Lavinia166
23/02/2024(se perder)Há alguns dias mergulhei nesta leitura de literatura francesa, uma autobiografia escrita por Annie Ernaux. O enredo gira em torno de sua história marcada por uma paixão avassaladora, vivenciada após um divórcio e com filhos já crescidos, por um estrangeiro casado descrito apenas como "A.". Apesar de sua narrativa concisa, a escrita é extraordinariamente expressiva, transportando-nos para o cotidiano obsessivo e apaixonado dessa mulher. A presença de "A." a faz sonhar acordada, consumindo-a de tal forma que ela se entrega completamente, revivendo incessantemente os momentos compartilhados. Chega ao ponto de negligenciar os filhos distantes, de postergar tarefas simples como tomar banho, aguardar ansiosamente por seu telefonema, e até mesmo de visualizá-lo nas ruas entre estranhos. É uma paixão que transcende sua existência, a ponto de desejar a queda do avião se já não fosse revê-lo. O enredo é marcado por uma montanha-russa emocional, onde a presença, ausência e memórias de "A." se entrelaçam, tornando-se mais intensas do que seria uma narrativa de amor, justamente por retratar um sentimento proibido. A sinceridade desta obra me encantou, pois retrata de forma crua os sentimentos mais íntimos de uma mulher, especialmente em relação a paixão: mistura loucura e desejo, um delírio cotidiano.