Minha Velha Estante 10/03/2021" Era sua forma de dizer, não só para mim, mas para o mundo, lembre-se de mim. Porque no fim, é tudo que todos queremos. Não se perder, nem ficar para trás, nem ser esquecido, fazer parte para sempre dos momentos que sabemos que estaremos ausentes. Deixar a nossa marca. Sermos lembrados."
Acho que todo mundo sabe que eu, definitivamente, não sou leitora de romances. Mas as exceções estão aí, e graças a Deus por elas. P.S. eu te amo é a minha grande exceção, eu assisti ao filme inúmeras vezes e chorei em todas elas, li o livro (resenha aqui) e tenho mais da metade grifado em quotes de abalar o coração mais forte. Imagina então quando a Harper Collins divulgou a sequência???
" Passei a acreditar que, em diferentes momentos de nossa vida, somos levados a certas pessoas por diferentes motivos, sobretudo por que aquela versão de nós está ligada aquela visão delas naquele momento. Se vocês se esforçarem e seguirem em frente, podem crescer na mesma direção juntos. Às vezes, as duas pessoas se afastam, mas acredito que tem uma pessoa certa para todas as diferentes versões de você. "
Para entender o livro 2 você precisa conhecer a vida de Holly, nossa protagonista. Holly e Gerry eram o casal perfeito, se conheceram na escola e nunca se separaram, tinha um casamento amoroso e tudo ia bem até que Gerry descobriu um câncer em estágio avançado que tiraria sua vida em pouquíssimo tempo. Cruel? Sim, mas a vida é assim. Após a morte de Gerry, Holly descobre que ele deixou várias cartas que lhe são entregues mensalmente e que fazem com que o luto seja mais leve.
O Clube P.S. eu te amo se passa 6 anos após a última carta e Holly está seguindo a vida, como Gerry pediu, tem um trabalho, está tentando vender a casa onde moraram e tem um namorado incrível com quem pretende ir morar.
Tudo certo? Sim, até que ela fale sobre a sua experiência em um podcast e inspire um grupo de pessoas com doenças em estágio terminal a fundarem o Clube P.S. eu te amo e pedirem a sua ajuda para deixarem cartas aos seus entes queridos.
"Olhar para trás, voltar, não é fraqueza. Não é reabrir velhas feridas. É preciso força e coragem. É preciso que a pessoa assuma o controle de quem é para observar e julgar a pessoa que já foi. "
Narrado por Holly, o leitor vai sentir o dilema que ela vive na dúvida de ajudar essas pessoas e reviver o seu luto ou de deixá-los à própria sorte. Muito mais do que no primeiro livro, Holly se mostra como um ser humano comum, cheio de dúvidas, que sofre, que erra, que tem mágoas, mas que se esforça para ser cada dia melhor e aceita as transformações pelas quais passamos o tempo todo.
" - Mas odiar dar adeus não justifica a permanência.
- E temer dar adeus também não justifica ir embora primeiro. "
Mas porque ler um livro que eu já sei tudo o que vai acontecer? Caro leitor, te garanto que o mais importante nesses dois livros é saber como tudo isso acontece, as variáveis que influenciam cada decisão ou atitude, além de desvendar um pouco da alma humana quando se mistura amor e dor, vida e morte.
"Tudo o que se quebra ao nosso redor nos une com ainda mais força, porque não importa quão caótico o mundo seja, todos precisamos dos nossos esconderijos, ou é impossível ouvir os próprios pensamentos. Nosso esconderijo é um no outro.
Nós criamos o nosso espaço e vivemos nele."
Apesar de tratar sobre o fim da vida, a escrita da Cecelia é muito leve e sensível para tratar de temas delicados como o enfrentamento da morte, ausência e saudade. Ela consegue inserir ao longo da narrativa muitas passagens hilárias que fará com que o leitor perceba que ir também é uma forma de demonstrar amor e que cada um enfrenta a partida ao seu modo.
Mas não se engane, o livro também traz muito romance com a nova história de amor de Holly e Daniel, um verdadeiro suspiro de esperança que mostra que o período de luto não dura para sempre.
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