PATI 05/06/2022Fofo!!Nonie é apenas uma adolescente de 14 anos que adora moda mas seu estilo de se vestir é um tanto exótico. Adoro seu Converse e decorá-lo com palavras em francês e fazer mudanças em suas roupas. Na verdade, não é de se estranhar essa paixão por arte, moda no geral. Sua mãe é ex-modelo e ainda tem a elegância de uma mulher que desfilou por anos em passarelas; sua avó é uma mulher refinada que aprecia roupas Dior, Yves Saint Lauren e alta-costura. Então digamos que filha de peixe, peixinha é.
Assim como Nonie tem uma vida pessoal diferente, suas melhores amigas também. Jenny é uma co-celebridade que filmou no mais novo filme “O Garoto do Código”, estrelado pelo “Casal Mais Quente de Hollywood” e Joe Yule (mais conhecido por Joe Ui ui), um adolescente com um olhar de tirar o fôlego.
Edie é um exemplo de garota em prol de um mundo melhor. Adora fazer boas ações, trabalho voluntário, tem um blog sobre a situação do mundo, está sempre pesquisando sobre problemas mundiais e não deixa de acrescentar suas boas ações no currículo para futuramente ingressar em Harvard. É, nem toda ação é tao altruísta assim, né?
Com essas meninas, Nonie está enfrentando o dilema de encontrar um vestido para o lançamento do filme em que Jenny está estrelando. Claro que nem tudo sai às mil maravilhas e a vida de Jenny está em “péssimas mãos”: a mídia.
Enquanto isso, Edie está concentrada em ajudar uma garotinha com dislexia no trabalho voluntário. Ela simplesmente não consegue ajudar a garota Crow a falar “flor”, imagine o resto? Um trabalho complicado que requer atenção total de Edie.
Mas Jenny e Nonie não estão exatamente interessadas nisso. A verdade é que a vida superficial das celebridades é muito mais interessante e as duas estão mais antenadas nos vestidos e na vida dos atores do que na dislexia de uma garotinha. Entre um smoothie e outro no V&A (Victoria And Albert Museum) – lugar preferido de Nonie – as garotas se deparam com uma garotinha que se veste com tutu e asas de fada, desenhando em frente à uma vitrine, tão concentrada que Nonie não deixa de se encantar com ela. Crow, a mesma garotinha que tem dislexia no trabalho voluntário de Edie. E é através do mundo da moda que Crow vai mexer com o mundo dessas garotas.
Percebendo o talento maravilhoso de Crow, Nonie se sente mais atraída e mais ligada à vida dessa menina que foi criada em Uganda mas foi para Londres viver com sua tia para ter melhores condições de estudos. Sua família, ainda em Uganda, vive situações precárias e fugindo de rebeldes. A vida de Crow com sua tia Florence não é das mais chiques: o apartamento é minúsculo, precário e lotado de peças simples mas bem produzidas por Crow. Assim, Nonie começa a ter várias ideias para mostrar ao mundo a criatividade desta garota de 12 anos que possui um conhecimento incrível sobre moda, adora Dior mas não sabe falar “flor”.
A partir de então a vida destas meninas vão mudar radicalmente, tornando tudo possível e deixando a magia da moda entrar no coração de todos os leitores!
Sophia Bennett apresenta em Linhas um conto de fadas, isso é incontestável. Enquanto você imagina que o livro vai trazer as difíceis barreiras que o mundo da moda apresentam ou te atacam constantemente, no mundo de Nonie é tudo muito mais simples e fácil apesar de conter alguns “problemas” de percursos, que torna o livro mais emocionante. O que é um “problemão” para Nonie, para nós meros mortais seria o impossível. O leitor tem que estar preparado para ler este livro, sabendo que tudo é mais fácil no mundo dessas meninas. Até para Crow, a garota de 12 anos que veio de Uganda, nada é complicado e nada é impossível.
O título Linhas dá a entender que o livro trata completamente sobre moda. Digamos que 96% do livro é sim, sobre moda. Costuras, marcas de roupas, estilistas, modelos, etc. Mas o legal é que o livro também envolve outros assuntos como artes (fotografia, cinema, música) e também assuntos mais sérios dentro de um mundo de fadas (como a vida de crianças em Uganda que precisam de ajuda na educação, alimentação, etc). O livro tem outros temas mas o forte, claro, é sobre moda. Mas fique tranquilo que você não vai ficar “perdidinho-da-Silva” porque não conhece um termo ou outro. Pelo contrário, Sophie toma bastante cuidado para colocar estes termos sem atrapalhar no desenvolvimento da leitura para os leigos (como eu) no assunto!
Um ponto que me encantou foi a escrita de Sophie através de Nonie. O livro se passa como um diário de Nonie, bem rápido, com anotações que a personagem considera importante. A narrativa então se passa em primeira pessoa mas o que ficou bem bolado foi o nível de escrita de Nonie. Para uma garota de 14 anos, não esperamos um vocabulário tão bom, com pitadas de ironia e seriedade como Sophie apresenta para nós. Ou isso ou estou simplesmente diminuindo as meninas dessa idade, rs. O fato é que Nonie escreve super bem e não torna a leitura infanto-juvenil, pelo contrário. Por isso que disse no começo que “quem vê capa não vê história. ;)