Manu 05/06/2024
A escritora moderna francesa tem uma escrita misteriosa e ao mesmo tempo deixa tão claro seus sentimentos e pensamentos que assusta quem lê de relance. Esse livro é aquele que uma única leitura não te basta, lêr e reler quase todas as linhas e frases se torna uma necessidade e o leitor busca devorar e entender sua escrita de tão viciante que em determinado ponto, assim como a autora se vê tão ela no outro (não por serem parecidos, mas por sua dedicação de tempo à esse) a ponto de passar para o outro lado, nos vemos tão identificadas em sua escrita que por um momento nos apossamos dessa ideia de estarmos em suas palavras.
"eu me aproximei do limite que me separava do outro, a ponto de às vezes imaginar que iria chegar do outro lado"
Esse livro trata do relacionamento feminino com um homem casado e indisponível emocionalmente, mas a mente humana e a imaginação ilusória causa a experimentação do amor de maneira radical, o mundo ao redor se limita ao espaço de tempo da autora com o homem, fazendo-a viver como uma espécie no piloto automático, assim, se vive na angústia da espera e no êxtase das ligações. Aos poucos, ela se volta com certa dificuldade para a realidade e vai passando a aceitar os fatos de que esse homem nunca se esteve para ela presente, voltando aos poucos ao caos leve do mundo, mas mesmo depois de se desprender-se dele e escrever sobre seus sentimentos chegou no momento em que ela não se vê e não se identifica mais na própria história, porém a mesma coloca o amor como um dos luxos da vida e afirma todos deveriam ter a chance de viver uma paixão.