Juny K. 28/04/2011RESENHA: “Linhas” (Sophia Bennett)Disponivel em: http://www.dear-book.net/2011/02/resenha-linhas-sophia-bennett.html
“Um conto de fadas corajoso e inteligente...” (The Times)
No começo eu não dava nada pelo livro, achei que ia ser uma historinha adolescente/infantil bem feliz, sem grandes emoções. Sei lá, achei que eu estava fora da faixa etária do livro, já que são garotas de 14 anos falando sobre problemas dessa idade. Mas isso SÓ no começo.
Fato é que me envolvi tanto com o livro que estava praticamente passando mal junto com a Nonie no final torcendo para não acontecer mais nada de errado no desfile... sério! O livro conta a história de 3 amigas:
Jenny tem talento para interpretação, participava muito de peças teatrais na escola até que foi convidada para participar de um filme chamado “O Garoto do Código” com o Mais Novo Símbolo Sexual Adolescente (Joe Yule ou “Joe Ui Ui” para as fãs) e o Casal Mais Quente de Hollywood, o que era para ser um sonho vira um pesadelo com as roupas que escolhem para ela usar nas pré estreias, que enfatizam o que há de pior em sua aparência.
Edie é aquela amiga nerd, boa em tudo, que sonha estudar em Harvard, quer salvar o mundo, faz trabalhos voluntários, quer ser Diplomata e tem uma sinceridade que as vezes a mete em encrencas.
Nonie é aquela amiga que ajuda todo mundo, ama moda, faz as combinações mais loucas com as suas roupas, lamenta o fato de não ter talento para ser estilista, mas não desiste de trabalhar com moda, nem que seja para servir chá para algum estilista. Ela é a narradora da história e seu ponto de vista é muito legal.
Edie em um de seus trabalhos voluntários ajuda Crow uma ex-refugiada de Uganda que tem dislexia e se veste com roupas estranhas (boinas, asas de fada e etc). Certo dia elas vão em uma feira da escola e vêem que Crow é vitima de Bullying por parte das Patricinhas da escola, olham os itens de sua banca, são peças desenhadas e costuradas por ela, compram apenas para dar um apoio moral. Mas Nonie quando chega em chega e confere as roupas adora o design e tenta se aproximar de Crow e descobre que ela faz diversos desenhos de roupas, sabe costurar e seu problema é não ter tecido bons e infra-estrutura para por em prática as suas ideias. A partir daí as três amigas começam a ajuda-la, cada uma a sua maneira.
Ela volta a trabalhar no acabamento de um corpete. No mundo de Crow, é perfeitamente normal que uma super modelo se ofereça para trabalhar. Agora tenho certeza que devo estar sonhando.
Crow é uma personagem muito peculiar, a principio super anti social, um pouco arrogante e de poucas palavras, depois esse seu jeito acaba conquistando com seus “dar ombros” que só Nonie consegue traduzir e se mostra muito sentimental.
Abro um enorme sorriso e ela se recosta, aparentemente muito feliz consigo mesma. Porém, não consigo deixar de achar que simplesmente usar um dos vestidos de Crow não se compara a ensiná-la a ler ou providenciar espaço e materiais para que ela posas trabalhar. O que demonstra apenas o pouco que eu sei.
Outro personagem importante é Harry, irmão de Nonie, estudante da escola de Artes que sempre ajuda as garotas durante a história e mantém uma paixão platônica muito forte pela super modelo russa Svetlana. Há também a mãe e a avó de Nonie que entendem muito de moda e as ajudam em muitas coisas.
Quando encontro Crow, ela está sentada no chão da oficina vestida com uma jardineira velha, asas de fada e patufas, mas pega um suéter e começa a mexer numa costura. É feito de linha prateada e foi desenhado para ser usado com uma das saias de pétadas de flor.
– Experimente – ela instrui.
A forma como as roupas criadas por Crow são descritas, com tantos detalhes faz com que o leitor consiga imaginar exatamente como são os vestidos, as cores, o acabamento. Como já comentei no inicio da resenha, no desfile final, era como se eu realmente estivesse lá, passando o maior nervo torcendo para dar tudo certo e que as peças se tornassem um sucesso, não conseguia parar de ler.
O livro é um verdadeiro conto de fadas moderno, que não foca só a busca por amor e sim a realização de sonhos. Mesmo falando de moda não é fútil, muito pelo contrário, aborda temas sociais como as “Crianças Invisíveis” que são crianças como Crow que fugiam da guerra de Uganda, muitas delas não tem o mesmo sucesso e acabam sendo capturadas por guerrilhas e forçadas a participar de confrontos, como é o caso do irmão de Crow, Henry.
Edie é incrível e, se não for trabalhar nas Nações Unidas, pode ser que termine como uma santa. Graças a ela, todo mundo está falando sobre a aldeia de Crow e os meninos capturados no ataque, dois deles localizados por organizações de caridade no norte de Uganda. O engraçado é que, embora eu esteja preparada e até esperando que ela fique super convencida com a noticia, isso não acontece. Insuportável. Dois meninos reencontraram as famílias? Completamente humilde e doce. Só menciona o assunto de passagem.
Fiquei muito feliz ao saber que é uma série, aguardo ansiosamente o lançamento da continuação. Indico esse livro não só para seu publico alvo (adolescentes), mas sim para TODAS as idades, porque a narrativa é super envolvente e bem estruturada, trata de diversos temas e no final das contas, como um bom conto de fadas, dá esperança para buscarmos nossos sonhos, assim como cada uma nessa história fez. Recomendo muito!