Paixão simples

Paixão simples Annie Ernaux




Resenhas - Uma Paixão Simples


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joana543 07/05/2024

O luxo de viver uma paixão
Minha primeira leitura da Anne, e já entendo o porquê dela ser um fenômeno.

Em tempos onde a escrita dos autores parece sempre entrecortada por receios de compreensão e pela necessidade de fazer números, é inebriante ler algo tão cru quanto o relato de uma paixão que a arrasou.

Sem tons pretos e brancos, a autora parece escrever com o vermelho daquelas experiências estarrecedoras que nublam nosso senso de moral e nos partem ao meio, como uma casca, para que algo primitivo assuma o controle.

Paixão Simples parece a tentativa de Anne de alinhar essa experiência e retomar algo de seu controle (o quanto for possível).
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Steffany51 06/05/2024

Que leitura sensível e acolhedora, acredito que todos deveriam ler após se ter o coração partido.
Faz você sentir-se menos sozinho e menos louco também, sinto que se tivesse lido em 2022 ele teria mudado a minha vida. Mais um livro da Annie Ernaux que fico encantada por sua escolha de palavras e suas reflexões.
Steffany51 06/05/2024minha estante
"Descobri que podemos ser capazes, ou seja, de tudo. Desejos sublimes ou mortais, ausência de dignidade, crenças e comportamentos que achava insensatos nos outros porque nunca me tinha acontecido recorrer a eles. Sem querer, ele ligou-me mais ao mundo."


Steffany51 06/05/2024minha estante
Quando eu era criança, para mim o luxo eram casacos de pel, vestidos compridos e vivendas à beira-mar. Mais tarde, pensei que fosse ter uma vida de intelectual. Agora parece-me também que é poder viver uma paixão por um homem ou por uma mulher.




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Meuri 03/05/2024

"Mais tarde, passei a achar que o luxo era ter uma vida intelectual. Agora me parece que é também a chance de viver uma paixão, por um homem ou por uma mulher."
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Martina.Marcondes 02/05/2024

Pequeno e intenso, cheio de nuances do que é viver uma paixão, que fica só na nossa memória, como um rascunho de palavras soltas, escritas na velocidade do pensamento.
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Lourena2 01/05/2024

Tá mais pra dependência do que paixão
Esse livro é incômodo em um nível que chega a ser irritante, Anne literalmente vive para quando for encontrar o cara com quem ela tem um caso! De uma falta de amor próprio absurdo, vi umas resenhas de umas pessoas falando que isso é paixão e espero nunca ter uma "paixão" dessas na minha vida sem contar em uma parte que ela diz " uma noite, me deu vontade de fazer exame para ver se eu tinha AIDS", "pelo menos isso ele teria deixado em mim." Poderia ser um livro bom pois a escrita é bastante fluida, mas essa história não me desceu.
Maria.anamariaprof 05/05/2024minha estante
Concordo com você.




Mari 30/04/2024

Annie Ernaux e sua potência em forma de escrita, sabe descrever perfeitamente como é sentir uma paixão e como essa experiência modifica a vida.
Durante a leitura, experimentei emoções diversas, primeiro achei os sentimentos e pensamentos totalmente exagerados, mas depois fui procurando em mim mesma as vezes em que me apaixonei e vi que os sentimentos narrados são de fato exacerbados, mas não menos verdadeiros e não menos transformadores.
Annie captura perfeitamente no final do livro o sentimento, que eu jamais poderia por em palavras, que sinto em relação às minhas próprias paixões passadas: se tornaram lembranças vagas e que não dizem absolutamente nada sobre os homens e sim, tudo sobre como me mudou.
Essa leitura fala sobre o poder transformador da paixão e vai ressoar profundamente em quem já um "idiota apaixonado" rs.
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Beatriz3345 29/04/2024

Retrato do entregar-se à paixão
No livro, há um relato de uma entrega forte ao sentimento da paixão. O eu lírico se permite vivenciar todas as irracionalidades e delírios provenientes do apaixonar-se. Na escrita, percebemos o quanto o cotidiano pode se tornar uma obrigação e até um fardo diante da priorização que se dá a paixão. Os pensamentos e ações diários se realizam a partir da motivação causada pelo ser que despertou o sentimento no eu-lírico. O ser passa a ser tão idealizado que, em determinado momento, já nem existe mais. Se cria uma idealização irreal a partir de um conhecido. O sentimento se esvai quando ela percebe que já não reconhece mais no amado o mesmo ser que idealiza todos os dias.
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Leandxavier 27/04/2024

Ainda bem que tem poucas páginas senão eu teria desistindo.
Não suporto mulher que só pensa em macho.
Lorrany19 10/05/2024minha estante
Melhor comentário! C ta doido o livrinho cansativo kkkkkk




Rafael Mussolini 26/04/2024

Paixão simples
"Paixão simples" da Annie Ernaux (Editora Fósforo, 2023), prêmio Nobel 2022, expõe a voracidade do ato de se apaixonar loucamente por alguém. A escrita confessional de Annie eleva o tema para um lugar muito particular, mas que consegue se conectar com boa parte dos sentimentos e impulsos de quem já se apaixonou na vida. Se a paixão já é selvagem por natureza, no caso da narrativa ela adentra por um lugar ainda mais complicado, pois nossa narradora/personagem está envolvida com um homem casado. Além de narrar toda a sua excitação e angústia diante do caso de amor, Annie Ernaux nos mostra como o processo de escrita foi fundamental para que conseguisse, minimamente, levar sua paixão para o campo da razão, não sem antes perdê-la completamente.

Uma paixão pode ser arrebatadora e causar muita dor, principalmente se olharmos para ela mais pelo viés da moralidade do que para as razões individuais e intransferíveis que podem conectar duas pessoas. Uma das facetas mais interessante da obra é que Annie não pousou no lugar da culpa e do arrependimento para narrar a história, ela apenas faz uma tentativa de dissecar esse sentimento, principalmente após o afastamento, para dar conta de colocá-lo em algum lugar que dê notícias do porque nos apaixonamos e do porquê dói tanto.

Por sorte, ela sempre teve a companhia da escrita para sublimar suas vivências. Enquanto estava envolvida com o homem, o qual ela chama de A, a escrita se mostrava um “meio de passar o tempo entre um encontro e outro”, algo que depois, com o afastamento da situação, ela perceberia que era algo maior que isso.

"Com frequência tinha a sensação de viver essa paixão como se escrevesse um livro: a mesma necessidade de executar à perfeição cada cena, o mesmo cuidado com os detalhes. E até pensava que não me importaria em morrer depois de ter ido ao limite da minha paixão - sem poder precisar o que significava “o limite” -, da mesma forma que poderia morrer depois que tivesse terminado de escrever isto em alguns meses".

O livro devassa a paixão e sua relação com o desejo. Todo o tempo a autora nos mostra, em detalhes, as situações que ela decidiu se submeter para pagar o preço daquela fantasia, para saciar aquele desejo em seu estado mais ardente. Durante os meses em que viveu com A, Annie se entregou à ânsia de seu próprio corpo à espera do corpo daquele homem: “Nessas horas, eu era apenas o tempo passando por mim”. “Passei a medir o tempo de outra forma, com todo o meu corpo”.

A certeza de toda a narrativa é de que ela estava vivendo uma paixão, e tudo o mais que acontece a partir dessa contestação é quase um ensaio sobre esse sentimento e o que damos conta de fazer quando nos deparamos com ele.

"Fico me perguntando se, na verdade, não escrevo para saber se os outros fizeram ou sentiram as mesmas coisas que eu, ou então para que achem normal senti-las. E até mesmo para que as vivam, por sua vez, sem lembrar que um dia leram em certo lugar alguma coisa sobre o assunto".

Um outro ponto que merece menção é o acesso a uma narrativa que se debruça sobre a paixão por uma visão feminina. A paixão é um tema clássico da literatura, que perpassa todos os gêneros literários e que se tornou referência de muitos escritores consagrados. Portanto, é inspirador poder ler sobre o tema sob uma outra ordem, uma outra interpretação, algo que felizmente vem acontecendo com mais frequência na literatura contemporânea.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2023/05/paixao-simples-da-annie-ernaux.html
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becksy 26/04/2024

Paixão simples ou dependência complicada?
Paixão Simples, ao meu ver e entendimento, vai lidar com as fases da dependência amorosa e emocional de uma pessoa por outra e com isso, eu digo: quem nunca?
Me vi na narradora em meus momentos de dependência emocional, onde sempre estava esperando por migalhas do outro e parando a vida pelo que a outra pessoa não poderia ou queria corresponder.
No fim, após superar essa dependência ou próximo disso, a narradora acaba cedendo uma última vez aos caprichos do outro, mas percebe que talvez o amante não era tanto assim quanto era antigamente. E é assim que nos sentimos quando superamos finalmente.
Foi uma leitura curta mas cheia de significados.
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itsesthergabi 25/04/2024

Perfeito.
Finalmente li esse livro e sim, tudo o que dizem sobre a annie é verdade. muito gostoso e fluido de ler, adorei a escrita e a forma em que ela entrega o que acredita sem censura. sensível, me fez perceber como já senti tudo o que ela sentiu, porém sem enxergar, foi como assistir uma autópsia e notar que o corpo era meu. adorei a forma que ela dissecou a obsessão da mulher por seu objeto de prazer sem medidas, apenas escrachou o seu âmago. ansiosa para ler mais livros dela.
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Amanda 23/04/2024

Finalmente li esse livro tão aclamado
Tudo que eu vi de resenha positiva sobre esse livro é real, eu gostei muito de conhecer a escrita da Annie Ernaux me prendeu do início ao fim! Com certeza lerei mais obra dela
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Gabriella.Anderson 22/04/2024

Daqueles livros que a gente não consegue parar de ler. A autora relata uma paixão ardente, por um homem a quem ela cita como "A." Todos já vivemos, ou em algum momento viveremos essa euforia da paixão avassaladora, nem que seja de maneira platônica.
O livro é curto, mas entrega tudo, contando os sentimentos da autora.
Não é o primeiro livro que leio da Annie Ernaux. Gostei muito.
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brendaminah 21/04/2024

Devorei de uma vez como tudo que já consumi da annie até hoje.
já disse uma vez e seguirei repetindo, hoje em dia poucas literaturas são tão acessíveis, democráticas e de qualidade tão inquestionável como a dessa diva.
entre todas os aspectos da prosa da autora, o que mais me cativa é a interrelação com a sociolinguística, com o ofício da escrita, do narrar e da palavra.
a meta linguística e o destrinchar da linguagem como objeto de marcador social, responsável por ditar toda a experiência do indivíduo ao decorrer de sua trajetória.
e não coincidentemente, a prosa da autora é integralmente autobiográfica, constituída por reminiscências próprias, relatos e memórias. e memória é linguagem, indiscutivelmente.
nessa obra em específico, ernaux relata o período que manteve uma relação, já mais velha e divorciada, de amor/obsessão com um homem casado. são páginas curtas, objetivas e diretas de uma descrição repleta de pura angústia, torpor e anseio pela presença desse indivíduo. ela narra, da maneira crua que lhe é característica, como seus dias e afazeres eram tomados pelo aguardo desse amante e sua vida era tomada pela divisão de tempo: ?com este homem? e ?aguardando desesperadamente por notícias deste homem?
não sei se é o comum aos leitores de annie, mas particularmente muito mais me interessa, além do objeto de narração, as estratégias e as reflexões meta linguísticas acerca do ofício da escrita e do poder da linguagem.
é brilhante, ao meu ver, a forma que ela narra a escrita não como exercício de relato, mas de repetição. de forma a permanecer no momento/ tempo do que é narrado e o uso espontâneo do pretérito imperfeito expressa justamente esse desejo inconsciente da autora de que esse tempo não cesse. exercício esse que aproxima não apenas a autora, mas o leitor do momento e do objeto da narração. isso ocorre justamente pois pouco a interessa explicar e justificar seu relato, sua história, o que não abre margens pra qualquer respaldo emocional ou até psicanalítico. prioriza-se o ?narrar pelo narrar?, nada mais.
a autora explora a escrita como ferramenta de preservação do que um dia não fará mais sentido no contexto extratextual, salvar o que o tempo leva de um relato, de uma história, significando pequenos elementos do texto que ela deseja remanescer, como o roupão do amante, por exemplo.
em determinada passagem, ao relatar a prática sexual, a autora conta que o homem não tinha familiaridade com palavras obscenas em francês, além de não ter vontade de usá-las, pois por ser estrangeiro, não se tratavam palavras carregadas de um interdito social, logo, eram tão inocentes quanto qualquer outra.
genial, não? mais uma vez a elaboração da língua e suas limitações, dessa vez no contexto amoroso das relações.
por fim, reitero que recomendo incondicionalmente a obra do fenômeno contemporâneo que é annie ernaux, merecidamente enaltecida e laureada. narra a experiência feminina, crua, completamente honesta, sem rodeios ou firulas, cada sentença perfeitamente simples, simplesmente perfeita.
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