente uma tomada interessante para o livro.

Aline Oliveira 30/05/2024

Difícil parar de ler, mesmo não sendo um tema que eu curta tanto. Valeu a pena a leitura!

Meus sentimentos oscilaram do início ao fim, é bem complexo julgar a situação narrada, e de início fiquei com bastante raiva, em alguns momentos senti que Capote estava sendo parcial, porém terminei achando que não, a sensação é de que ele deixa por nossa conta o "julgamento", no final só restou tristeza por toda situação, por tantas vidas perdidas.

lisvros 19/05/2024

A crueldade do ser humano
Li vários comentários e vi várias resenhas na internet dizendo que esse livro é claramente parcial etc., eu discordo. Eu acho que o Capote apenas enxergou o lado humano dos assassinos, porque, afinal, são, mas que, em nenhum momento, usou isso pra tirar a crueldade do que eles fizeram. Pelo contrário, eu acho que ele mostrou mais ainda do que o ser humano é capaz de fazer. Eu sinto que as pessoas que leem esse livro esperam encontrar monstros horríveis, porque só esses podem ser capazes de tanta perversidade com uma família que não fez nada pra eles (e por 40 dólares apenas!), e se assustam ao encontrar pessoas normais, com traumas reais, ambições e sonhos comuns.
Enfim, um baita livro pertinente e bem-escrito. Sem dúvidas, um dos melhores livros que já li.

Maria21198 01/05/2024

Opiniões
Amo o livro muito bem construído, como é contado o caso porém é nitidamente visível que o Capote foi totalmente parcial em relação aos criminosos principalmente quando ele descreve o passado deles a mente é nítido isso. O livro é bastante interessante ele conta o caso real da família que morreu em 1959 gosto bastante mas na minha opinião para ser mais interessante a leitura seria bom que o Capote tivesse sido imparcial em relação aos fatos ocorrido, os criminosos e o crime cometido por eles.

aline577 01/05/2024

Capote consegue extrair com profundidade todas as pessoas envolvidas nessa história trágica, me afeiçoei com os envolvidos e com a excelente escrita do autor.

Vanessa.Mariano 30/04/2024

A forma como ele narra os eventos que antecederam e sucederam o assassinato de uma família inteira é impressionante, faz parecer que a gente esta assistindo a um daqueles episodio de true crime de TV.

Um leitura obrigatória para quem gosta do gênero sobre serial killers

Otávio - @vendavaldelivros 22/04/2024

“O crime era um acidente psicológico, virtualmente um ato impessoal; para as vítimas, era o mesmo que terem sido mortas por um raio. Com uma única diferença: tinham vivido um terror prolongado, tinham sofrido.”

Acreditar na maldade inata ou não é uma questão filosófica antiga. As pessoas nascem ou se tornam más? Cometem atos de crueldade por terem, dentro de si, uma natureza maldosa ou por influência direta de suas criações, traumas e doenças mentais? O que entendemos por “mal” e “bem” pode não fazer sentido para a racionalidade do universo, mas é inseparável dos nossos conceitos de humanidade.

Publicado em 1965, “A sangue frio”, do americano Truman Capote, levou seis anos para ser concluído. O “romance de não-ficção” conta a história do assassinato, em 1959, de quatro membros da família Clutter por Perry Smith e Dick Hickcock, e a prisão, o julgamento e a execução de ambos. Além, é claro, dos efeitos do crime na minúscula Holcomb, no Kansas.

Faço uma confissão: achava que o livro talvez não funcionasse comigo. Não acreditava que a narrativa funcionaria porque o crime, apesar de brutal, não me chamava atenção. Mas a verdade é que esse livro não é sobre um crime. Ainda que muito se venda essa história como um “true crime”, ela é mais profunda do que um relato criminal.

Capote, de forma genial, vai nos levando aos poucos pelos cenários e pela vida daquelas pessoas, seus anseios, dúvidas, sonhos e rotinas. Tanto das vítimas quanto dos criminosos, vamos conhecendo um pano de fundo que envolve a mente de cada personagem da história. Fui fisgado por uma narrativa magnética, que prende e submerge o leitor, mas ao mesmo tempo cria a ansiedade em saber como a história irá se desenrolar, mesmo não havendo mistério a ser revelado.

Mesmo achando que Capote pode ter tornado a imagem principalmente de Perry mais vitimizada, é nítido como o crime foi uma junção de azar, falta de tratamento para doenças mentais e, claro, maldade. Uma série de coincidências infelizes que, como um raio, acabou com a vida de uma família pelas mãos de agentes de uma sociedade doente. A sangue frio é uma obra prima da literatura e um exemplo perfeito das complexidades e distorções humanas.