Nada me faltará

Nada me faltará Lourenço Mutarelli




Resenhas - Nada Me Faltará


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Camilla 15/01/2023

Intrigante!
Queria um livro de continuação, ou uma adaptação pra filme ou série! A história é extremamente intrigante, você vai ficando envolvido na trama querendo desvendar o mistério do desaparecimento dessa família, e quando as páginas acabam, você deseja saber mais. Muito bem construído!
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Juliana 26/10/2016

Camus brasileiro?
A sensação que tive, ao ler Mutarelli foi a mesma de ler Camus. Algumas pessoas se cansam de atender a convenções sociais, ou simplesmente as ignoram. Não há culpas, remorsos, ou adeus. A vida é vivida racionalmente, e sob essa perspectiva podemos tirar algumas conclusões.Se nós pudéssemos fazer tudo aquilo o que gostaríamos de fazer, como seria viver? Cada um responde a essa pergunta de um jeito, ou cria novas perguntas depois dessa.O fato é : não espere a resposta do autor, ele apenas lançou a isca.
Alê | @alexandrejjr 14/03/2022minha estante
Pô, ser comparado ao Camus não é pouca coisa, Juliana...


gabi.rodrigues. 18/05/2022minha estante
Remete Camus quanto a falta de sentido que o personagem vê a vida, um q de nilismo. O personagem é apático, frio.




May_ 27/03/2020

Retorno aos tempos que não podemos mais voltar
Acabei de ler o livro. Ainda me sinto mal. Ainda sinto esse peso no peito.
Acabei de ler, por isso, ainda não pensei tanto sobre a obra.

Mas vamos lá.

Pra mim, esse foi um livro de atmosfera. Nada acontece nele. Tirando, talvez, o final, não existe um grande ponto de trama. O que ocorre é um slice of life na vida de alguém que está em dúvida sobre a própria realidade que vive. Sobre si mesmo. Sobre os outros. Mas, para além de dúvida, existe uma atmosfera. Uma atmosfera centrada em opressão. Em cobrança. E, nossa, isso sufocante!

Paulo, o protagonista, é ao mesmo tempo alguém desprezível, uma vítima e um provável culpado. Me senti com dó de Paulo. Mas não no sentido de ''coitadismo''. Não. Me senti na pele dele. Na paranoia dele. Vendo as pessoas ao arredor duvidando. Insinuando. E, o pior, de fato dizendo.

Durante a leitura, torcia por Paulo, mas, ao mesmo tempo, nunca deixei de ter um certo desprezo a ele. E, o pior, uma certa dúvida. A paranoia dele também se aplicava a mim. Eu duvidava de Paulo e isso me fazia mal.

Mas, bem, tirando minhas emoções de lado: O livro tem algumas temáticas curiosas. A primeira (e provavelmente a mais óbvia) é a de retorno. No caso, um retorno a um origem em que a pessoa já não pode mais voltar. Um passo perdido na mera intensão de dá-lo.

Na segunda sessão com o psicólogo, Paulo fala sobre sua frustração com a depressão. Do como deixamos mais complexos coisas que, a priori, eram simples. O que ele faz, aqui, é querer um retorno as origens das bases humanas. Um retorno a uma mentalidade mais suave. Um retorno impossível, no ponto que estamos.

Paulo, ao mesmo tempo que retorna ao ''ponto de partido'' (ele volta a sua vida 1 ano antes), também está confuso. Ele retorna, mas não vive como antes. Pois viver assim é impossível. O contexto muda. Ele muda com esse contexto. Mesmo voltando ao passado, esse passado é deixado para morrer. As pessoas ao arredor de Paulo não o aceitam mais. Não o entendem, pois desejam que seja o Paulo de antes. Desejam que ele reaja como o esperado. Mas o retorno já não é mais provável.

Aqui entra outra temática: a de como somos moldados pelo externo. De como a imagem que os outros tem sobre nós faz parte de nossa identidade. Somos capazes de interpretar os sentimentos que causamos nos outros. Assim, os outros são como um espelho e nós nos vemos refletidos (algo beeem semelhante ao que Charles Cooley propunha em sua ''teoria dos espelhos'').

Para além disso, é interessante pensar que, quando nos expomos ao outro, tentamos modular, auto-afirmar ou recusar uma imagem de nós mesmos. Um exemplo bom seria o seguinte: Falo que sou triste no intuito de confirmar ou modular esse elemento de minha personalidade. Eu estou triste? Eu sou triste? O que o outro pensa disso?

Toda a pressão que Paulo sente no livro o modula. Em certo momento, ele começa a pensar que o próprio psicólogo poderia querer mudar seus pensamentos e sua forma de agir. Como se tudo fosse manipulado. E só essa impressão de manipulação já é o suficiente para deixar Paulo perdido. Para modificar Paulo por inteiro.

O livro não acontece nada. O que vemos, na verdade, é um processo de aceitação. Um processo de se entender, entender a circunstância em que está e, enfim, tentar se adaptar. Se modular. Seguir.

Mesmo dentro de um retorno, as coisas mudam.

...


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Eduardo A. A. Almeida 01/02/2011

"NEM TODO INIMIGO DE UM PARANOICO É IMAGINÁRIO"
A gente nunca vai saber, certo? Não dá para saber o que aconteceu, não dá para explicar, é aquele tipo de coisa que não faz sentido. Simplesmente acontece. O cara reaparece depois de passar um ano sumido e não se lembra de nada do que aconteceu. Ele nem percebeu que ficou um ano inteirinho fora de circulação. Desconhece o paradeiro da esposa e da filha, chegou inclusive a cogitar que elas nem existiam, que eram fruto da sua imaginação. Todo mundo achou que eles estavam mortos. Sequestrados, estuprados e enterrados, essas coisas que se acha por aí. Então, o cara reaparece e bota todo mundo para sofrer de novo. Esperança? Não, a esperança já se foi. A gente só quer uma explicação. Só que a gente nunca vai saber, certo? Não dá para saber o que aconteceu.

Essa é a premissa do livro Nada me faltará (Companhia das Letras, 2010), do paulistano Lourenço Mutarelli. Um livro em que nada se explica, muito pelo contrário: a ideia é colocar o leitor para duvidar e se angustiar.

"O que eu quero dizer é que a impressão que eu tenho é que... é como se fossem eles que, sei lá, caso isso tenha realmente acontecido, caso eu tenha ficado mesmo um ano fora do ar... Talvez eles é que de repente tenham avançado no tempo... ou coisa do tipo. Percebe a loucura disso tudo?"

Transcrevendo apenas as falas, Mutarelli obriga o leitor a criar todo o resto e a se tornar coautor da história. Porque os ambientes, as características físicas, as roupas e as expressões faciais das personagens estão ali, eu me lembro deles, apesar de não haver qualquer descrição a respeito. Ou será que tudo está em minha cabeça? É realmente uma coisa muito louca.

Incrível como um diálogo realista é suficiente para o leitor acrescentar todos os outros elementos tradicionais da narrativa. Mais ou menos como um teatro sem movimento, sendo representado no escuro, bem diante de nossos olhos fechados. Basta um locutor para fazer um espetáculo indescritível.

O cara que reapareceu do nada não dá a menor bola para a preocupação dos familiares e amigos. Para ele, foi como chegar em casa depois do trabalho, dormir e acordar na manhã seguinte. Só que, ao invés de uma noite, um ano inteiro se passou, seu apartamento foi devolvido ao locador, suas coisas foram doadas, sua rotina se perdeu. Ele não entende, eles não entendem.

O cara logo começa a ser pressionado, todo mundo precisa compreender, precisa de uma resposta lógica ou minimamente plausível para aquelas questões que não os deixam em paz.

"Ficam cobrando uma atitude exagerada de minha parte, (...) não admitem o fato de que eu esteja bem". Todos preferem achar que as meninas estão mortas, que eu as matei e sumi com os corpos. Isso explica tudo facilmente, é fácil de aceitar. Mas como posso afirmar algo em que não acredito? Eles exigem um culpado, embora eu não acredite nisso. Acredito que, como eu, elas também poderão voltar. De qualquer maneira, não importa. Só quero mesmo é ficar em paz.

É como se nada fizesse falta para ele, nem mesmo a lógica, nem mesmo os dias perdidos. "Nada me faltará", diz o título. Pois, se o fato de não saber coisa alguma lhe angustia, imagine não ter como descobri-las! É insuportável, não dá. Sendo assim, nada faz mais sentido do que encarar a vida com apatia. Nada é mais confortável.

O texto de Mutarelli é tão fluido e instigante que li tudo numa única tarde. Pode ser consequência da experiência do autor – escritor e ilustrador – no ramo dos quadrinhos. Quem assistiu ao filme O cheiro do ralo (2007), adaptação de outro livro seu, deve ter percebido o ritmo alucinante que o caracteriza.

Quanto ao Nada me faltará, eu não conseguia largá-lo. Assim como a mãe e os amigos do tal desaparecido reaparecido, eu também precisava descobrir o que se passou. Só que a gente nunca vai saber, certo? Não dá para saber o que aconteceu, não dá para explicar, é aquele tipo de coisa que não faz sentido. Simplesmente acontece.

Demais.
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mireading 11/04/2020

Esse final hein?!
O fato do livro ser só em diálogos me fez ficar muito animada e mesmo após terminar de ler ainda me sinto assim. Uma experiência bacana. Agora sobre o conteúdo do livro sinto que ainda vou passar muito tempo pensando sobre ele.
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Madalice 11/02/2011

Raiva
Foi este sentimento que o livro me causou! Caramba que raiva que esse autor é tão bom que teve a pachorra de não me contar o que aconteceu! Por mais antagônico que isto soe, eu ADOREI essa ousadia!
A resenha anterior está tão ótima que não é necessário acrescentar mais nada sobre a história!
Meu primeiro livro, de muitos, deste autor!
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Felipe.Cirino 05/04/2020

O suspense de uma leitura veloz
O livro do Mutarelli é diferente de tudo o que já li em termos de forma, visto que há somente o diálogo direto entre os personagens ao longo da história. Sem um narrador, parece que somos colocados frente aos personagens mais intimamente. Li o livro em dois dias freneticamente, sem vontade de fazer pausas, sentindo uma constante curiosidade pelo desfecho da narrativa. Confesso que me senti frustrado com o final, mas não por achar que o autor nos devesse uma certa conclusão onde toda a trama fosse desvendada, mas sim por querer continuar lendo, continuar explorando o enredo, continuar explorando mais a cronologia surreal do inquietante mistério do (des)aparecimento de Paulo. Impossível não lembrar do romance A metamorfose (Kafka) e também de Memórias do subsolo (Dostoiévski). Vale muito a pena a leitura desse suspense veloz!
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Ana Luí­za 20/04/2021

Cadê o resto?
No início causou um estranhamento pq o livro é escrito apenas por diálogos mas logo a gente identifica de quem é a fala atribuindo a forma de se expressar para cada personagem. Pra mim, esse é o grande triunfo desse livro. O autor optou por deixar um final aberto mas, no caso dessa narrativa, na minha humilde opinião, ficou aberto demais. São muitas perguntas para ficarem sem resposta. A leitura flui muito bem quando vc se acostuma com a forma da escrita e é instigante, prende o leitor. Acho que, justamente por isso, o final decepciona um pouco. Por ser uma leitura curta, recomendo pra quem tiver interesse em conhecer a forma de escrita escolhida pelo autor.
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Daniana.Bittencourt 04/09/2020

Não sei dizer se gostei...
Ao mesmo tempo que me senti tapeada, imagino várias situações que podiam ter acontecido... Não sei se gostei. Avaliei como razoável.
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Julio.Gurgel 26/03/2020

Outro abismo de Mutarelli
Mutarelli escreve de abismos. Nessa história sucinta, construída inteiramente em diálogos, um homem reaparece depois de sumir por um ano, totalmente mudado, sem lembrança alguma do que aconteceu. Um batalhão de pessoas tentarão trazê-lo de volta à ?normalidade? a fim de desvendar o mistério. A história se desenrola até que, de repente
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Lara 03/09/2021

Primeiro livro sem um narrador que eu já li. Foi uma experiência muito positiva! O enredo é completamente cativante.
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Lusia.Nicolino 23/06/2020

Um grande diálogo
Nunca direi não leia, mas nunca deixarei de dizer que não gostei de uma obra.
E não gostei de Nada me faltará. Fiquei com a sensação de estar lendo um trabalho escolar, longo.
A história começa de maneira promissora, o mote é bom, você quer saber o que houve e embala. Leitura rápida, que flui, mas é pobre em muitos sentidos.
Com um discurso direto, sem o “ortodoxismo” da pontuação e sem uso de verbos de locução, como dizem os mais jovens, você que lute para acompanhar quem está falando o que na sequência interminável do diálogo.
A história é um grande diálogo entre Carlos, Cris, Paulo, Dona Inês...
Quem desapareceu, quem apareceu, quem entendeu a situação, quem ajuda e quem atrapalha? É mais um dos títulos que foram disponibilizados gratuitamente pela dura pandemia que enfrentamos. Nesse caso, que bom que foi grátis. Um livro sem narrador, mas com muitos admiradores por aí, descubra se você é um deles ou, se como eu, leu e não suspirou.

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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